Início Araraquara CR Feminino realiza a Jornada da Cidadania, Trabalho e Renda

CR Feminino realiza a Jornada da Cidadania, Trabalho e Renda

Reeducandas apresentaram trabalho do “Projeto Fios de Esperança” que confecciona perucas para mulheres com câncer

Por José Augusto Chrispim

Promovido pelo Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), Coordenadoria de Reintegração Social e Cidade, com o apoio da Prefeitura de Araraquara, da Funap (Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel), da Universal nos Presídios, da Unip (Universidade Paulista) e do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), o Centro de Ressocialização (CR) Feminino de Araraquara realizou, nesta semana, a 5ª Jornada da Cidadania, Trabalho e Renda. A abertura do evento contou com a presença do vice-prefeito, Damiano Neto, o diretor da Penitenciária de Araraquara, Rodrigo Ronchi Redivo, a diretora da Penitenciária Feminina de Guariba, Jucélia Gonçalves da Silva, o diretor do CR Masculino de Araraquara, Otácio Manoel da Trindade Filho, a presidente do Conselho da Comunidade Municipal de Araraquara, Emili Luiz Rabello, Silvio Luís do Prado, da Funap, a diretora do CR Feminino de Araraquara, Ede Aparecida Mariano Rosolem, o padre João Roberto Campanini, da Paróquia Nossa Senhora das Graças, além de funcionários e reeducandas, entre outros convidados. 

Durante a semana são promovidas diversas ações de cidadania e saúde, como consultas médicas, atendimento jurídico, orientações de reintegração social, confecção de documentos, palestras, entre outras ações para as reeducandas do CR Feminino, com o objetivo de prepará-las para o retorno à vida em liberdade.

De acordo com a diretora técnica da Unidade, Ede Aparecida Mariano Rosolem, o CR Feminino de Araraquara tem capacidade para 96 presas. Ela destaca que todas trabalham e têm a oportunidade de estudar. Além do convênio com a Prefeitura de Araraquara, algumas empresas também mantêm contratos com o CR utilizando a mão-de-obra das reeducandas que, além de receberem um salário pelo trabalho, ainda têm o benefício da remissão de pena.

Projeto Fios de Esperança

Entre os vários projetos que são desenvolvidos com as reeducandas, desde fevereiro deste ano, cerca de 10 internas trabalham no ‘Projeto Fios de Esperança’, que é feito pelo Grupo Estrela do Oriente com a orientação de Sergia Cristina Haddad Mota, que pertence à Ordem 3ª do Oriente que é apoiado pela Ordem Internacional do Grupo Arco-íris para as meninas, e que foi viabilizado através da parceria com o Conselho da Comunidade. O projeto visa arrecadar cabelo para confecção de perucas que, posteriormente são doadas para pacientes carentes em tratamento de combate ao câncer do setor de oncologia de Araraquara.

De acordo com a direção do CR, até agora já foram confeccionadas sete perucas que foram doadas a pacientes que necessitavam. Com o apoio da diretora do Conselho da Comunidade do Município, Emili Luiz Rabello, a Unidade Prisional recebeu quatro máquinas de costura que são utilizadas na confecção das perucas.

Acolhimento como foco

Em sua fala, a diretora da Unidade, Ede Rosolem agradeceu o apoio de todos os envolvidos e falou sobre a importância de acreditar na força e nas habilidades das reeducandas para superarem esse período difícil no cárcere, que deve servir de aprendizado para uma nova vida depois de reinseridas na sociedade. “Esse centro de ressocialização abriga mulheres fragilizadas, que sofrem com o dissabor e com a incompreensão, e muitas vezes essa carência foi o que conduziu elas até aqui. Por isso, o grande foco aqui está no acolhimento e no ouvi-las, mostrando que é possível livrá-las daquilo que realmente aprisionou a pessoa, o medo, a falta de perspectiva de vidas melhores e, por fim, a perda do desejo de vencer. Assim, procuramos trabalhar a autoestima delas, mostrando como elas são mulheres incríveis e capazes de realizarem os seus sonhos. Aqui todas elas trabalham e estudam, mas através dos projetos que são desenvolvidos aqui como o ‘Fios de Esperança’, nós queremos ir além, queremos formar cidadãos e cidadãs que pensam diferente e que tentam fazer o voluntariado, que é uma das ideias desse projeto. Entendemos que a grande força que nos ajuda a ter sucesso no nosso trabalho é o fato de focarmos no trabalho, no estudo, na religião e na empatia ao próximo. Eu quero dizer para às reeducandas que, como elas fazem a diferença aqui, também podem fazer a diferença lá fora. Esse é o objetivo do CR de Araraquara, acreditar em suas habilidades, acreditar que vocês podem ser diferentes. Eu quero que vocês saiam daqui pela porta da frente e ressocializadas, esse é o fundamento do CR”, falou a diretora.

Aprendizado

A diretora da Penitenciária Feminina de Guariba e ex-diretora do CR Feminino de Araraquara, Jucélia Gonçalves da Silva, relatou que possui muito carinho pela unidade de Araraquara. “Aqui foi uma grande escola para mim. Reaprendi o que é ressocializar, pude estar mais próxima das reeducandas, saber suas histórias. Tudo o que aprendi sobre ser humano, ressocialização, oportunidade e empatia estou aplicando lá na unidade de Guariba”, relatou Jucélia.

Redação

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