Matheus Vieira/Colaboração
Quando o araraquarense Cleber Fogaça, de 43 anos, lançou seu primeiro álbum solo, “Trilhando”, em 2015, algumas composições acabaram não entrando no repertório, aguardando, então, um novo projeto para serem divulgadas.
E agora, sete anos depois, essas músicas se juntaram a outras, escritas em 2021 e 2022, montando o repertório de “Convergência”, disco que o renomado instrumentista araraquarense começa a gravar em julho nos estúdios do selo Blaxtream, em Ribeirão Preto/SP
O material foi contemplado no Edital ProAC Expresso Direto nº38/202, que selecionou 200 projetos culturais do Estado de São Paulo todo nas mais diversas áreas.
“Gosto de ter tempo para pensar e, principalmente, ter metas para cumprir. Por isso estou sempre organizando minhas composições e pensando como distribuí-las nos álbuns. Isso, muitas vezes, me inspira a compor novas músicas, também”, comenta Fogaça.
Sobre o processo de composição, o artista confessa não ter uma “fórmula pronta”. “Não componho sempre. Às vezes, tenho uma melodia na cabeça e então trabalho criando outras para contrastar ou completar esta primeira ideia até se tornar uma música”, explica.
Em outras vezes, a inspiração vem de uma homenagem, ou por meio de um tema em questão, como aconteceu com o conceito de “Convergência”. “Escolhi esse nome por conta do momento em que vivemos na sociedade, no qual necessitamos, urgentemente, convergir nossas ações e ideias, a fim de buscar o melhor para a coletividade. Será um passeio pela música instrumental brasileira com espaço para muito virtuosismo e improviso, além de harmonizações sofisticadas e melodias marcantes”, comenta.
Vale lembrar que esse novo disco será registrado no formato “Ao Vivo”, usando o mínimo possível de overdubs e edições. Para esta aventura, o araraquarense recrutou Cesar Roversi (saxofones soprano, alto, tenor e barítono), Cleber Almeida (bateria e percussão) e Fernando Corrêa (guitarra semiacústica).
“Penso que meu trabalho se identifique mais com as pessoas que estão acostumadas a ouvir outros instrumentistas e, principalmente, improvisação, pois busco explorar o talento dos músicos dando a eles a liberdade de interpretação. O público ouvirá samba, frevo, xote, choro, entre outros ritmos da nossa cultura. Gostaria de levar ‘Convergência’ ao maior número de pessoas possíveis”, finaliza.
Palcos e livros
Cleber Fogaça iniciou seus estudos nos anos 90. Desde então, atua como músico e professor no interior de São Paulo. Apreciador e pesquisador do jazz e da música brasileira lançou, em 2015, seu primeiro disco solo, Trilhando.
Em 2020, montou as séries de livros didáticos “Escalas na Prática Para Baixistas”, “Arpejos na Prática Para Baixistas” e “Arpejos na Prática Para Guitarristas” e, em 2021, a série “Acordes No Baixo de Seis Cordas”.
Estudou no curso de MPB/JAZZ do Conservatório de Tatuí, onde se formou em 2003. Foi sócio fundador da Escola Livre de Música Araraquara, atuando como professor e administrador entre 2002 e 2018.
Participou de oficinas e workshops ministrados por Frank Gambale, Gary Willis, Celso Pixinga, André Marques, Hermeto Pascoal, Itiberê Zwarg, entre outros. Dividiu palco com Carlos Malta, Arismar do Espírito Santo, Nailor Proveta, Oswaldinho do Acordeom, Daniel D’Alcântara, Itiberê Zwarg, Sizão Machado, Michel Leme, Cuca Teixeira, Bob Wyatt, Dirceu Leite, entre outros.
Foi integrante de vários grupos e se apresentou nos principais festivais de música instrumental do estado de São Paulo. Atualmente é integrante do Trio Zabumbê (de música instrumental brasileira e jazz) e do Trio Teimoso, de choro instrumental, com o qual está em turnê de divulgação de um EP. Também tem projetos com as cantoras Iara Ferreira, de MPB, e Iuna Tuane, de MPB e música francesa. Gravou nos álbuns das bandas Adrenalados (rock) e Ruído Fino (pop/funk) e também dos músicos Cleber Shimu e Jimmy Red Marshall (blues).