Início Araraquara Coordenadora de Políticas Étnico-Raciais valoriza lançamento de livro em Brasília

Coordenadora de Políticas Étnico-Raciais valoriza lançamento de livro em Brasília

Alessandra Laurindo espera que obra sobre a história da escravização em Araraquara inspire outras cidades a explorar seus documentos

O Salão Nobre da Câmara dos Deputados em Brasília-DF sediou nesta quinta-feira (31) a solenidade de lançamento do livro “A História Comprovada: fatos reais e as dores da escravização araraquarense”, obra que reúne um raro conteúdo composto por documentos, fotos e informações sobre o período da escravização na cidade.

O livro foi lançado oficialmente no dia 24 de março no Sesc Araraquara e a ideia de fazer um lançamento em Brasília foi do deputado federal Orlando Silva (PCdoB). Marcaram presença na solenidade o prefeito Edinho e os autores da pesquisa, Alessandra Laurindo (coordenadora de Políticas Étnico-Raciais da Prefeitura), Claudio Claudino (vice-presidente da Comissão de Combate à Discriminação Racial da OAB Araraquara), Edmundo Oliveira (coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Uniara), Felipe Oliveira (presidente da OAB Araraquara 5ª Subseção) e Fernando Passos (representante da Uniara e da Academia Araraquarense de Letras), que reuniram os documentos desde 2015.

O livro reúne mais de 500 páginas digitalizadas de escrituras de compra e venda de escravizados em Araraquara no final do século 19, entre os anos de 1874 e 1887, que estavam arquivadas em cartório. Em 1890, pouco tempo após a abolição, o então Ministro de Estado, Rui Barbosa, determinou que fossem queimados todos os documentos relacionados à escravização no Brasil, restando poucas cidades que mantiveram os livros dos tabelionatos intactos, contrariando sua ordem. Após inúmeras tentativas e mediante autorização do Juiz-Corregedor Permanente do 1º Tabelião de Araraquara, as cópias digitalizadas dessas escrituras foram liberadas para a 5ª Subseção da OAB/SP e sua Comissão de Combate à Discriminação Racial.  

Alessandra Laurindo espera que a obra motive outras cidades brasileiras a seguirem o exemplo. “Lançar o livro no Congresso Nacional abriu possibilidades para inspirar que brasileiros de todo país possam igualmente procurar nos cartórios de suas cidades e revirar em seus arquivos, as outras histórias que também não foram contadas”, comentou a coordenadora de Políticas Étnico-Raciais.

Ela espera que essa repercussão leve o conteúdo da publicação possa chegar ainda mais longe. “Ter levado o debate para a Câmara Federal foi uma oportunidade de provocar os parlamentares para um passo além do livro, pois o próximo degrau é construirmos propostas para o processo de reparação”, completou Alessandra.
O livro também traz prefácios de instituições e pessoas comprometidas com o combate ao racismo, como o diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda; o professor doutor da Unesp Araraquara Dagoberto José Fonseca; além do Conselho Municipal de Combate à Discriminação e ao Racismo (Comcedir), Defensoria Pública, Fórum Trabalhista de Araraquara e outras organizações. Todos os envolvidos estavam presentes ou representados na cerimônia, assim como o deputado federal Vicentinho (PT), a deputada estadual Thainara Faria (PT) e o vereador Guilherme Bianco (PCdoB), representando a Câmara de Araraquara na cerimônia, demais autoridades e convidados.

O livro

O projeto é realizado pela Prefeitura de Araraquara, por meio do Centro de Referência Afro “Mestre Jorge”, e pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Araraquara – 5ª Subseção, contando com o apoio do Sesc, do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros (NEAB) da Uniara, da Academia Araraquarense de Letras, do NUPE- Núcleo Negro da Unesp para Pesquisa em Extensão, da Comissão de Combate à Discriminação Racial da OAB e da Frente Parlamentar Antirracista.
A obra traz prefácios de instituições e pessoas comprometidas com o combate ao racismo, como o diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda; o professor Dr. da Unesp Araraquara, Dagoberto José Fonseca; além do Conselho Municipal de Combate à Discriminação e ao Racismo, Defensoria Pública, Fórum Trabalhista de Araraquara e outras organizações.    

A publicação desse conteúdo foi autorizada pelo Juiz-Corregedor Permanente da Serventia Extrajudicial e expõe a realidade sobre a época da escravatura no Brasil e a realização de estudos sobre o período, além de possibilitar que descendentes de escravizados tenham acesso à verdade sobre as histórias de suas famílias. A inclusão dos prefácios, por sua vez, permite que as entidades e pessoas envolvidas com a temática manifestem, sob sua ótica, a importância do livro na luta contra o racismo.

O download do livro “A História Comprovada: fatos reais e as dores da escravização araraquarense” já está disponível no site da Prefeitura de Araraquara (www.araraquara.sp.gov.br).

Redação

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