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Cidade está perdendo a guerra contra a dengue

José Augusto Chrispim

O prefeito Edinho Silva (PT) e a secretária Municipal de Saúde, Eliana Honain, realizaram uma coletiva de imprensa na sede da Vigilância Epidemiológica, na tarde dessa quarta-feira (30), com objetivo de reforçar informações a respeito da situação da dengue na cidade e apresentar a força-tarefa para combate ao mosquito transmissor da doença. Um dos pontos apresentados na entrevista que contou também com a participação do Dr. Valter Manso Figueiredo, diretor do SESA (Serviço Especial de Saúde), foi a necessidade da descentralização dos atendimentos dos casos suspeitos de dengue que, hoje, sobrecarregam as Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s) da cidade.

O prefeito Edinho explicou que, entre as medidas tomadas pela prefeitura, está a criação de um Polo Estratégico de recebimento de pacientes com a doença na sede da Vigilância Epidemiológica que fica em um dos antigos pavilhões da Facira. O espaço, que conta com dois consultórios e sala de hidratação, poderá ser utilizado por qualquer cidadão que apresente suspeita de dengue, mas foi ressaltado que a princípio deve-se procurar a unidade de saúde básica do seu bairro e, somente nos casos mais graves, procurar a UPA Central.

Força-tarefa

Um conjunto de medidas está sendo realizado pelo poder público no sentido de combater a proliferação da doença como a realização de mutirões nos bairros aos sábados, a limpeza pública, avaliação de densidade larvária, além da criação de um serviço de ‘tira dúvidas’ via whatsapp pelo fone (16) 997601190, e a assistência ao paciente nas diferentes unidades de saúde.

A Prefeitura também ampliou o horário de funcionamento dos quatro Centros Municipais de Saúde, nos bairros com maior índice do vírus que são o Jardim Paulistano, Jardim América, Jardim Iguatemi e Jardim Roberto Selmi Dei I. Estas unidades passaram a funcionar de segunda a sexta-feira das 7h30 às 19 horas e de sábado das 13 horas às 19 horas. Nos demais bairros, o atendimento a população é feito pelos postos de saúde, que estão preparados para receber a população com suspeitas da doença.

Números impressionam

Atualmente, a cidade conta com 155 casos confirmados da doença. Porém, cerca de 200 a 250 pacientes procuram as unidades de saúde com suspeita da doença por dia. Já são 11,8 casos registrados diariamente em Araraquara, o que já é mais de um terço dos casos registrados em 2018, que apresentou 1,131pessoas contaminadas com a doença.

De acordo com o diretor do SESA, Dr. Valter Figueiredo, somente no mês de janeiro, foram enviadas para análise no Instituto Adolfo Lutz, 600 amostras, que resultaram em 320 casos confirmados da doença, ou seja, cerca de 51%.

Situação grave

“Estamos tendo um diálogo com a população para tentar vencer a situação que foi detectada. A sociedade tem que ter noção da dimensão do inimigo para poder construir instrumentos para derrota-lo. A situação é grave na cidade, pois em 2015, nós tivemos 8 mil casos de dengue tipo I registrados e, hoje, estamos combatendo o tipo II da doença. Isso significa que essas pessoas que já contraíram a doença podem ser contaminadas outra vez e com risco de maior gravidade da patologia. Estamos cuidando das pessoas que estão com a dengue, principalmente através da hidratação, por isso criamos este espaço especial para tratar os pacientes e, com isso, desafogar as UPA’s que continuam com os outros atendimentos de emergência. Mas nós não vamos vencer a guerra contra o mosquito Aedes Aegipti sem a participação da população, que é imprescindível. Existem situações em que um imóvel abandonado ou onde são concentrados muitos objetos inservíveis acaba gerando os criadouros do mosquito e atingindo moradores de uma região grande no entorno. Nós estamos fazendo um trabalho de conscientização, pois 80% dos criadouros estão concentrados nas residências. Por isso, se mesmo com todos esses esforços algumas pessoas ainda insistirem em não cooperar, vamos puni-las através de multas que, inclusive, já estamos em contato com a Câmara Municipal para aumentarmos os seus valores. Também em conjunto com a Câmara estamos tratando da criação de recursos para esse trabalho de combate que está sendo ampliado com mutirões em vários bairros da cidade de onde já foram retiradas 480 toneladas de materiais inservíveis. O custo desse incremento de recursos ainda não foi calculado. Somente com o apoio da população nós podemos vencer o mosquito”, elencou o prefeito.

Edinho ressaltou também que, se for preciso, nos imóveis que apresentem dificuldades para a ação dos agentes municipais, a Prefeitura vai agir de forma enérgica utilizando seu poder de polícia para arrombar portas e portões no sentido de combater o avanço da epidemia na cidade. “Vamos arrombar e depois resolvemos na justiça”, ressaltou.

Convencimento da população

Já a secretária de Saúde, Dr. Eliana Honain, ressaltou a importância dos canais de comunicação com a população no sentido do convencimento à prevenção aos criadouros do mosquito da dengue. “Não podemos pensar que somente nas casas e terrenos abandonados existem os criadouros, temos que realizar uma vistoria semanal em nossas casas, pois 80% desses criadouros estão dentro dos imóveis habitados, já que o mosquito se alimenta de sangue. Essa doença data do século XVIII e, ano a ano, estamos perdendo a luta contra ela. Precisamos da colaboração da população para acabarmos com ela. Como a maioria dos casos está concentrada na Vila Xavier, o primeiro mutirão que ocorrerá no próximo sábado (2), será realizado naquela região. Pedimos para quem tiver materiais inservíveis em casa que os coloque na calçada que as equipes passarão para retirá-los”, lembrou a secretária.

Redação

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