A noite de quinta-feira (3) coroou uma história de amor por Araraquara. Na companhia de amigos, familiares e autoridades, a escritora Apparecida Jesus de Godoy Aguiar, autora do Hino de Araraquara, foi homenageada com o Diploma de Honra ao Mérito no Plenário da Câmara Municipal.
A iniciativa da homenagem foi do vereador Edson Hel (Cidadania), que declarou: “É um privilégio muito grande poder conceder esta honraria a uma figura tão emblemática da nossa cidade. A história muitas vezes é esquecida, aliada à rotina e ao dia a dia. Muitas vezes esquecemos aqueles que nos ajudaram a construir a nossa cidade e as nossas memórias. O que estamos fazendo hoje aqui é mais do que resgatar a história; é reafirmar o valor histórico de um dos filhos desta terra”, salientou. Lembrando o Título de Cidadã Araraquarense, que ela recebeu da Câmara em 2007, acrescentou: “Ela não é fruto de Araraquara, mas adotou a nossa cidade como sua morada e deu seu maior presente aos nossos munícipes: o nosso hino”.
O historiador Rogério Tampellini, que sugeriu a homenagem ao vereador Edson Hel, lembrou do seu primeiro contato com Apparecida, em 1997, motivado pela curiosidade sobre o hino da cidade. O encontro rendeu uma amizade duradoura e muita admiração. “Que alegria poder estar aqui. Toda a cidade hoje está feliz, contemplada com esta justa homenagem à dona Apparecida, que muito fez pela cidade, pelas instituições, no seu círculo religioso e na Academia [Araraquarense] de Letras”, destacou.
Representando a Academia Araraquarense de Letras, o coordenador do curso de Direito da Uniara e ex-vereador, Fernando Passos, recordou a luta da autora do hino para que ele fizesse parte, efetivamente, da vida da cidade: “A dona Apparecida me procurou quando eu era vereador, por volta de 1982, inconformada porque o hino, que já era oficializado havia tantos anos, não era tocado. Realmente, passamos muitos anos sem divulgar o Hino de Araraquara. Os vereadores da minha geração não o conheciam”. Na sua opinião, “ela tem dois significados em relação ao hino: o primeiro é ter composto esta maravilha, esta poesia que reflete o araraquarense, ainda mais sem ter nascido aqui; e o segundo foi a luta dela pelo hino. Por que uma pessoa precisa lutar para que seja reconhecida uma obra de arte que é dela? Porque a vida de quem faz arte é assim, nada acontece sem luta”, refletiu.
O chefe de gabinete da Prefeitura, Cristiano Santos, contou da sua insistência para que o hino fosse cantado na escola dos filhos e saudou a homenageada em nome do Executivo: “Todo mundo que chega à cidade diz: ‘Olha esse sol, olha esse céu’. A senhora traduziu muito bem o que é a nossa cidade, o que representa Araraquara para os araraquarenses. Muito obrigado”.
Falando em nome da família, o irmão da homenageada, João Batista Godoy, agradeceu: “Foi muito perceptível o entusiasmo com que ela foi saudada aqui esta noite. É interessante, porque este é um ato formal que, no entanto, se transforma em um ato pessoal, emocional, que revelou aspectos de um humanismo muito grande. Fiquei emocionado como seu irmão, e agradeço em nome dos outros familiares”.
Por fim, a homenageada declarou: “Estou muito emocionada com esta cerimônia, nem vou conseguir falar algumas belas palavras sobre Araraquara”. Após receber a honraria, agradeceu a todos, deixando no ar uma promessa: “Não vão faltar oportunidades, porque em breve espero lançar um livro, contando como eu cheguei a Araraquara e tudo o que passei aqui até chegar a este momento”.
A Sessão Solene pode ser conferida na íntegra neste link.
A homenageada
Apparecida Jesus de Godoy Aguiar, também conhecida por Cida ou Cidinha, nasceu em Itirapina (SP), mas ao saber da história de Araraquara, quis se mudar para a cidade e convenceu sua família. Chegando aqui, trabalhou no laboratório de análises da Santa Casa, como auxiliar técnica de laboratório, e mais tarde, no laboratório do Dr. Murilo Ramalho, permanecendo naquele emprego até o seu casamento com Sebastião, com quem é casada até hoje e teve dois filhos: Gislaine e Geusimar.
Desde criança sempre gostou de cantar e fazer versos. Estudou no Conservatório Musical Carlos Gomes, aprendeu a tocar piano e violão, e participou de vários festivais de música. Com os filhos na escola, Apparecida sempre perguntava a eles se tinham cantando algum hino da cidade. Mas ao saber que de fato Araraquara não tinha um hino, motivou-se para escrever os versos. Com a colaboração de vizinhos e professores de música, foi montando a letra e a melodia. Em 21 de março de 1972, foi oficializado o Hino de Araraquara.
Apparecida também fez curso de Estilista, exerceu a profissão de modista por vários anos e nas horas de folga escrevia. No ano de 2003, publicou seu primeiro livro “Araraquara – Aspectos de Sua História”. Para a elaboração da obra, ela fez uma extensa pesquisa durante vários anos, de modo a resgatar documentos históricos sobre a fundação da cidade que não eram de conhecimento da população.
É uma das fundadoras da Associação dos Escritores de Araraquara, autora do projeto que rege a Associação e primeira presidente eleita da mesma.