Os criadouros do mosquito da dengue estão muito mais presentes em casas habitadas. De acordo com a Vigilância Epidemiológica, 80% (4 em cada 5) dos criadouros com larvas do Aedes aegypti são encontrados em residências com moradores e apenas 20% estão em casas fechadas ou abandonadas.
A Secretaria de Saúde, por meio da Vigilância em Saúde, pede o apoio da população na fiscalização de suas próprias casas para evitar o acúmulo de água em recipientes que possam se tornar locais de reprodução de larvas do mosquito da dengue — que transmite, além da dengue, o vírus da zika e da chikungunya.
Os ‘vilões’ da dengue podem estar nos menores objetos, como vasos de plantas, calhas entupidas, pneus, garrafas e tampas, mas também em caixas d’água, galões e materiais inservíveis. O Aedes aegypti coloca seus ovos nas paredes de criadouros com água limpa e parada.
Somente nos 28 dias de fevereiro, as equipes de combate à dengue recolheram 21 toneladas (21.000 kg) de materiais inservíveis nas residências visitadas. São objetos e outros resíduos que não estavam sendo utilizados pelo morador e foram retirados com autorização do proprietário da casa.
“Durante todo o período da pandemia, a gente não deixou de trabalhar no combate à dengue. Os agentes continuaram atuando. Tivemos grandes dificuldades nas visitas devido à recusa das pessoas, mas não deixamos de fazer as ações educativas e campanhas. Sabemos que agora é um momento propício, com calor e chuva. A gente espera que as pessoas voltem a olhar para seus quintais, para os focos que podem estar dentro das próprias casas, para que a gente faça a remoção desses focos residenciais. O grande quantitativo está dentro das casas, por mais difícil que as pessoas possam achar, pela capacidade que o mosquito tem de se procriar em diversos locais”, explica a secretária de Saúde, Eliana Honain.
Segundo Eliana, a Prefeitura irá intensificar os ‘arrastões’ de combate à dengue e também fará a aspersão de um larvicida, reconhecido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e pela Sucen (Superintendência de Controle de Endemias), nos pontos estratégicos com maior transmissão da doença.
Além de cuidarem de suas residências, a Secretaria de Saúde e a Vigilância Epidemiológica também pedem para que os moradores permitam a entrada dos agentes de saúde para o trabalho de fiscalização e orientação.
30 mil visitas por mês
Em média, os agentes da Vigilância Epidemiológica e os agentes comunitários de saúde (do Programa de Saúde da Família) visitam 30 mil casas por mês. Em metade delas (15 mil), os agentes conseguem realizar a visita. Na outra metade, o trabalho não é concluído por falta de autorização para a entrada. As equipes inclusive fazem horário estendido (noturno) e plantões aos sábados.
Os profissionais de combate à dengue da Vigilância Epidemiológica responsáveis pelas visitas a domicílio sempre estão identificados com crachá, uniforme cinza e colete marrom, no caso dos agentes de endemias. O supervisor epidemiológico utiliza camiseta verde.
No caso dos agentes comunitários de saúde, que são moradores dos próprios bairros onde atuam, há identificação com crachá, boné azul e colete azul com brasão da Prefeitura e símbolo do SUS. Todos os profissionais que visitam as casas também utilizam máscaras no rosto para evitar a transmissão da Covid-19.
Caso a pessoa visitada ainda tenha dúvidas, pode telefonar para checar os nomes dos agentes na Vigilância em Saúde por meio dos telefones 3303-3123 e 3303-3124 (Gerência de Controle de Vetores) e 0800 774 0440 (Ouvidoria da Vigilância em Saúde) ou, então, entrar em contato com o posto de saúde do bairro (no caso dos agentes comunitários de saúde).
Atuação nas ruas
Em fevereiro, 985 quarteirões foram visitados em áreas de transmissão da dengue, com 9.143 recipientes verificados. Desses, 3.420 estavam com água parada e 783 continham larvas do Aedes aegypti.
Segundo dados da Vigilância Epidemiológica, o ano de 2022 (até o início de março) registra 562 casos confirmados de dengue.
O índice deste ano está muito aquém do registrado em 2019, quando o município enfrentou uma epidemia. Naquela oportunidade, 23.134 casos foram registrados no ano inteiro e 16.911 entre janeiro e março. Mas, está acima do registrado o ano todo de 2021.
Armadilhas
Desde 2020, Araraquara conta com uma inovação no combate à dengue, em parceria com a empresa Ecovec. Cerca de 1.000 armadilhas foram instaladas em todos os bairros do município, com autorização dos donos das residências. A armadilha simula um criadouro para a fêmea do Aedes aegypti, que é atraída para dentro e fica retida por um cartão adesivo.
Essas armadilhas são visitadas por uma equipe semanalmente. Os agentes identificam e qualificam os mosquitos e os dados são enviados para um sistema. Os vetores são enviados para um laboratório em Belo Horizonte. Depois da análise para verificar se o mosquito está contaminado, a Prefeitura recebe um aviso de quais áreas têm circulação viral para tomar as ações necessárias.
“Hoje nós sabemos onde está o mosquito. As armadilhas trouxeram para a gente uma outra referência em relação às ações a serem desenvolvidas. Estamos fazendo ações de bloqueio antes de aparecerem os casos naquela região, pois identificamos semanalmente onde estão os mosquitos por meio das armadilhas. Isso tem facilitado muito o nosso trabalho”, conclui Eliana Honain.