A mostra de artes visuais Território da Arte de Araraquara conta com a participação de 36 artistas, sendo cinco destes de Araraquara. Milena Morvillo e Filipe Moura foram artistas premiados nesta 19ª edição, enquanto André Hansen, Carlos Dantas e Jorge Morabito tiveram suas obras selecionadas para a exposição.
As obras dos artistas premiados podem ser conferidas no Palacete das Rosas Paulo A.C. Silva, enquanto a produção selecionada para a exposição está na Casa da Cultura Luís Antonio Martinez Corrêa. A programação – realizada pela Secretaria Municipal da Cultura e Fundart, por meio da Coordenadoria Executiva de Cultura, e com apoio do Sesc Araraquara – é gratuita.
Premiados – Milena Morvillo, autora da obra “Caminho”, começou a pintar despretensiosamente em 2013. Com atuação profissional entre a arte, a psicanálise e a medicina chinesa, Milena usa tintas acrílicas, pigmentos, nanquim e papel paraná para produção de suas obras.
Seu fazer-artístico já foi exposto em vários coletivos como: o Fórum Mundial de 2019, além de algumas exposições individuais: “Espirais” (Araraquara, 2017), “Portais” (Universidade Federal da Grande Dourados, 2018) e “No Mundo dos Sonhos” (exposição virtual realizada pela Universidade Federal da Bahia – UFBA, 2021).
“A obra premiada nesta edição chama-se Caminho e foi produzida no final do ano de 2020, finalizada no último dia (31/12). Era um ano emblemático para todos do planeta com a pandemia, e a obra para mim, mostrava uma figura que estava como que parada à entrada de uma passagem translúcida. Muitos caminhos à sua frente, degraus à sua volta, um pôr-do-sol longínquo. Quais caminhos tomar? Gosto das possibilidades e dos desdobramentos que apresenta”, aponta a artista. Para ela, a obra tem uma complexidade visual que demanda alguns olhares. “Seus segredos demandam envolvimento com suas várias camadas. Depois de um olhar mais profundo… Ela se revela ao observador (ou não).”
De acordo com Milena, “Caminho” tem uma ligação direta com os povos originários das florestas e altiplanos, os rios e mananciais, os infinitos verdes e aguados do território amazônico. “Quando soube que Caminho havia sido premiada na categoria Perspectivas Futuras, quase não acreditei. Primeiro porque pensava que as outras obras que inscrevi – mais óbvias – teriam mais chance; segundo porque era uma emoção tão grande que demorei a acreditar. Um reconhecimento desses, na minha cidade de origem, é como um abraço de mãe que te olha no fundo dos olhos com o mais carinhoso sorriso do mundo e lhe diz: ‘Parabéns, querida!’”
Para ela, o reconhecimento público através de um prêmio é um estímulo para continuar criando o que às vezes, ‘nem mesmo a gente, como criadores compreende’. “É dar passagem para o novo, para o inexplorado. Abrir portais e lançar luz ao que não foi percebido”, conclui.
Já Filipe Moura, também premiado na categoria Perspectiva Futura, apresenta a obra “Resistência no tempo”, produzida neste ano. “É uma arte digital feita com o software livre GIMP impressa em papel sintético”, explica Filipe que produz arte desde 2015 e é cientista social, formado pela Unesp Araraquara.
“Minhas obras possuem estética moderna e contemporânea. Comecei na pintura a óleo e depois aderi a arte digital que é meu atual foco.”
Desenvolvida especialmente para o Território da Arte, “Resistência no tempo” tem um significado específico onde o artista aborda a resistência de indígenas ao longo da história.
Vale destacar que, ano passado, Filipe participou do Território com a obra “Solidão no mundo”, onde abordou a realidade pós pandêmica, alertando para que as atividades intelectuais críticas serão um diferencial no futuro.
Sua participação em mostras e eventos de artes visuais incluem a participação: na 14ª Semana da Fotografia de Caxias do Sul, de um edital de Araraquara vinculado à lei Aldir Blanc e Encontro de Psicologia promovido pela Faculdade Dom Orione, no Tocantins.
Selecionados – Os artistas de Araraquara selecionados, com obras na Casa da Cultura, são: Andre Hansen, Carlos Dantas e Jorge Morabito.
Jorge Morabito é formado em Comunicação Visual e Desenho Industrial pela FAAP-SP. Iniciou nas artes ainda adolescente, mas foi em 2014, fazendo um curso no Instituto Tomie Ohtake, que a colagem o despertou novamente para as artes visuais.
Os materiais de base para suas colagens são restos de papel, revistas, acetatos com retículas, suas próprias colagens digitalizadas e impressas e recortadas novamente. “Em algumas séries, uso gouache e películas metalizadas no acabamento final”, aponta.
Sua obra selecionada para o Território, é “Cale a Boca ou Risca-Faca”, produzida em 2019. A obra fez parte da exposição “Percurso da Memória”, realizada na Lona Galeria, em São Paulo, reunindo três artistas que nasceram no interior de São Paulo para contar “causos, memórias e fantasias do cotidiano”.
É a primeira vez que Jorge Morabito participa do Território da Arte. O artista já participou de mostras no Museu da Diversidade Sexual de São Paulo (2017) e na Funarte São Paulo (2017). “Pôxa, foi incrível receber a notícia que havia sido selecionado para o Território da Arte. Fora a grande satisfação em poder mostrar um trabalho pessoal pela primeira vez aqui na minha cidade natal”, apontou, lembrando que o tema desta edição – o amuleto de Muyrakytã – “é tudo que nossos pensamentos/sentimentos heróicos precisam neste momento para seguirmos adiante, fortes e protegidos.”
Andre Hansen produz arte visual desde 2009, sendo formado em “Web Designer e Produção Multimídia”. Sua produção implica tanto a fotografia em geral quanto a parte audiovisual, em produções de vídeos institucionais para empresas, produção de videoclipes, produção musical e artes visuais.
Com a obra “Mãe Natureza”, produzida em 2021, André acredita que “o contato com a natureza é o contato com nossa alma interior onde surgem ideias e inspirações para produção de nossas obras, todo momento é especial perante a mãe natureza.”
Por fim, o economista Carlos Dantas produz suas fotos desde 2012. No Território expõe uma colagem de fotos autorias de Araraquara, impresso em Canvas, com o nome “À procura da Muiraquitã” – obra produzida exclusivamente para essa edição do Território da Arte.
Toda a programação do Território da Arte de Araraquara é gratuita. Além das visitas às exposições, também há uma programação educativa com oficinas e encontros, que pode ser conferida no site da Prefeitura de Araraquara ou nas redes sociais do Território da Arte de Araraquara.
A Casa da Cultura Luís Antonio Martinez Corrêa está localizada na Rua São Bento, 909, Centro de Araraquara, enquanto o Palacete das Rosas Paulo A.C. Silva fica na Rua São Bento, 794, também no Centro.