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Dia da Mulher

Artigo

Luís Carlos Bedran*

Foi a ONU que em 1975 passou a considerar o 8 de março como o Dia

Internacional da Mulher. Não por ser “apenas” mulher, aquele “(…) indivíduo do sexo feminino, considerado do ponto de vista das características biológicas (…)” — conforme uma das várias definições do Houaiss —, mas sobretudo devido às reivindicações das trabalhadoras russas na época do império dos czares e por protesto contra a entrada

daquele país na Primeira Guerra Mundial. E não apenas por isso, mas também pela repressão policial em 1857 contra operárias em greve em Nova Iorque e em 1908.

Essa a origem, depois estendida às mulheres de um modo geral. As razões dessa histórica homenagem, esqueceram-se. Aqui e agora deve ser relembrada porque as trabalhadoras pobres continuam a ser exploradas pelos sistemas políticos (autoritários ou democráticos), têm uma vida sacrificada e, a depender do país onde vivem, sujeitas ao controle patriarcal por ultrapassada e vetusta tradição.

As trabalhadoras da classe média-baixa, média-média e até a considerada alta, também lutam para sobreviver e tentar proporcionar aos seus filhos um futuro melhor do que têm. E não apenas naqueles trabalhos manuais, mas também no intelectual, aquele que Simone de Beauvoir relatava em sua autobiografia: “agora tenho de trabalhar” e ficava horas e horas numa biblioteca pública a estudar e a desenvolver suas ideias que até hoje são válidas para o reconhecimento da mulher no mundo, tanto no ocidental, quanto no oriental.

Não se faz aqui discriminação de classes. Tão somente tentar mostrar a realidade do que se passa neste início do século 21, onde continuam as discriminações sobre o trabalho feminino, nesta difícil competição pela vida, em que elas cumprem tripla jornada de trabalho. Com os filhos, se os têm, com os afazeres domésticos, uma forma de trabalho quase que invisível, com o companheiro, companheira, seja de que sexo for.

É de se reconhecer nessa modernidade a conquista de vários direitos, embora ainda alguns precários e, o que é pior, a depender do trabalho, a possibilidade de várias profissões se extinguirem, ante o rápido crescimento da inteligência artificial, até a curto prazo, em todo mundo. E pior ainda nos países emergentes como o nosso, onde, segundo estudo do FMI “o Brasil está sujeito a 41% de seus empregos afetados pela IA,

em linha com a média mundial”. (O Estado de São Paulo, 27/2/2024).

E por falar em Brasil, se não houver por parte do governo dar prioridade na

Educação, em todos os níveis, demoraremos muito para atingirmos um patamar razoável para competir com os chamados países ricos. Não só o governo: os próprios estudantes, por mérito e luta.

E por falar em riqueza, este articulista está a discriminar as mulheres ricas,

milionárias? Claro que não. Aquele dia é o delas também. São mulheres alegres, sem muitas preocupações, viajadas. É o dia de todas. Brancas, negras, de direita, de esquerda, cristãs, judias, muçulmanas, umbandistas.

É que não devemos esquecer da imensa maioria, em busca da felicidade. É a nossa homenagem.

*Sociólogo

Redação

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