Início Araraquara Asilo São Francisco Araraquara celebra 105 anos de história

Asilo São Francisco Araraquara celebra 105 anos de história

Instituição disponibiliza hoje 144 leitos, sendo 108 destinados a idosos em situação de fragilidade social

Na tarde de 21 de janeiro de 1917, no Cine Teatro Polytheama, na Rua Nove de Julho, onde depois funcionaram os cines Odeon e Veneza, proprietários rurais, lavradores, negociantes, enfim, representantes de diversos estratos sociais, reuniram-se para fundar o então Asilo de Mendicidade de Araraquara, hoje Asilo São Francisco Araraquara, denominado em estatuto Lar São Francisco de Assis.

Conta a história da instituição que o Major Tito Augusto Cabral liderou o asilo em seus primórdios, com “a finalidade de internar, proteger, vestir e sustentar, gratuitamente, pessoas de ambos os sexos, sem distinção de raça, cor ou religião, com idade igual ou superior a 60 anos que fossem desprovidas de recursos, sem amparo familiar e incapazes para o trabalho”. A filantropia está na origem do Asilo São Francisco Araraquara.

O primeiro prédio, que certamente muitos ainda têm na memória, na Avenida Dom Pedro II, em frente ao antigo Estádio Municipal e ao Clube Araraquarense, seria inaugurado em 21 de junho de 1922. Em 2004, o asilo passou a funcionar no endereço atual, na Rua Gavião Peixoto, nº 472, no Quitandinha.

O presidente do Asilo São Francisco Araraquara, Antônio Deliza Neto, ressalta que a instituição é uma obra histórica da sociedade de Araraquara, feita por representantes de instituições, empresas e cidadãos.

“O asilo hoje é uma entidade com bastante maturidade, que expressa todo o esforço da sociedade local e regional, de membros de diretorias anteriores, de todo o corpo funcional do passado e atual, das irmãs, ao longo de todos esses anos, para acolher os idosos e idosas carentes ou com outros tipos de dificuldade”, reflete Deliza, destacando a continuidade do propósito iniciado no século passado. “É um orgulho muito grande para Araraquara ter uma entidade centenária tão admirável”, afirma.

Ele diz que a instituição sempre enfrentou diversos desafios, como é o caso agora, com a pandemia de Covid-19, pois os idosos são considerados grupo de risco para o agravamento da doença.

 “Temos desde o início da pandemia [março de 2020] nos empenhado para mantermos a máxima proteção possível não só aos idosos e idosas mas também à equipe de saúde, aos demais colaboradores e às irmãs”, comenta.

Presente

“Apesar da pandemia, e os consequentes problemas sanitários, econômicos, sociais e psicológicos, é um momento de celebração, sim”, avalia a terapeuta ocupacional Cristiane Aparecida Gomes. “A velhice é uma das fases mais importantes da vida”, assevera. “Que nestes tempos de pandemia requer mais alguns cuidados”, completa.

O conselheiro administrativo Hélio Paiva diz que o Asilo São Francisco Araraquara disponibiliza hoje 144 leitos, sendo 108 destinados a idosos em situação de fragilidade social, conforme o Estatuto do Idoso, em regime de benemerência, ou seja, sem custos aos internos.

“O grande diferencial do asilo é o acolhimento de idosos e idosas enquadrados como graus II e III na classificação da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], são pessoas com necessidades especiais: cadeirantes, acamados, acometidos de Mal de Parkinson e outras sequelas decorrentes do envelhecimento”, considera Paiva.

Ele explica que para atender às exigências de qualidade de autoridades que fiscalizam o asilo – Promotoria do Idoso, Vigilância Sanitária, Conselho Regional de Enfermagem (Coren), Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Crefito), Conselho Regional de Nutricionistas (CRN), Conselho Regional de Farmácia (CRF) –, a instituição precisa manter equipes técnicas multidisciplinares com muitos integrantes.

“A operação é bastante ampla e complexa, envolve muita gente, em diversas áreas: administrativo, lavanderia, limpeza, cozinha e cuidados com os idosos e idosas, com profissionais especializados: enfermagem, técnicos de enfermagem, fisioterapia, terapia ocupacional, psicologia, assistência social, nutrição e farmácia”, elenca. “É fundamental também a participação das instituições de ensino com as quais o asilo mantém convênios de estágio, ajudando na formação e qualificação de novos profissionais, para os cuidados geriátricos”, adiciona Paiva.

Futuro

O conselheiro lembra ainda que as atividades ininterruptas, além de principalmente profissionais, demandam insumos, como produtos de limpeza, itens de higiene pessoal e alimentos. “Não tem final de semana, feriado. O atendimento é feito sete dias por semana, 24 horas por dia”, fala Paiva. “Por isso as doações da sociedade, em gêneros, dinheiro e até tempo, é que agora há restrições por causa da pandemia, são tão importantes. E o asilo sempre teve esse apoio”, comenta.

Nessa mesma linha de ininterrupção, a terapeuta ocupacional Cristiane observa que a terminologia “lar” diz respeito justamente à classificação da instituição como de longa permanência para idosos. “O profissionalismo no atendimento e as doações dos araraquarenses são extremamente valiosos para que o lar continue sendo referência no acolhimento e na prestação de cuidados, com ética, respeito e carinho”, avalia.

Deliza observa que com o aumento da expectativa de vida ao nascer no Brasil – desde 1940, a esperança de vida aumentou 31,1 anos em relação a 2019, segundo o IBGE –, uma instituição como o Asilo São Francisco Araraquara passa a ter um papel social ainda mais relevante. “E ela criou uma expertise, uma cultura no atendimento de qualidade. Agradeço a toda a população e peço que as instituições, empresas e as pessoas continuem contribuindo para que o asilo possa prosseguir ofertando acolhimento, conforto, saúde e alegria aos nossos idosos e idosas, é isso que eles e elas precisam”, diz.

Redação

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