Adriel Manente
Na noite dessa segunda-feira (22) foi realizada uma audiência pública na Câmara Municipal, que discutiu o programa de habitação popular municipal, que prevê a doação de lotes para famílias carentes de Araraquara. Ao todo, o programa deve destinar R$ 16 milhões em áreas de lotes inutilizados para famílias cadastradas na Coordenadoria de Habitação. Os lotes doados terão até 125 metros quadrados – sendo cinco de frente e vinte e cinco de fundos. No total, são cerca de 12.500 lotes que farão parte do programa. Moldes parecidos com o programa “Minha casa, minha vida”, do governo federal. Porém, a discussão entre munícipes e vereadores foi muito pouco conclusiva. Isso porque, na maior parte do tempo da sessão, o confronto de ideologias de direita e esquerda prevaleceu.
Conflito de ideologias
Por um lado, a direita, representada pelo membro do movimento Direita São Paulo – Araraquara e assessor do deputado estadual Douglas Garcia (PSL), Rodrigo Ribeiro, não se manifestou totalmente contra o projeto, mas fez ressalvas e chegou a dizer que depois da construção de novos núcleos habitacionais na região do Selmi Dei, a criminalidade aumentou. O assessor parlamentar, foi interrompido e vaiado por diversas vezes em seu discurso e, ao final, disse que “sempre alguém paga a conta”.
Já para o publicitário Theo Bratfisch, outro ponto a se ponderar é o fato de fazer moradias que se considerem favelas. “Por que pobre tem que morar em favela? Programa habitacional honesto proporciona moradia digna”, relatou. Segundo ele, o projeto se trata de um programa eleitoreiro do PT para implantar favelas urbanizadas em Araraquara que vai custar R$ 250 milhões aos contribuintes municipais que pagam o IPTU, considerando-se o subsídio de R$ 20 mil para cada um dos 12.500 lotes.
Engolido pelo povo
Por outro lado, a esquerda, representada pela maioria dos que acompanhavam a sessão e que militam a favor do programa proposto pelo governo municipal, reivindicavam que o projeto seja aprovado no legislativo. Segundo o motoboy que pediu a palavra, Sérgio Luiz de Oliveira, de 35 anos, a ideia passada por quem é contra de que a doação das áreas pode criar possíveis favelas na cidade é discurso para poucos privilegiados. “Quem votar contra o projeto está votando contra a população, daqui dois anos vocês vão pedir voto. Ganham R$ 8 mil para ficarem sentados em uma cadeira e deixam a população cada vez mais necessitada. Nosso imposto a gente paga e se for favela, vai ser a nossa favela, a nossa moradia”, disse.
Para Amanda Vizoná, assessora de comunicação do PT, o povo mostrou sua força. De acordo com ela, o PSL de Araraquara se forja usando a voz do povo, mas na verdade não aguenta cinco minutos de debate com quem é do povo. “Foram engolidos pela multidão que exigia seu direito de moradia”, comentou Vizoná, que se disse muito feliz, “não tinha uma noite como a de ontem há anos”, concluiu.