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Bird Clemente: Brasil perde um de seus maiores pilotos, e ele correu em Araraquara

Primeiro piloto profissional da história no Brasil, Bird Clemente morreu na última segunda-feira aos 85 anos. Bird correu duas vezes em Araraquara, nos anos de 1962 e 63, durante o I e o II Circuitos Automobilísticos da cidade, realizados na Avenida Bento de Abreu

Hamilton Mendes – Colaboração

Considerado por Emerson Fittipaldi, dentre outros expoentes do automobilismo brasileiro como o melhor piloto já formado no país, Bird Clemente partiu para a posteridade na madrugada na última segunda-feira (2).

Ilustre desconhecido das gerações mais novas, todas acostumadas a acompanhar os feitos dos pilotos brasileiros que tiveram carreira internacional, Bird foi um desbravador e nome de fundamental importância para a história das competições a motor no país.

Dono de uma técnica considerada inigualável na época, Bird Clemente começou a competir nos idos anos 50, época em que a tecnologia ainda não dominava os bólidos, e a habilidade do piloto era quase tudo para se obter sucesso nas pistas.

Dono de um estilo agressivo, mas extremamente técnico, Bird entrava nas curvas acelerando, escorregava com as quatro rodas, ao mesmo tempo em que mudava as marchas, controlava a derrapagem e ganhava velocidade gradualmente para entrar na próxima reta já com o carro alinhado e em aceleração plena. Tudo com apenas uma das mãos no volante.  Era um assombro!

Os primeiros anos de Bird Clemente nas pistas coincidiram com o início da indústria automobilística no Brasil, e elas precisavam divulgar suas máquinas maravilhosas e, principalmente, popularizar e vender automóveis.

A estratégia foi criar equipes oficiais de competição de fábricas e realizar corridas por cidades de todos os estados brasileiros, a maior parte delas realizadas literalmente nas ruas – com o público apinhado nas calçadas a centímetros dos carros -, e Araraquara fez parte dessa história.

Naqueles anos de 1962 e 1963, a Avenida Bento de Abreu tinha acabado de ser inaugurada, e incentivado pelo então vereador Mário Ananias, um amante dos esportes a motor e homem muito bem relacionado com a cúpula do automobilismo brasileiro, o prefeito Benedito de Oliveira encampou a ideia, organizando duas grandiosas provas na cidade, o I e o II Circuitos Automobilísticos de Araraquara (O Imparcial já publicou várias matérias a respeito).

Com isso, Araraquara entrou na seleta lista de municípios brasileiros que participaram da rica história da formação do automobilismo profissional no País.

Foi nesse contexto que as equipes da Willys, DKV-Vemag, Renault, Volkswagem e Simca se enfrentaram nas ruas brasileiras, e Bird Clemente estava lá.

Foi assim que Bird Clemente se tornou o primeiro a receber salário para correr de carro. Seu primeiro emprego, com direito ao benefício de ter um carro para uso particular, foi ao volante da equipe Vemag sob o comando de Jorge Lettry.

Mais tarde, em 1963, com a trágica morte do excepcional piloto alemão-brasileiro Christian Heins em um acidente nas 24 horas de Le Mans, a equipe Willys perdeu seu grande líder dentro e fora das pistas, e Luiz Antônio Grecco – um dos mais importantes nomes do automobilismo brasileiro – assumiu o comando, contratando, “a peso de ouro” para a época Bird Clemente para assumir o lugar de Heins.

A equipe tinha nomes que dispensam apresentação, como Wilson Fittipaldi Jr., Francisco “Chico” Lameirão, José Carlos Pace e Luiz Pereira Bueno, além de Emerson Fittipaldi.

Bird foi capa da revista Quatro Rodas em fevereiro de 1965, depois de receber o prêmio “Victor 1964”, como melhor piloto de fábrica, eleito por um júri de jornalistas especializados.

Naquele ano, 1964, Bird era um dos pilotos no “Desafio dos 50.000 quilômetros”, que nada mais era do que rodar dias a fio com um Gordini em Interlagos até completar 50 mil km. 

Durante a prova, Bird capotou com o carro, que apesar de tudo continuou rodando sem avarias mecânicas e completou o desafio. Nasceu aí apelido “Teimoso” para a versão básica do Renault Gordini. 

Anos depois, em 1973, Bird, ao lado do irmão, Nelson, venceu os 500 km de Interlagos e as Mil Milhas Brasileiras.

Em tempo! Importante registrar que Bird Clemente foi eleito pela revista Autosport inglesa um dos 50 melhores pilotos do mundo que não chegaram à F-1.

Um mostro das pistas!!!

Redação

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