Início Araraquara Artista da Dança de Moçambique apresenta solo no Museu Ferroviário

Artista da Dança de Moçambique apresenta solo no Museu Ferroviário

Espetáculo “CHISSANO - rito para Mabungulane” é gratuito e está na programação da “Noite Insolente” do FIDA – Festival Internacional de Dança de Araraquara, nesta sexta (30)

O artista da Dança, Jorge Ndlozy, é um dos destaques da “Noite Insolente” nesta sexta, 30 de setembro, no encerramento da programação do FIDA – Festival Internacional de Dança de Araraquara. A “Noite Insolente” tem início às 19 horas no Museu Ferroviário Francisco Aureliano de Araújo, com entrada gratuita a todos os interessados.

A confraternização reunirá diversas atividades, com performances, capoeira, música e feira de artesanato e gastronomia. A programação do FIDA 2022, realizada pela Secretaria Municipal da Cultura e Fundart, com apoio do Sesc Araraquara e FCL-Unesp Araraquara, começou no último dia 21 de setembro, tendo como proposta temática: “Quando Insolentes Dançam…”, com toda a programação gratuita.

“Chissano – rito para Mabungulane” – Um dos destaques da noite é a apresentação do moçambicano Jorge Ndlozy, da Taanteatro Companhia, com o solo “Chissano – rito para Mabungulane”, em uma concepção de Wolfgang Pannek e Jorge Ndlozy.

Situado na interseção entre dança e escultura, “Chissano – rito para Mabungulane” é um solo coreográfico inspirado pela vida-obra do mais influente escultor de Moçambique, Alberto Mabungulane Chissano (1935 – 1994).

A obra de Chissano, criada durante a década da Guerra de Independência de Moçambique (1964 a 1974) e durante a Guerra Civil (1975 a 1992), reflete a luta, o sofrimento e as realizações de seu povo.

Chissano – De acordo com a Revista Arte da Cena (v.7, n.2, ago-dez/2021), ao lado do pintor Malangatana Ngwenya, Chissano é considerado o mais influente artista de Moçambique. Nasceu em 1935 na provincia de Gaza e passou sua infância como pastor de cabras. Por praticar ngalanga, dança tradicional chopi do sul moçambicano, foi expulso da escola missionária. Conheceu os ritos tradicionais e as práticas curandeiras guiado pela avó materna.

Aos doze anos, em Lourenço Marques (hoje Maputo), virou operário doméstico. Seis anos depois trabalhou nas minas de ouro na África do Sul. Retornou a Moçambique em 1956 para prestar o serviço militar obrigatório nas forças armadas coloniais portuguesas.

Sua atuação como servente na Associação Núcleo de Arte preparou sua transição ao Museu Álvaro de Castro onde estudou taxidermia e escultura.

Chissano realizou sua primeira exposição na capital em 1964. Sua obra ganhou reconhecimento nacional e internacional durante a década da Guerra de Independência de Moçambique (1964 a 1974) e durante a Guerra Civil (1975 a 1992). Em 1982, foi condecorado pelo governo moçambicano com a Medalha Nachingwea por mérito extraordinário.

As esculturas de Chissano retratam, sobretudo em madeira, as lutas, o sofrimento e a vitalidade do povo moçambicano. Uma parte representativa de sua obra encontra-se hoje no Museu Galeria Chissano.

A casa da família de Jorge Ndlozy na Matola, situada à Rua Escultor Chissano, fica na vizinhança imediata do museu que serve, além de abrigar o acervo, como residência dos descendentes do artista.

As relações entre as famílias incluem não somente a convivência no mesmo bairro, mas também o encontro artístico. Sebastião Armando Jonze Ndlozy, o Em Wolfgang Pannek – A África no Taanteatro.

Jorge Ndlozy – Jorge Armando Ndlozy é um dançarino de Moçambique formado em dança tradicional e contemporânea. Toca a timbila, instrumento tradicional moçambicano declarado patrimônio oral e imaterial da humanidade pela ONU, e diversos tambores.

Estudou com coreógrafos internacionais como George Kumalu, Thomas Auers, David e Máte Zamborano, Boy Zei Tsekuana, Daisy Renzy, Sofisso, Kudos, Francesco Camacho e Luis Filipe e aprimorou sua formação em residências na Culturarte Moçambique, na escola PARTS (Bélgica) e no Mark Theater (África do Sul).

Integrou as companhias Cultuarte, Tingoma to Tsamba, Nhacatandewa e, durante 14 anos, a Companhia Municipal de Canto e Dança da Matola. Nesses grupos atuou também como professor, além de aplicar seu conhecimento em dança em projetos dirigidos a pessoas com necessidades especiais.

Como coreógrafo criou obras como Falando de mim, Em camadas, Dois por um, O Peixe, entre outros. Apresentou seu trabalho em festivais e projetos da África do Sul, Alemanha, Bélgica, França, Líbia, Madagascar, Nigeria, Portugal, Swazilândia e Tunísia.

Sob direção de Maura Baiocchi atuou em Xiphamanine – lugar do eterno originar da árvore mphma por ocasião do intercâmbio cultural Matola-Brasil. Atualmente, como convidado da Taanteatro Companhia, participa de 1001 Platôs, espetáculo que integra o projeto Taanteatro 25 Anos contemplado pelo Programa Municipal de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo.

Participa também do projeto de cinema Antonin Artaud’s The Theatre and the Plague (2020), dirigido por Wolfgang Pannek.

Neste ano, Jorge tem uma atuação presente no Brasil, com a apresentação de CHISSANO – rito para Mabungulane e Hamlet em Necropolis no Complexo Cultural Funarte São Paulo. Além disso, integra também o time de curadoria do 2o Festival Internacional de Ecoperformance, ministra oficina no Centro de Referência de São Paulo (CRDSP).

Ainda, no Brasil, irá apresentar Mensagens de Moçambique na Bienal de Dança do Ceará e participará com Chissano do FUGA, da UFG em Goiânia, também foi convidado para apresentar Chissano devido ao Dia Nacional da Consciência Negra, no CRDSP.

Redação

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