O músico acha que as coisas acontecem, mas tem que ficar ligado, pois na vida você nunca pode ficar desligado e nem apagar valores
Publicitário, músico e bombeiro, mas, antes de tudo Adilson Serrano é um ser raro. Pela sua generosidade, por sua serenidade e, sobretudo, por sua humanidade.
Adilson é fundador da banda Crockodilo Rock e em seu empreendedorismo musical formou várias bandas, como a Auto Risco e Madja até chegar ao nome atual, Crokodilo Rock. Adilson tem o pôster de cada uma das formações.
Até chegar ao atual nome e formação, Adilson enfrentou várias baixas. Uma hora era o contrabaixista que saia da banda e em outra o vocalista. Até o dia que decidiu que os problemas acabariam se fosse o vocalista. Assim, ele é desde a segunda formação, o contrabaixista e vocalista.
Sua primeira apresentação foi onde é o Arte e Bola Café atualmente, em um bar que se chamava ‘Bar não sei’. A sensação dessa primeira apresentação foi para ele, de vitória, pois cantar e tocar contrabaixo, parece, mas não é assim tão fácil. “A gente tem que estar no automático, pois se parar pra pensar não vai”, ri ele, acrescentando que depois pensou: puxa vida eu consigo fazer”.
Além de simplesmente tocar
Adilson ressalta que também não basta ensaiar repertório, tocar ou cantar, pois a responsabilidade vai muito além disso, pois é necessário fazer correr atrás de onde se vai tocar, fazer um meio de campo com empresários, contatos com locais de eventos, clubes, montar material promocional para divulgação, montar um site, perfil no Facebook, Instagram e administrar tudo isso. “É como se fosse uma empresa”.
A banda hoje é oficialmente formada por Mateus Rangel (guitarrista) e Carlos Tito Garcia (baterista) e Adilson Serrano (vocalista e contrabaixo) que, guardada as devidas proporções, se apresenta desde barzinhos a grandes eventos.
Ele conta que a banda lançou em 2013, o CD autoral’ Gasolina’. Em 2015, o single Circo Brasil. Em 2016 lançaram a música ‘Sempre Assim’ e em 2017 a música “Recomeçar” que para Adilson, tem um grande valor sentimental, pois envolve sua companheira e o pai da mesma. “É sobre o amor além da vida”.
E sobre a música, Adilson tem aprendido uma grande lição: a música não muda o mundo, mas ela muda as pessoas, transmite coisas boas, energia ou diversão, “De alguma forma vai agir nas pessoas, no mundo não. Por isso resolvi fazer outras coisas”.
Adilson informa que todo material da banda está no Site oficial da www.crockodilorock.com
Independente
Com 14 anos Adilson fazia o curso de torneiro mecânico no Senai e começou a trabalhar nas Meias Lupo como ajudante de manutenção. “Desde então passei a pagar as minhas coisinhas”.
Na Lupo ficou de 84 a 89. Em 1990 foi estagiário no Banco do Brasil, paralelamente fazia faculdade de administração. Posteriormente foi para o Sesi, onde ficou de 91 a 96.
Adilson chegou a ser representante de uma editora infantil de São Paulo em 98 como representante de cosméticos.
A sua experiência como vendedor na Loja Cem foi memorável e guarda boas lembranças e é grato a um dos gerentes, o Leonildo, que ajudou na sua ‘formação’ de vendedor. O ápice foi quando um cliente entrou para comprar apenas uma fita de vídeo e saiu da loja com a fita e uma televisão nova de 29 polegadas.
Chama o bombeiro
No final de 98 começou a procurar concursos para prestar, e entre vários sua mãe havia lhe trazido um que tinha para o Corpo de Bombeiros. “Eu sempre gostei, mas nunca tinha pensado em ser bombeiro. Mas decidi prestar todos os concursos. Comprei as apostilas e me dediquei. Passei em Américo, no Banco do Brasil e o Bombeiro chamou para fazer o teste físico. Eram 89 vagas para cinco mil inscritos”.
Adilson optou pelo bombeiro, mas estava preocupado, pois fazia tempo que estava enferrujado e tinha dois meses para se preparar para o teste. Deu sorte na academia que procurou, a Atletic Center, pois o dono era um sargento que pediu para um dos professores o orientar nos exercícios que deveria fazer no TAF (Teste de Aptidão Física).
Quando chegou para fazer a prova em Ribeirão Preto na Cava do Bosque, já se assustou com a quantidade de pessoas que tinha por lá. As provas eram abdominal, barra, tiro de 50 metros e corrida de 12 minutos que sempre fica para o final. “Na prova de abdominal foi tudo bem. Na barra eu quase morri, mas fiz. No tiro de 50 metros foi tudo bem. O meu problema era a resistência de 12 minutos e, embora, tenha treinado no Ginásio da Pista, o mínimo que conseguia era na rapa do tempo. Fui. A hora que apitou para eu começar a correr pedi para Jesus me acompanhar porque ia ser difícil. Minha tática foi manter um ritmo do começo ao fim sem me estressar. Ai eu via aqueles moleques passarem. Quando falta dois minutos para terminar a prova apitam de novo, ou seja, para te lembrar que você tem esse tempo para completar. Pensei: cara não vai dar. Vou enfartar, mas que se dane e aumentei o ritmo. Quando faltava duzentos metros pensei que fosse morrer, mas eu precisava passar de um ponto e fui. E minha vista turvando e ainda deu mais uns 30 segundos e eu continuei. Quando apita novamente você tem que parar aonde está. Quando parei olhei de um lado tinha o alambrado e do outro grama. Eu sentia a alma indo. Sabe quando você vai de encontro a luz? Fiquei ali não sei quantos minutos; Quando o cara que media as voltas e metros chegou perto de mim me perguntou? Você está vivo?”.
Adilson conta que tinha 30 anos e alguns meses quando prestou o TAF e considerando a sua idade havia ido muito bem na prova. “Consegui a pontuação e mais um pouco”.
Quando vou fazer o exame médico, o cardiologista escreveu que tinha algo errado com seu coração só de auscultar. Adilson questionou e disseram que tinha 30 dias para entrar com um recurso. Procurou um cardiologista de Araraquara que não encontrou nada grave que afetasse seu desempenho. Enviou o laudo.
Quando recebeu a resposta através de um telegrama que ansiosamente aguardou. Tinha sido aprovado. Ele ri contando que tinha 89 vagas e que sua colocação foi 88.
Para ele, entrar na Escola de Formação de Soldados do Corpo de Bombeiros, realizada em Jardinópolis e Ribeirão Preto, em 2000 foi um aprendizado. “Ali se quebrou todos os paradigmas que eu tinha. Foi nessa época que mudei. Eu tinha uma visão diferente do que era a polícia militar, do que era o militar. Eu conheço também a realidade fora da PM. Quando fiz a escola eu era adulto, quando terminei era homem”, conta acrescentando que consegue distinguir o que é certo do que é errado e que foi uma mudança de 360 graus em sua vida.
Em 2002 se apresentou em Matão, com um intervalo de um ano e meio em Araraquara. “Estou em Matão até hoje onde trabalho na área técnica (tudo que seja relacionado a legislação contra incêndio)”.
Mas isso não o exclui de atender, quando necessário, ocorrências externas.
Um caso de ocorrência respiratória de um bebê, entre muitas, emociona Adilson até hoje. Quando chegaram até a casa, fizeram tudo o que podiam para salvar a vida da criança. Toda a assistência relativa a socorro envolvendo Bombeiro e Resgate e hospital foi dada, mas a criança não resistiu e veio a óbito.
E a imagem daquela mãe tomada pela dor que pediu para chamar os bombeiros que atenderam a ocorrência nunca mais saiu de sua mente. Só de lembrar ele chora, pois mesmo enlutada aquela mãe os agradeceu por todo o esforço que fizeram. “A satisfação que a gente tem é quando você consegue fazer algo que diminua o sofrimento do outro”.
Um pouco de Adilson
Adilson Marcos Serrano nasceu no dia 26 de julho de 1969, na Maternidade Gota de Leite, em Araraquara. É filho de Milton Serrano e Edite Basolli Serrano, irmão de Amilton Luis Serrano e tem um relacionamento sério com Cris Campani.
Seu reduto sempre foi a Vila Xavier, cenário de uma infância muito feliz, apesar das dificuldades da época. Sempre rodeado de muitos amigos. Lembra com saudade que tinha uma rotina: todo dia depois da escola e do almoço jogar futebol no campinho. Às 13h30 cravado estava todo mundo a postos. Foram muitos dedos machucados e joelhos ralados.
Adilson fala com alegria que ali foram formadas amizades para a vida toda e lições aprendidas. Tanto que se recorda que num desses jogos, ele e um dos colegas, o Vlademir, começaram a brigar, até que teve uma hora que um olhou para a cara do outro e perguntou: nós estamos brigando por quê? Não sei! Ah, então vamos jogar bola! Então, a lição de que é melhor brincar do que brigar foi muito importante.
E foi nessa época em que estudava no Antonio Lourenço Correa que ele é uns amigos resolveram montar um conjunto para imitar o Kiss. “Lembro que em 1983 o Kiss veio para o Brasil pela primeira vez e que a Globo fez a seleção de alguns momentos do show. Quando eu vi me lembro que pensei: gente o que que é isso? Fiquei alucinado.
Depois um amigo o convidou para montar um grupo para imitar o Kiss. Eles faziam de conta que tocavam. Todos os instrumentos foram fabricados por eles: a guitarra foi moldada na serra tico tico, as cordas eram de naylon de pescar, as baterias montadas com lata de tinta de papelão que tinham vários tamanhos, como pequeno, médio e grande., onde as grandes funcionavam como bumbo, as menores os tons de cima, enfim , montaram a bateria inteira.
O show que Adilson e seus amigos fizeram no ‘Antônio Lourenço’ foi épico, com direito até a imitação do cenário do canhão da banda. E com a plateia lotada, os meninos arrasaram na performance e na dublagem. “Foi ai que surgiu o meu interesse por música”, conta Adilson, acrescentando que todos os adolescentes que participaram da banda são seus amigos até hoje, mas que ele, embora atue em outras atividades, foi o único que escolheu a música.
A partir da criação dessa banda adolescente foi que Adilson começou a se dedicar, a ter mais interesse pela área musical. Assim foi ter aulas de violão, mas a maioria das coisas aprendeu mesmo na raça, utilizando, por exemplo as revistinhas com aulas de violão. Também passou pela Opus e com professores como o fantástico músico Fabiano Marquezine e Felipinho da Casinha Musical com quem teve aulas de contrabaixo.