Um novo projeto chega em Araraquara neste sábado (3): é o Choro no Carmo, realizado pela Secretaria Municipal da Cultura e Fundart na Praça do Carmo. A programação do Choro no Carmo contará com a apresentação musical Pedro Luiz Freitas Quarteto das 11h às 13 horas e com feira de brechós, economia criativa, solidária e sustentável com o Coletivo Quem Garimpa Acha das 10h às 16 horas. A programação é gratuita.
De acordo com a secretária municipal da Cultura, Teresa Telarolli, “o Choro na Praça reafirma a nossa proposta de ocupação dos espaços públicos por meio da cultura diversificada e de qualidade. Assim, damos continuidade a um projeto mais amplo de difundirmos e darmos visibilidade aos muitos artistas aqui sediados e ao mesmo tempo fortalecemos estilos e manifestações artísticas sedimentadas no gosto e na memória de cada um.”
O coordenador de Acervos e Patrimônio Histórico, Weber Fonseca, explica que o projeto Choro no Carmo nasceu do encontro de uma proposta do músico Pedro Luiz com a Coordenadoria de Acervos e Patrimônio Histórico. “O projeto chega para valorizar o Chorinho como patrimônio cultural da nossa cidade, assim como já recebemos o projeto ‘Viola na Praça’. Da mesma forma, temos a intenção de ocupar uma praça na Vila Xavier e promover um projeto que faça a valorização do samba de raiz tão associado ao bairro”, adianta o coordenador.
Vale destacar que, a cada edição, a apresentação de Chorinho terá um músico convidado, sendo nesta primeira edição o professor e violonista Carlos Dias.
História
O músico Pedro Luiz conta que Araraquara possui forte tradição na formação de importantes instrumentistas que atuam no cenário musical do interior paulista e até em âmbito nacional. “Esta história tem início em 1928, quando foi fundado o Conservatório Dramático e Musical de Araraquara, que teve como um de seus fundadores o Maestro José Maria Tescari, com aulas de violino, piano, teoria musical e harmonia. Depois, no ano de 1943, surge a Orquestra Sinfônica de Araraquara-SP e em 1947 o Quarteto de Cordas.”
Com o encerramento das atividades do conservatório, diversos músicos buscaram aprimorar seus conhecimentos em universidades e conservatórios localizados em cidades próximas ou em outros estados, trazendo para a cidade novas contribuições e perspectivas de ampliar o acesso aos mais variados gêneros musicais existentes em nossa cultura.
Pedro Luiz conta que, entre esses diversos gêneros musicais, pode se destacar o “Chorinho” ou “Choro”, que teve seu início como uma maneira de tocar importantes gêneros musicais aqui aclimatados por volta do século XIX, como a polca, a valsa e o tango.
“Por volta do século XX, nomes como o de Joaquim Callado, Chiquinha Gonzaga, Anacleto de Medeiros, Ernesto Nazareth e Pixinguinha cristalizaram esse gênero musical, e ainda tivemos Jacob do Bandolim, Radamés Gnattali e Waldir Azevedo se destacando como grandes virtuoses. O Choro de espalhou pelo país e importantes nomes apareceram em diversas localidades, como os paulistas, Armando Neves, Garoto, Antônio Rago, Izaías e pelo Nordeste, nomes como o de Luperce Miranda, Ratinho e Canhoto da Paraíba contribuíram para a disseminação do gênero.”
O músico acredita que, nos dias de hoje, mesmo distante da grande mídia, o Choro resiste e persiste, pois surgem novas gerações de instrumentistas e pesquisadores, contribuindo com a manutenção e renovação dessa expressiva manifestação cultural que por meio de projetos culturais, festivais e eventos relacionados ao gênero se mantem vivo e presente.
“Em Araraquara não é diferente: aqui residem grandes instrumentistas que influenciaram e influenciam até os dias de hoje gerações de novos músicos que passaram a conhecer e levar adiante o gênero do Choro. Violonistas, cavaquinhistas, bandolinistas e percussionistas naturais daqui formaram grupos e se apresentaram com destaque por diversos palcos espalhados não só pelo país, mas também pelo mundo, representando da melhor forma possível nossa cultura e também levando o nome da nossa cidade”, aponta Pedro Luiz.
O músico aponta que “o bairro do Carmo sempre teve muitos bares e restaurantes, onde diversos músicos iniciaram suas carreiras musicais, principalmente na Avenida 7 de Setembro, ajudando principalmente a cultura do Samba e do Choro na cidade.”
O Choro no Carmo tem o objetivo de levar à Praça do Carmo apresentações musicais de grupos de Choro da cidade, convidados da região e também homenagens a importantes músicos da cidade com ligação ao tema, assim como levar ao público o acesso a esse gênero musical, contribuindo na formação de um novo público e estimulando as pessoas a conhecerem um pouco da história desse gênero que se funde com a história e cultura da cidade.
Programação
A feira de brechós, artesãos e empreendedores abre a programação do Choro no Carmo às 10 horas. A feira deve ser rotativa com a participação dos diversos coletivos da cidade a cada edição. Nesta primeira edição, a organização fica por conta do Coletivo Quem Garimpa Acha, já bastante conhecido pelos encontros de brechós realizados em diversos pontos da cidade.
O Coletivo Quem Garimpa Acha propõe uma feira de brechós e moda circular e sustentável, criando a oportunidade de se vestir e presentear de forma mais sustentável, com expositores que destacam os brechós e as marcas de upcycling de Araraquara e região. Além dos diversos brechós participantes, a gastronomia e o artesanato também compõem a programação com diversas delícias.
A feira de artesãos e empreendedores do Choro no Carmo tem o apoio da Coordenadoria de Acervos e Patrimônio Histórico e a Secretaria de Trabalho, Desenvolvimento Econômico e Turismo com a Coordenadoria de Trabalho e de Economia Criativa e Solidária.
A apresentação musical chega com o bandolinista Pedro Luiz Freitas e o seu quarteto, com Oliver Kofi (cavaquinho), Fabiano Marchesini (violão 7 cordas) e Henrique Brandão (pandeiro) com releituras de choros e também com trabalho autoral.
Pedro Luiz Freitas iniciou seus estudos aos 14 anos, aprendendo cavaquinho e bandolim. Aos 20 anos passou a estudar no Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos, em Tatuí-SP, onde estudou por três anos. É formado em Licenciatura em Música pela Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES) e, em 2022, iniciou seu mestrado em bandolim na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Toda a programação é gratuita e as atividades acontecem na Praça do Carmo, localizada na Av. 7 de Setembro, no cruzamento com a Rua dos Libaneses (rua 14), no bairro do Carmo.