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Araraquara corre o risco de perder patrimônio histórico ferroviário

As quatro composições que representam o último pedaço remanescente da história da ferrovia araraquarense correm o risco de desaparecer. A notícia caiu como uma bomba no gabinete do vereador Elias Chediek (MDB), após ser comunicado pela gerente de Preservação de Patrimônio Histórico, Alessandra de Lima, que a Prefeitura recebeu do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) uma carta informando a intenção de cancelar um Termo de Compromisso que a instituição firmou com o Executivo.

O Termo de Compromisso garante que as duas locomotivas e os dois carros em questão não sejam considerados sucatas e destruídos pelo DNIT. Se for revogado, poderão ser “picados”, como se chama a demolição no ambiente ferroviário. “A justificativa apresentada é a não retirada dos veículos pela Prefeitura até o momento”, explica o vereador Elias Chediek, que lidera a batalha pela preservação do patrimônio ferroviário da cidade há quase 20 anos. “É um absurdo! A cidade não vai aceitar essa destruição da sua história”, indigna-se.

O consultor ferroviário Geraldo Virgilio Godoy, da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), explica que os exemplares têm um valor histórico inestimável: “A locomotiva GM 7005 modelo GP-9 da EFA, que já está tombada, fez a viagem inaugural da bitola larga da Araraquarense, quando o trem passou de tração a vapor para o diesel. O carro de passageiros FC 3034, da EFA e também tombado, foi o último carro de passageiros fabricado nas oficinas da EFA em Araraquara. A locomotiva elétrica GE tipo V8 6377, da Cia Paulista, fazia as viagens entre São Paulo e Araraquara. E o carro-dormitório em aço carbono QC 3620, também da Cia Paulista, encomendado à Middletown Car Company, da Pensilvânia, é o último remanescente da Paulista”.

“A Prefeitura já está em negociação com a Rumo Logística há muito tempo para realocar o material, pois não existe linha para deslocar esses veículos. A empresa está estudando os meios e o material necessário para viabilizar a remoção”, explica Chediek. “O DNIT nos surpreendeu com essa notícia bem no meio dos trabalhos.”

A gerente Alessandra de Lima explica que a preservação das composições faz parte do projeto “Memória Ferroviária de Araraquara”, que tem quatro fases. “Estamos na primeira fase, já protocolada na Prefeitura. Os trens não estão abandonados. Estamos providenciando com urgência uma resposta ao DNIT para evitar esse fato grave”, informa.

“Quando a Fepasa fechou, o processo foi muito rápido e muito acervo histórico se perdeu. Seria um absurdo deixar acontecer o mesmo com esses veículos. A cidade exige que eles permaneçam no seu acervo ferroviário”, enfatiza Chediek.

Redação

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