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Cazuza, um dos ícones do jornalismo araraquarense

Da redação

Ailton Cazuza de Oliveira ou simplesmente Cazuza atua há tempo na área jornalística cobrindo várias editorias que nem se deu conta que representa um ícone na área, um exemplo de profissional a ser seguido.
Dono de uma rica bagagem cultural ele cursou Ciências Sociais na Unesp, História na São Luiz, em Jaboticabal, e Jornalismo na Uniara, onde atua como jornalista nas editorias de política e economia.
O jornalista nasceu no dia 4 de fevereiro de 1961 em Araraquara. É filho do saudoso Nilton de Oliveira e de Maria Alfonsetti e irmão de Maria José.
O apelido Cazuza ganhou na época da novela Vereda Tropical por conta de um personagem interpretado pelo ator Marcos Frota. Assim ao seu nome depois de algum foi incorporado o Cazuza.
Ele brinca dizendo que em família não é chamado nem de Cazuza e nem de Ailton, mas de Airton.

Quitandinha

O bairro Quitandinha recebeu esse nome por conta de um restaurante que foi montado na beira da estrada e tinha esse nome, nome esse copiado de um grande hotel do Rio de Janeiro. Com o rebaixamento da rua onde ficava o estabelecimento, o movimento diminuiu e o mesmo acabou fechando, pois os carros passavam num nível e o restaurante estava em outro mais alto, o que dificultava o acesso.
Cazuza cresceu e morou no bairro do Quitandinha até completar 30 anos de idade. Quando tinha uns 35 anos, conta rindo, decidiu sair de casa e deixar um pouco os pais em paz.
E por ter morado tanto tempo no bairro assistiu de perto toda transformação do bairro, como a chegada do Senai, do Sesc, do crescimento do Instituto de Química criado em 60. “Quando eu era menino eram poucas casas. Ainda não haviam construído a igreja. Era um bairro bem residencial, mas aos poucos foram chegando várias oficinas mecânicas que os moradores até pensavam que o bairro seria caracterizado por isso, mas com o tempo o pessoal descobriu o comércio da Presidência Vargas. Com isso grandes empresas foram para lá e o bairro se desenvolveu um pouco mais. Também vi fazerem a duplicação da Washington Luiz que antes era uma pista simples. As pessoas chegavam no Quitandinha e tinha um ‘descidão’. A duplicação só trouxe melhorias”.

Da 1ª turma

Quanto à escola, estudou no Victor Lacorte e conta feliz que faz parte da turma que praticamente inaugurou a escola. “A gente a fazia o grupo em outra sala perto do Comper. Depois construiu a escola e fomos para o Victor. Na época o colégio era dividido: o grupo escolar de um lado e o ginásio de outro. Era uma época mais rígida, mas também com mais respeito, pois quando diretor entrava na sala de aula, os alunos se levantavam”.

Desde pequenininho

Ele conhece rádio desde os cinco anos de idade, pois seu pai trabalhava na Rádio Cultura  cuidando da torre. “Desde pequeno já ouvia muito rádio, brincava muito de ser repórter. Já tinha essas convicções futuras”.
Quando Cazuza terminou o segundo grau no EEBA começou a  trabalhar  em uma transportadora  e as forças do universo conspiraram a seu favor, pois foi aberta uma vaga para trabalhar na torre da rádio  que ficava atrás da Policia Rodoviária, no Quitandinha. Na torre se cuida o funcionário atua como um operador que  cuida e acompanha o funcionamento dos equipamentos, da transmissão. Permaneceu ali de uns seis a oito anos.  Depois foi operador de áudio na Radio Cultura, no centro, e não parou mais. Em rádio fez praticamente de tudo, como trabalhos de locução, gravações para FM. Pensou em fazer engenharia  até se interessar pelo jornalismo o que coincidia, de certa forma, com a faculdade de Ciências Sociais que havia  feito na Unesp.
Cazuza conta que pegou uma época de rádio onde não havia tantos profissionais e poucas emissoras e com isso o processo seletivo era maior. “Tinha muita gente boa”, ressalta.

Cazuza ha vários anos, durante uma entrevista

Trabalhando com ícones

Ele conta que no Jornalismo trabalhou com ícones como Geraldo Polezze, Antonio Carlos Araújo. Magdalena e no esporte com o fantástico José Roberto Fernandes, além de muitos outros. “Meu TCC na Unesp foi sobre a responsabilidade social do rádio jornalismo, então sempre primei por isso. São três linhas diferentes de jornalismo nas quais atuei, mas consegui separar e achar aquela que ‘servia’ para mim, com a qual eu me adaptava mais”.
Ailton dentro jornalismo ‘passeou’ por todas as editorias e  se dedicou durante muitos anos a fazer coberturas de esportes, como futebol, vôlei, basquete.
Hoje participou de bancas como jurado para avaliar trabalhos dos alunos e recebe convites para diálogos com os mesmos.
Também trabalhou na Radio Noticias de Matão(hoje Radio Cidade),em Guariba, em rádio mineira e outra gaúcha onde transmitiu vários jogos, coberturas em vários campeonatos Paulista de Futebol, Voleibol e Basquete no campeonato Paulista e Liga Nacional , campeonato Paulista Radio Clube de São Carlos, free lancer na EPTV e quase em todos os jornais das cidade, como O Diário, a extinta Tribuna Impressa e n’ O Imparcial, onde conviveu com o icônico Sidney Schiavon e guarda lembranças bastante engraçadas desse tempo.

Marcas

“Peguei uma época em que a ferroviária estava na elite, mas já estava em decadência e foi cindo da A1, da A2, da A3 até a quarta divisão. Ninguém mais queria fazer Ferroviária 4ª divisão, mas fiz pelo lado profissional e por gostar da Ferroviária se não ia acabar. Você não tinha estrutura em estádio. Não tinha nada. Quarta divisão era um amador melhorado eu achava. Fui criticado por isso, mas era. Foi uma coisa que me marcou muito na carreira, a Ferroviária na quarta edição”.
Outra notícia marcante que Cazuza se lembra foi do incêndio numa loja do Carmo onde havia morrido várias pessoas. “Tinha pessoas que não conseguiam internação e eu fui pra redação fazer ligações para autoridades para ver se conseguia. No fim foram socorridos”,
Cazuza não usou isso no dia seguinte na matéria, pois não era um fato noticioso o que fez, mas humanitário.
Mas uma coisa boa que se lembra são das viagens feitas através do esporte, onde além de comer bem, conheceu vários estados.
Nessa época o primeiro repórter cobria o time da Ferroviária e ele atuava como segundo repórter e fazia as matérias com os times adversários. Com isso entrevistou  grandes jogadores como Edmundo, Viola, Marcos, Rogério Sena, Luxemburgo, entre outros.
Cazuza por conta da família é são-paulino, uma espécie de herança genética, por assim dizer.
Mas entre os jogadores  se pudesse voltar ao tempo gostaria de entrevistar o Sócrates. Nas salas de aula gosta de relatar situações que o mundo viveu como o Nazismo e a Escravidão. Já nas  Ciências Sociais o que o encanta é a Escola de Frankfurt, composta por filósofos da Alemanha, entre  estes Theodor Ludwig Wiesengrund-Adorno que foi um filósofo, sociólogo, musicólogo e compositor alemão. É um dos expoentes dessa escola.
Cazuza conta que também já deu aulas no estado ensinando história e sociologia por mais de dez anos. Passou por escolas como João Manoel do Amaral, Dorival Alves, Lyzanias, Léia, entre outras. “A experiência como profissional da educação foi ótima, mas presenciar de perto a estrutura que é oferecida e as relações entre estado/professor/alunos é muito complicado. Uma coisa é você estar fora vendo, outra coisa é você estar participando. A gente sabe das dificuldades que tem como a coisa funciona, mas ao longo dos anos a coisa parece que foi piorando. Não tem que haver uma autoridade excessiva, um abuso, mas também nem tanta liberdade excessiva. Os professores tem que ter bons salários e  os alunos interesse. Não adianta equipar as escolas com os melhores dos equipamentos se também não houver interesse. Não funciona”.

Reconhecimento

Hoje quando se fala em Cazuza, o jornalista, muita gente sabe quem é. E essa conquista desse espaço para ele é reconhecimento. “Isso é bem legal. Tem muita gente que fala que quer ser  homenageado com nome de sala, nome de rua, mas acho que o reconhecimento é a maior homenagem. Até hoje encontro pessoas que me dizem que me ouviam, outros que me ouvem, elogiam o trabalho que faço. Isso que é importante: você resistir durante muitos anos não é fácil. Você tem que ter um trabalho bem desenvolvido, sincero”.
Não tinha noção de que um dia iria ser repórter de rádio. “A noticia que eu gostaria de dar: Corrupção, comprovadamente, quase zerada”.

Sobre política

“Todo mundo espera que As pessoas assumam um governo em interesse da população e deixem interesses de grupos, pois hoje em dia politica é um grupo que se junta, que alguém possa fazer as reformas necessárias, e além de tudo esse processo que se fala de educação o país  precisa ser  estruturado, pois não temos uma saúde, transporte, rodovias, e esporte legais. Tem que estruturar tudo. Alguém algum hora vai ter que chegar e assumir tudo isso, ir além do discurso. Temos que ter  pessoas comprometidas com isso”.
Cazuza diz que quanto a alguma crença e religiosidade é católico por formação e  acredita que deve haver alguma coisa além desse nosso universo, algo que rege tudo isso. Agora cada um dá um nome. São muitas evidências, mas respeito quem não acredita”.

Redação

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