Morreu aos 62 anos, neste sábado (16), o poeta e músico Rogério Noia da Cruz. O motivo do falecimento não foi informado.
Quem foi Rogério
Rogério Noia da Cruz nasceu em São Paulo (SP), em 9 de outubro de 1963, porém passou sua infância, até os 5 anos, na cidade de Água Branca, sertão de Alagoas, onde travou seus primeiros contatos com a poesia ouvindo os cantadores, repentistas e poetas de cordel que frequentavam a cidade.
Em 1968, sua família decide morar em São Paulo. O choque entre a vida no sertão e a imensa metrópole acaba por influenciar o pequeno poeta em suas futuras composições. No final da década de 1970, ele conhece o também poeta e compositor Pedro Paulo Zavagli, o Spiga, com quem passa a conviver na boêmia paulista. Nessa época, conhece vários intelectuais e artistas que influenciaram sua obra, entre eles Paulo Vanzolini, Jorge Costa, Zé Keti, Carlinhos Vergueiro e o artista plástico Alderico de Freitas.
Em 1981, Noia muda-se para Paranaguá, litoral paranaense, onde trabalha como técnico de controle de qualidade em uma empresa de construção de plataformas marítimas. Entretanto, a saudade da noite paulistana o traz de volta à Terra da Garoa. Em seu retorno, Noia vem cheio de novas ideias e projetos, alimentados pelos sonhos de poeta.
Ele ingressa na Faculdade de Letras da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP); lança o primeiro livro, “Fato ato feito”, em 1982; funda e preside por quatro anos o Grupo Artístico e Cultural Vinicius de Moraes, editando cinco antologias poéticas resultantes de concursos literários em parceria com o Sesc-SP; filia-se à União Brasileira de Escritores; e intensifica sua produção poética, lançando em 1983 mais um livro, o “Círculo Contínuo”, que recebeu muito boa aceitação pela crítica e pelo público.
Em 1990, edita a coletânea “Poeta e Poesia”, de poemas escolhidos de obras anteriores e poemas inéditos. De 1990 a 2003, há um hiato em sua trajetória literária devido a mudanças em sua vida, retornando então com o livro “Vida Versada em Samba e Soneto”, que traz capa de Elifas Andreato e prefácio de Milton de Godoy Campos.
O poeta, a partir de então, passa a compor poemas para serem musicados, tendo nove deles gravados no CD “Banana Creola”, em parceria com Pedro Paulo Zavagli e Paulo Muniz.
Noia monta o bar Cervejaria Tradição, no bairro de Pinheiros, em 1994, onde havia semanalmente shows de MPB, na tentativa de obter sustento e, ao mesmo tempo, estar ligado à boêmia e ao meio artístico e intelectual. A empreitada – apesar dos esforços de amigos, como o sambista e compositor Zé Keti, Carmen Queiroz, Inezita Barroso, Filó Machado e muitos outros que iam para dar shows ou para dar só uma “canja” na madrugada –, não deu certo e mais uma vez a saída foi continuar no comércio de produtos químicos.
Em 2007, surge mais um livro, “Girassol”, e em seguida, em 2009, começam as gravações do CD “Pequeno Ensaio de um Poeta em Construção”, em que assina as letras sozinho e grava com parceiros como Eduardo Gudin, Ibys Maceioh e Teroca, entre outros, e participações de grandes músicos e intérpretes, entre eles, Dominguinhos, Renato Teixeira, Silvinho Mazzucca, Osvaldinho da Cuíca, Carmen Queiroz, Dona Inah e Sérgio Turcão.
Em 2011, participa do CD “Fulanos, beltranos, sicranos”, da cantora Sandra Nunes, compondo uma das faixas, a de número 12, com o samba “Poeta das Vilas”, em homenagem ao poeta araraquarense José Roberto Telarolli. Este samba deu origem ao projeto “Poeta das Vilas”, que foi executado em agosto de 2013, com o lançamento de CD de mesmo título, exposição e show em homenagem ao sambista da Vila Xavier, tendo sido Rogério Noia o idealizador e produtor do evento.
Já a ligação do poeta, músico e compositor com Araraquara vem de muito tempo. Após conhecer o poeta Spiga, em 1978, Noia passou a frequentar a cidade nos últimos 36 anos e a morar nos últimos anos, fazendo grandes amigos e parceiros na Morada do Sol, como a cantora Silvinha Haddad; o compositor e parceiro Teroca; o jornalista e escritor José Carlos Magdalena; o jornalista Luís Zakaib, com quem viajou para Cuba em companhia do mestre Osvaldinho da Cuíca, participando do documentário “A Revolução da Cuíca”; a comunidade nipo-brasileira em Araraquara; e moradores da Vila Xavier.
Em 2014, o poeta lançou mais dois livros – “Poemas Reunidos – 30 Anos”, que tem também sua versão em espanhol, e “Luzes & Letras”, poemas e fotografias, além do CD “Dois Seres”, com músicas inéditas de sua autoria e com parceiros.
Velório e sepultamento
O velório será realizado a casa funerária Micelli, com início às 13h, encerramento as 1545h, sai da sala 16h e o sepultamento às 1630h no Cemitério dos Britos.