O último trimestre é marcado pelas demandas sazonais que geram intensa movimentação no mercado de trabalho, especialmente nas datas comemorativas como o Dia das Crianças, a Black Friday e as festas de fim de ano. Atento a isso, o Núcleo de Economia do Sincomercio Araraquara estimou as contratações de temporários de fim de ano para 2025 em Araraquara, estado São Paulo e Brasil.
Na análise, foram consideradas as contratações temporárias determinadas para atender picos de demanda em empresas e estabelecimentos comerciais, com duração de até 180 dias, prorrogáveis por mais 90, devendo ser registradas formalmente. O Novo CAGED disponibiliza dados sobre essas contratações, que estão incluídas nas estatísticas do emprego formal. Vínculos não formais não são contabilizados na somatória.
Segundo as atuais estimativas, com base na análise dos dados, o fim de ano em 2025 deve ser positivo, mas sem euforia, já que as empresas devem ajustar o número de vagas à demanda real de consumo, mantendo o mercado de temporários como importante instrumento de flexibilidade e dinamismo no emprego formal.
Com isso, espera-se uma contratação reduzida em Araraquara na comparação com o ano anterior, podendo variar entre 150 e 170 acordos. No ano de 2024, a cidade pode ter contratado entre 187 e 200 temporários formais em outubro e novembro. O cálculo foi feito conforme as proporções tanto de temporários formais quanto do estoque total de vínculos formais do município em relação ao estado.
Meses-chave
As contratações temporárias ocorrem em maior escala entre outubro e novembro. Em 2024, no estado paulista, cerca de 65% das contratações temporárias no ano (exceto dezembro) se concentraram nesses dois meses.
Nesse período, o saldo de temporários no estado de São Paulo representou quase 40% do saldo de trabalhos formais totais contabilizados pelo Novo CAGED, um resultado ainda maior que o de 2023 (29,8%). Essa proporção é maior do que a nacional (16,6%), o que significa que o estado paulista demanda e emprega um contingente maior de mão de obra temporária do que a média brasileira.
Na análise por estado, São Paulo lidera as contratações temporárias no Brasil. O saldo dos trabalhadores temporários paulistas em 2024 e 2023 representou, respectivamente, cerca de 85% e 79,3% da mão de obra formal temporária contratada no país. Nestes dois anos, os vínculos temporários paulistas atingiram mais de 33 mil no período.
Entre os grandes setores da economia, os de serviços são os responsáveis por essa grande movimentação, já que respondem por quase todas as contratações temporárias no período. Dividindo este setor em subcategorias, os trabalhadores de serviços administrativos, trabalhadores do segmento de serviços e os vendedores do comércio em lojas e mercados são os mais procurados pelas empresas. No estado, tais setores foram responsáveis por 84,35% das contratações temporárias do setor em outubro e novembro de 2024.
Indicadores econômicos
O cenário econômico de 2025 combina sinais positivos e desafios. A economia paulista segue em crescimento, embora em ritmo mais moderado que o observado em 2024, com o setor de serviços mantendo papel central na geração de empregos e na sustentação da atividade econômica.
O PIB de São Paulo segue em trajetória de expansão, porém, com avanço mais contido, o que sugere um ambiente de cautela nas contratações, mas ainda favorável à criação de vagas temporárias, especialmente nas atividades ligadas ao consumo das famílias.
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), apurado pela CNC, atingiu em setembro seu menor nível desde 2021, com queda de 5% em relação a agosto, refletindo menor otimismo e maior prudência dos empresários. Essa retração indica que parte do comércio tende a planejar as contratações de fim de ano com foco em eficiência e controle de custos, priorizando o essencial para atender à demanda.
Por outro lado, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF), embora também em desaceleração, permanece em terreno positivo. O mercado de trabalho aquecido e a inflação em desaceleração sustentam o consumo, especialmente em datas comemorativas, ainda que de forma mais racional e seletiva.
A inflação (IPCA) mantém-se sob controle relativo, mas acima do centro da meta, o que limita o poder de compra das famílias. Já a taxa Selic, mantida em patamar elevado, encarece o crédito e reduz o ímpeto de consumo e investimento. Mesmo assim, setores de bens essenciais e de menor valor agregado deve continuar impulsionando o varejo no último trimestre.
O salário médio real apresenta recuperação gradual, reforçando a capacidade de consumo das famílias e favorecendo o desempenho do comércio. O aumento da renda real e a redução da informalidade também contribuem para um mercado de trabalho mais estruturado, com maior volume de contratações formais, inclusive temporárias, para atender à demanda de fim de ano.
