O último dia do FIDA – Festival Internacional de Dança de Araraquara será marcado pela pauta indígena, com debates contra o Marco Temporal, tese que demarca as terras indígenas do país. Duas lives com lideranças indígenas serão realizadas a partir das 18 horas, incluindo a participação do pensador e filósofo Ailton Krenak.
Os líderes indígenas Tiago Nhandewa e David Terena participam da primeira live do programa: “Cosmogonias indígenas – FIDA na luta com os povos indígenas contra o Marco Temporal”, às 18 horas, com mediação de Rosana Silva; na sequência, o festival recebe Ailton Krenak, às 19 horas, para a live “Cosmopercepções Culturais sobre a Importância de Dançar e Cantar para Sustentar o Céu”, com mediação da curadora do FIDA, Gilsamara Moura.
Esta programação do último dia, também chamada de “FIDA contra o Marco Temporal”, traz mesas de pensamentos que se associam, porque trazem lideranças indígenas “para termos a consciência de que não estamos separados dessa luta. O território brasileiro é um território indígena. Por que tivemos essa separação? Aprendemos de forma preconceituosa a nossa própria história. Esses líderes trarão as suas próprias lutas, mas a dança e o canto desses povos, são fundamentais para nós que fazemos dança na contemporaneidade”, alerta Gilsamara.
Após as mesas haverá a exibição do vídeo performance “Mãos Talhadas” – um filme de Aline Fátima e direção de fotografia de Paulo César Lima. Geraldo Gonçalves Viana é um artista escultor de madeira mineiro que há anos trabalha e expõe seus trabalhos na Av. Paulista, ao lado do Masp. Apesar de suas notórias habilidade e estética, e de permanecer ao lado (de fora) de um dos maiores museus de arte do país, Geraldo vive em uma barraca, ali mesmo.
Cosmogonias indígenas – Apesar de a Constituição Federal de 1988 representar uma mudança de paradigma na forma como as questões indígenas são debatidas, adotando uma postura de respeito à identidade cultural desses povos e ao direito originário sobre as terras que tradicionalmente ocupam, 30 anos depois eles continuam sofrendo ameaças. É a questão em jogo com o Marco Temporal em busca da demarcação das terras indígenas. A live contará com a participação de: Tiago Nhandewa e David Terena, sob a mediação da cientista social Rosana Silva.
Tiago Nhandewa é da etnia Guarani-Nhandewa e reside na Aldeia Tereguá. Formado em Pedagogia Intercultural pela USP, Pedagogia convencional e Especialização em Antropologia pela UNISAGRADO, Mestrando em Antropologia Social pelo PPGAS da USP e Pesquisador do Centro de estudos Ameríndios (CEstA) também da USP.
Além de conselheiro de Cultura Municipal, Nhandewa é membro do Fórum de Articulação dos Professores Indígenas do Estado de São Paulo e autor do livro: “Quando eu caçava Tatu e outros bichos”, além da participação em sete livros de autoria coletiva.
Já David Terena, 34 anos, é formado pelo Magistério Superior Indígena pela USP, cursando Pedagogia. Atualmente é professor coordenador da Escola Estadual Indígena Aldeia Ekeruá e gestor cultural da Associação da Aldeia.
A responsável pela mediação do encontro será a cientista social Rosana Silva, Mestre em Sociologia, atriz e ativista. Rosana também é criadora da Educação Terrana, um método de arte-educação inspirado nas artes e culturas dos povos originários e das narrativas orientais.
Cosmopercepções culturais – O escritor brasileiro Ailton Krenak (MG) é o destaque da live “Cosmopercepções Culturais sobre a Importância de Dançar e Cantar para Sustentar o Céu”, a partir das 19 horas. O ano passado, Krenak também marcou presença na programação do FIDA.
Ailton Krenak é escritor da região do médio Rio Doce, Minas Gerais, e ativista indígena dos direitos humanos que liderou a luta pelos princípios inscritos na Constituição Federal do Brasil, em 1987, no contexto das discussões da Assembleia Constituinte.
Krenak fundou e dirige o Núcleo de Cultura Indígena e foi idealizador da mostra de cinema indígena ALDEIA SP- Bienal de Cinema Indígena, em 2014; inaugurou a Mostra AMERINDIA- Cinema Indígena Contemporâneo em Lisboa, em 2019. Vale destacar que desde abril de 2018 integra a equipe do Núcleo Criativo de Cinema de Indígena – como roteirista convidado.
Ainda, Krenak recebeu diversos prêmios, destacando-se o Prêmio Internacional de Direitos Humanos para a América Latina e Grã-Cruz da Ordem do Mérito Cultural do Brasil. É autor das obras: “Ideias para adiar o fim do mundo” (2019), “O amanhã não está à venda” (2020), “A vida não é útil” (2020) e “Encontros – Ailton Krenak” (2015).
Toda a programação do FIDA 2021 é gratuita e pode ser acompanhada pelo site da Prefeitura de Araraquara: www.araraquara.sp.gov.br/fida2021.