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CPI convoca ex-dirigente da Furp acusado de receber propina

Da redação

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga irregularidades na gestão da Furp (Fundação para o Remédio Popular) vai convocar o ex-superintendente da fundação, Flávio Vormittag, para prestar esclarecimentos sobre as denúncias de corrupção envolvendo a obra da fábrica de medicamentos de Américo Brasiliense.

O requerimento, de autoria do presidente da CPI, deputado Edmir Chedid (DEM), foi aprovado por unanimidade nessa terça-feira (4).

Vormittag é citado em uma delação feita no ano passado por ex-executivos do grupo Camargo Corrêa ao Ministério Público. Ele é acusado de receber propinas para liberar uma indenização de R$ 22 milhões ao consórcio responsável pela obra de Américo Brasiliense (liderado pela empreiteira). O custo inicial da construção era de R$ 124 milhões.

“São denúncias gravíssimas, que precisam ser apuradas a fundo”, disse o presidente da CPI. “O depoimento do ex-superintendente pode nos trazer importantes informações”.

A previsão é que o depoimento de Vormittag aconteça no próximo dia 18, na Assembleia Legislativa.

Histórico

A obra da fábrica de Américo Brasiliense foi executada pelo Estado entre 2005 e 2009, nas gestões dos ex-governadores Geraldo Alckmin e José Serra, ambos do PSDB.

A construção ficou a cargo de um consórcio liderado pelo grupo Camargo Corrêa, sob um custo inicial de R$ 124 milhões.

Em 2012, três anos após a entrega, o consórcio cobrou na Justiça uma indenização da Furp por supostos prejuízos durante a obra.

Segundo executivos da Camargo Corrêa, a fundação acabou aceitando pagar R$ 18 milhões aos construtores sem qualquer contestação – mesmo tendo sido citada duas vezes no processo. O acordo foi assinado em março de 2014 e os valores, divididos em 48 parcelas que totalizaram R$ 22 milhões (com juros e correção).

Ao MP, os executivos da Camargo Corrêa declararam que o acordo foi fechado mediante pagamento de propina ao ex-superintendente da Furp Flávio Francisco Vormittag e ao engenheiro Ricardo Luiz Mahfuz, que foi o gerente da obra.

Mahfuz também será convocado pela CPI para depor – o requerimento já foi aprovado e a data será definida nos próximos dias.

Varredura

Paralelamente aos depoimentos, a CPI fará um pente-fino em toda a documentação relacionada à obra.

A comissão já requereu cópias da íntegra do processo licitatório, projeto básico, planilhas de preços e medições da evolução da obra, entre outros. Os pedidos foram encaminhados ao TCE (Tribunal de Contas do Estado) e à própria Furp.

No dia 23 de maio, os deputados da CPI realizaram uma diligência na fábrica de Américo Brasiliense. Na oportunidade, conheceram a linha de produção da unidade e tiraram dúvidas com técnicos da fundação.

Sobre a CPI da Furp

A CPI da Furp foi aberta com base em um requerimento do deputado Edmir Chedid que cita uma série de denúncias contra a fundação – entre elas, suspeitas de pagamento de propina, contratos sem licitação e irregularidades em pagamentos a fornecedores.

A comissão terá prazo de 120 dias para concluir seus trabalhos, prorrogáveis por mais 60 a critério de seus membros. Neste período, poderá requisitar informações e documentos a outros órgãos, interrogar testemunhas e suspeitos, realizar diligências e requisitar a quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico.

A CPI volta a se reunir na próxima terça-feira (11) para ouvir o atual superintendente da Furp, Afonso Celso de Barros Santos.

Redação

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