Início Araraquara Debates contam histórias reais sobre fim da escravização

Debates contam histórias reais sobre fim da escravização

A Coordenadoria de Políticas de Promoção Étnico-Raciais e o Centro de Referência Afro ‘Mestre Jorge’, com apoio do Conselho Municipal de Combate à Discriminação e ao Racismo, realizam uma programação virtual especial este mês em Araraquara sob o tema “As histórias que não foram contadas”.

O evento começa nesta quinta-feira (13), às 19h30, com uma Live do palestrante Carlos Machado – Gyasi Kweisi, professor, historiador, escritor e ativista do Movimento Negro. Toda a programação poderá ser acompanhada através da página oficial do Facebook da Prefeitura de Araraquara (/prefeituraararaquara).

Segundo a coordenadora municipal de Políticas de Igualdade Racial, Alessandra Laurindo, a proposta da programação é possibilitar uma releitura de histórias que ainda hoje são contadas de forma incompleta para os brasileiros.

“A literatura apresenta uma princesa Isabel benevolente, que resolveu abolir a escravização no Brasil como um conto de fadas e é exaltada por seu ato heroico. Mas sabemos que os fatos históricos apontam para outro cenário, visto que o Brasil passava por pressão de instituições externas e por revoluções internas que tornaram o regime escravocrata inviável”, explica.

Nesse sentido, ainda segundo Alessandra, foi realizado um grande movimento de ressignificação da data 13 de maio de 1888, tendo como objetivo contar a real história, cujo protagonismo não foi a Lei Áurea, que resultou numa abolição inacabada e insuficiente, e sim a evidência dos reais heróis da história não contada.

“Declara-se extinta a escravidão no Brasil sem o acompanhamento de nenhuma política pública ou mudanças estruturais que incluísse aqueles que trabalharam forçadamente por quase 400 anos, o que reflete nas desigualdades sociais e raciais até hoje. Assim, a data é reconhecida pelo movimento negro como o dia da mentira e como o Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo”, enfatiza a coordenadora.

Cronograma

Maio conta ainda com a comemoração do “Dia da África” (25) e por isso a população está convidada a acompanhar a programação online. O início será dia dia 13, às 19h30, com a Live de Carlos Machado – Gyasi Kweisi. Também bacharel, licenciado e mestre em Histórica Social pela USP (Universidade de São Paulo), ele discorrerá sobre as histórias negras omitidas na literatura e os heróis invisibilizados pela sociedade. “O objetivo é trazer um conhecimento favorável à educação antirracista, bem como ressignificar a visão de uma história que foi erroneamente contada, possibilitando ampliar o conhecimento e o fortalecimento da autoestima da população, que desconhece seu passado”, acrescenta Alessandra Laurindo.

Também serão apresentados cards sobre 10 inventores negros (de 14 a 24 de maio), veiculados nas redes sociais da Prefeitura, com a proposta de ampliar o diálogo, valorizar a importância de referências negras e evidenciar grandes ícones presentes nos eixos da Ciência e Tecnologia.

No dia 20 de maio haverá o lançamento da cartilha digital: “As histórias de maio que não foram contadas”, contendo um resumo sobre as Revoltas Negras e todas as formas de resistência que ocasionaram os movimentos abolicionistas, complementada pelos 10 inventores negros.

Protagonismo

No dia 24 de maio, no encerramento da programação, será feita uma Live alusiva ao “Dia da África”, comemorado no dia 25. Essa live será protagonizada por autoridades africanas, com as presenças da primeira dama da República de Cabo Verde, a advogada Dra. Lígia Dias Fonseca, e do presidente da Câmara de Comércio, Indústria, Agricultura e Serviços Brasil – Guiné Bissau, e diretor de Negócios Internacionais para África no Instituto Brasileiro de Comércio Exterior Me. em Ciências Sociais, Júlio António Aponto Té.

Também nesse dia 24 haverá uma apresentação cultural afro, sob a coordenação da coreógrafa araraquarense Sabrina Kelly, e uma apresentação africana dos países participantes.

“Em Araraquara, temos instituído a semana municipal da África visando promover a unidade, a integração, a solidariedade e a coesão entre os povos africanos, como forma de gerar a interconexão entre nossos países. A referida programação tem como objetivo promover a valorização da identidade negra através da possibilidade de se (re) conhecer uma história que nos foi negada”, ressalta a coordenadora municipal de Políticas de Igualdade Racial.

Redação

Sair da versão mobile