Hamilton Mendes – Colaboração
A história da cidade começou a mudar realmente quando a ferrovia chegou.
Tudo começou quando o Conde do Pinhal, que fora presidente da Câmara Municipal de Araraquara em 1857, período em que São Carlos ainda fazia parte do território da Morada do Sol, adquiriu os direitos da Cia. Rio Clarense de Estradas de Ferro.
Filho de Antônio Carlos de Arruda Botelho, primeiro presidente da Poder Legislativo araraquarense (1833), e proprietário da Sesmaria do Pinhal, onde depois nasceu São Carlos, o Conde do Pinhal, que já estava radicado na vizinha cidade, levou os trilhos até lá e vendeu cotas da Cia para lideres araraquarenses, o que possibilitou a chegada dos trilhos por aqui.
Um ano depois, em 6 de novembro de 1886, o próprio Imperador D. Pedro II visitou Araraquara, o que dá uma boa ideia da influência e da força política dos líderes de então.
Em 1896, por iniciativa de Carlos Baptista Magalhães, nasce a Estrada de Ferro Araraquara (EFA), e ramais dos trilhos foram levados para dentro das fazendas locais, o que facilitou sobremaneira o escoamento de toda a produção, que saia daqui diretamente para a capital ou para o Porto de Santos.
Araraquara passou a ser a maior exportadora de café do Brasil. Isso, no período em que a economia do país era totalmente dependente da fruta. Não havia região mais pujante e forte política e economicamente do que a nossa.
E o crescimento da EFA foi absurdo, mesmo para os padrões atuais.
Criada em 1896, seus trilhos chegaram a “Ribeirãozinho”, hoje Taquaritinga, no mesmo ano. Em 1906 os trilhos já estavam em São José do Rio Preto e em 1920, venceram os limites daquela cidade e contavam com 432 1quilômetros de linha.
Em 1939, sob intervenção do governador Ademar de Barros, a EFA passou por Mirassol e chegou às divisas do Mato Grosso, depois de um longo trabalho de desapropriação de terras realizado por determinação do governo estadual, pelo seu secretário Geral, Trifônio Guimarães.
Administrada em Araraquara, para onde se deslocavam a maior parte de seus colaboradores, os braços da EFA fundaram inúmeras cidades da chamada Alta Araraquarense, e a companhia chegou a ter 5 mil funcionários.
Imagens:
Nas imagens vê-se os pavilhões das oficinas da Estrada de Ferro Araraquara em foto de 1971. Trata-se dos mesmos pavilhões adquiridos pela Prefeitura de Araraquara junto ao Governo do Estado, que passaram a ser conhecidos como “Pavilhões da Facira”, e onde se construiu o maravilhoso Centro Internacional de eventos de Araraquara (CEAR), e o Centro Esportivo Prefeito Waldemar De Santi. O local foi anexado ao Gigantão e a Arena da Fonte, estádio Olegário Bazani Filho pela Prefeitura, e foi cedido a iniciativa privada recentemente, devendo tornar-se um grande Centro de Esportes, Eventos e Turismo de Negócios, incrementando ainda mais a economia da cidade e levando Araraquara a um novo e próspero momento