Início Araraquara Diminui registros pessoais de violência doméstica durante isolamento em Araraquara

Diminui registros pessoais de violência doméstica durante isolamento em Araraquara

Boletins estaduais eletrônicos sobre casos de violência doméstica mostraram uma realidade preocupante durante a quarentena para conter o novo coronavírus.

Em um contexto de emergência, aumentam os riscos de violência contra mulheres e meninas, especialmente a violência doméstica, aumentam também devido as tensões em casa e o aumento do isolamento das mulheres. As sobreviventes da violência podem enfrentar obstáculos adicionais para fugir de situações violentas ou acessar ordens de proteção que salvam vidas ou serviços essenciais devido a fatores como restrições ao movimento em quarentena.

Delegada Meirelene de Castro Rodrigues

A delegada Meirelene de Castro Rodrigues, da Delegacia da Mulher (DDM), de Araraquara, diz que não tem números ou estatísticas fechadas, mas os registros pessoais diminuíram, “isso acontece devido à quarentena, mas muitos boletins de ocorrência têm chegado de forma eletrônica até nós” – afirma a delegada.

Para que vítimas da violência doméstica façam o boletim de ocorrência é só entrar na Delegacia Eletrônica pelo site https://www.delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br/ssp-de-cidadao/home .

Para ajudar essas mulheres que querem informações e orientações antes de tomar uma decisão, o Tribunal de Justiça de São Paulo lança o projeto “Carta de Mulheres”. As vítimas (ou qualquer pessoa que queira ajudar uma mulher vítima de violência) acessam o formulário on-line www.tjsp.jus.br/cartademulheres e preenchem os campos. Uma equipe especializada responderá com as orientações. São profissionais que trabalham na Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Poder Judiciário (Comesp).

Carla Missurino

Segundo a advogada e especialista em violência contra a mulher Carla Missurino, ao contrário do que parece eles aumentaram. “Com a tensão dentro de casa, cumprindo isolamento social, tende a aumentar, e a mulher acaba ficando ainda mais refém de seu agressor. O que não pode acontecer é a mulher deixar de denunciar. Às vezes ela diz que não pode sair de casa, devido à quarentena, mas tem que telefonar para a Polícia Militar no 190, solicitar viatura, registrar o Boletim de Ocorrência, porque na verdade, quem tem que sair de casa é o agressor e não a vítima. Ela pode também ligar para o telefone da Delegacia da Defesa da Mulher 3336.4458 ou no disk 181 do Governo Federal que está recebendo denúncias. Segundo dados que coletamos no Estado de São Paulo a estatística só vem aumentando, e caso a mulher precise de medida judicial tem juiz de plantão, o judiciário continua atendendo medidas protetivas de urgência, o mais importante a ressaltar é: não se cale, denuncie” – finaliza a advogada.

Segundo a ONU, o impacto econômico da pandemia pode criar barreiras adicionais para deixar um parceiro violento, além de mais risco à exploração sexual com fins comerciais. A instituição mostra também que as mulheres estão na linha de frente em situações como essa, e, por isso, estão mais sujeitas a riscos físicos e emocionais.

Além de serem mais afetadas pelo trabalho não remunerado, as tarefas de cuidado doméstico se dirigem, sobretudo, a elas. Os cuidados de familiares doentes, pessoas idosas e crianças também acabam recaindo na responsabilidade das mulheres.

Nem só o coronavírus encarcera, o medo da convivência diária com o perigo também.

Redação

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