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Como agir diante de uma amputação fora do ambiente hospitalar: um enfoque rápido

Artigo

*Luys Antônyo Vasconcelos Caetano

A amputação, caracterizada pela perda parcial ou total de um membro, é uma emergência médica que pode ocorrer devido a traumas graves, como acidentes de trânsito ou laborais, mas também pode ser consequência de complicações por patologias vasculares e da diabetes mellitus. Nesse contexto, estima-se que, no Brasil, ocorrem cerca de 50 mil amputações por ano, com as causas traumáticas representando uma parte significativa desses casos, especialmente entre jovens e
adultos. Todavia, preconiza-se que a intervenção rápida e adequada é fundamental para salvar vidas e, em certos casos, possibilitar o reimplante do membro amputado. Todavia, para isso, alguns princípios devem ser respeitados:
Controlar o sangramento deve ser a prioridade imediata. Para isso, caso você esteja em um ambiente extra-hospitalar, use um pano limpo ou gaze e pressionar firmemente o local da
amputação pode reduzir significativamente a perda de sangue. Além disso, em situações mais graves, um torniquete pode ser aplicado acima do ferimento, mas sempre com acompanhamento médico para evitar danos adicionais e prejuízos funcionais, bem como manter o membro amputado
elevado, para ajuda a diminuir o fluxo sanguíneo.
Preservar adequadamente o membro amputado é crucial para aumentar as chances de um possível reimplante. Para tanto, recomenda-se envolver o membro em um pano limpo umedecido
com soro fisiológico ou água e colocá-lo dentro de um saco plástico. Posteriormente, o saco deve
ser armazenado em outro recipiente com gelo, evitando o contato direto entre o gelo e o tecido para evitar necrose por congelamento e uma possível perda completa do membro com a inviabilidade do reimplante. Entretanto, devido à uma maior complexidade no manejo e preservação do membro,
junto a variação no grau de comprometimento dos tecidos e o tempo de atendimento médico, a taxa de sucesso no reimplante de membros amputados pode variar entre 50% a 80%, impactando diretamente na qualidade de vida dos cidadãos.
Fazer a transferência para o hospital mais próximo o mais rápido possível. Nesse âmbito, estudos mostram que o tempo ideal para o reimplante é de até 6 horas após a amputação, com as taxas de sucesso caindo drasticamente depois desse período. Porém, depois da chegada ao hospital, a equipe médica se concentra em estabilizar o paciente, utilizando fluidos intravenosos e, se necessário, transfusões de sangue para combater o choque hipovolêmico para e prolongar o
tempo de reimplantação do membro afetado.
Após a estabilização inicial a cirurgia é recomendada e envolve a limpeza do ferimento e a tentativa de reimplante, dependendo da gravidade da amputação e das condições do paciente. Nesse contexto, vale salientar que nos casos de amputações traumáticas os acidentes de trânsito são
responsáveis por cerca de 40% dos casos, seguidos por acidentes de trabalho, valendo-se então da necessidade de se dirigir com segurança e trabalhar com os equipamentos mínimos necessários para uma adequada biossegurança.
Por fim, a reabilitação é o último estágio de manejo desses pacientes e, apesar de ser um processo longo, com envolvimento multidisciplinar, pode incluir fisioterapia, uso de próteses e acompanhamento psicológico, porque cerca de até 80% dos pacientes amputados necessitam de apoio emocional contínuo para lidar com as limitações físicas e o impacto psicológico da perda de um membro.

Referências:
BRASIL. Ministério da Saúde. Amputação: um desafio na reabilitação. Brasília, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/amputacao-um-desafio-na-reabilitacao. Acesso em: 8 out. 2024.
GROSS, C. D.; VILLAS BOAS, P. J. Traumatismo e amputação: estudo da epidemiologia em um hospital de emergência. Revista Brasileira de Cirurgia, São Paulo, v. 56, n. 1, p. 43-49, 2021.
PEREIRA, M. L. et al. Características clínicas e epidemiológicas de pacientes submetidos a amputação. Revista Brasileira de Ortopedia, São Paulo, v. 57, n. 6, p. 688-694, 2022.
TEIXEIRA, J. M.; NUNES, P. R. Reimplante de membros amputados: uma revisão da literatura.
Revista de Trauma e Ortopedia, Rio de Janeiro, v. 58, n. 3, p. 231-239, 2021.
ZAMBRANO, A. M.; RIVERA, M. L. Reabilitação do paciente amputado: abordagens multidisciplinares. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v. 28, n. 2, p. 156-162, 2021.

*Luys Antônyo Vasconcelos Caetano
Acadêmico de Medicina da Faculdade Atenas de Sete Lagoas

Redação

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