Início Araraquara Em Audiência Pública na Câmara, comerciantes defendem adequação no Plano Diretor

Em Audiência Pública na Câmara, comerciantes defendem adequação no Plano Diretor

Projeto de Lei Complementar será enviado pela Prefeitura para alterações na legislação; evento foi organizado por Michel Kary (PL) na noite de quarta (14)

Empresários e representantes de associações e sindicatos ligados ao comércio de Araraquara defenderam, em Audiência Pública na Câmara, a atualização do Plano Diretor de Desenvolvimento e Política Urbana e Ambiental de Araraquara.

O objetivo é evitar que comerciantes das regiões da Vila Harmonia e da Fonte Luminosa, principalmente donos de bares e restaurantes, tenham problemas em relação aos alvarás de funcionamento de seus estabelecimentos junto à Prefeitura.

O evento foi agendado pelo vereador Michel Kary (PL) e realizado na noite de quarta-feira (14) no Plenário do Legislativo.

“O Plano Diretor define como e para onde a cidade deve crescer. E também, na parte comercial, onde está liberado para a empresa daquele segmento ser constituída. Faz alguns anos que não há um novo planejamento”, disse Kary.

“Essa adequação é necessária, é urgente, especialmente na região da Vila Harmonia e da Fonte, que há tempos deixaram de ter um perfil exclusivamente residencial e passaram a desempenhar um papel fundamental no comércio da cidade. Esses bairros cresceram, estão diferentes e se transformaram, passando a abrigar uma variedade de empresas que geram emprego na cidade”, complementou o vereador na abertura da audiência.

Projeto de lei

Secretários municipais presentes ao evento informaram que a Prefeitura trabalha na elaboração de um Projeto de Lei Complementar que será encaminhado à Câmara para que essas adequações sejam feitas.

“A gente já vem trabalhando junto com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano em um projeto de lei que ‘destrave’ a Fonte, que permita que o comércio se expanda. A Fonte já não é um bairro exclusivamente residencial. Para vocês terem uma ideia, na parte interna [do bairro] só são permitidas cafeteria e lanchonete. Se a gente der uma voltinha lá, a gente vai ver que tem outros tipos de comércio. Tem comércio com mais de 15 anos e que, se a gente for olhar ‘ao pé da letra da lei’, não podia estar funcionando da forma que funciona”, explicou o secretário municipal de Governo e de Desenvolvimento Econômico, Leandro Guidolin.

A secretária municipal de Desenvolvimento Urbano, Priscila Crepaldi, também ressaltou a mudança de perfil desses bairros ao longo dos anos. “Por questões de segurança, famílias da Fonte, da Vila Harmonia, deslocaram-se para os condomínios, os loteamentos fechados. A gente viu, de fato, um esvaziamento dessa região no uso residencial. Automaticamente, aqueles imóveis estão sendo ocupados com outros usos mais direcionados a serviços e comércio”, relatou.

Proposta

Segundo a secretária, os restaurantes com música ao vivo ou de maior porte se encaixam no perfil de Nível de Interferência Ambiental (NIA) 2 — que, desde 2019, só é permitido nas vias maiores daqueles bairros, como a Avenida Bento de Abreu e a Rua Napoleão Selmi Dei, entre outras.

Por isso, 12 estabelecimentos estão com situação irregular nessa região, com cadastros de atividades diferentes das que estão trabalhando — como exemplo, uma cafeteria que, na prática, é um bar ou restaurante.

“A proposta que nós temos é reclassificar alguns tipos de empreendimentos, colocando em um Nível de Interferência Ambiental 1, para que a gente consiga viabilizar vários empreendimentos e toda uma zona com potencial de ocupação na área gastronômica. E com música, sim. A gente tem instrumentos para controlar a questão do som, isolamento acústico, controle de horário”, ressaltou a secretária.

Além da resolução dessa questão em específico, também está em elaboração pela Prefeitura, desde a gestão anterior, outro projeto para que seja feita a revisão geral do Plano Diretor. “É um processo mais demorado, e precisamos fazer isso com muita cautela”, afirmou Priscila.

Preocupação

Empresários utilizaram a palavra e afirmaram estar preocupados com a situação de seus comércios. “Se a gente mantiver esse cenário, todo mundo vai perder. O empresário pode perder o negócio, que é fruto de anos do trabalho, o trabalhador pode perder o emprego, a população local pode perder o acesso a essa conveniência, a esse lazer. Mais que uma questão técnica, a gente está falando de uma questão humana, social e econômica”, declarou uma proprietária.

Outro comerciante relatou que manter a música ao vivo é fundamental para sua empresa. “As pessoas vão para curtir a noite, comer uma porção, jantar, levar alguém para uma refeição e estar ouvindo uma música ao vivo. Eu falo para os músicos: ‘Quem se senta ao lado da mesa de vocês, ao lado da banda, tem que conversar naturalmente, sem gritar’, porque esse é o conceito com o qual a gente trabalha. A música agrega muito”, explicou.

Centro antigo

Algumas participações na audiência também levantaram outro tema: a revitalização do comércio da região central de Araraquara, que sofreu um ‘esvaziamento’ com o desenvolvimento de outros corredores comerciais.

“O Centro sempre foi um comércio muito forte, mas hoje está ‘morrendo’ pela migração de muitos comércios para os bairros e pelo abandono do Centro em si. A parte de baixo [do Centro] está muito abandonada. Tem muito comércio irregular, principalmente, ali em volta do Terminal [de Integração]”, disse um comerciante.

Guidolin mencionou que a Prefeitura tem um plano para revitalizar a região central. “Estamos buscando ideias e um planejamento para atuar no Centro, que é o problema mais grave da cidade hoje. Nós temos as praças centrais com muito morador de rua. E isso impacta na vida da população, que deixa de frequentar aquela praça, e no comerciante. Vou citar o caso da Praça Santa Cruz. O pessoal reclama muito que o morador de rua espanta o frequentador da praça que vai lá comprar. Estamos tentando criar um plano de atuação. Não adianta a gente só ir lá e remover. E o que a gente vai fazer com aquele morador de rua? Qual o encaminhamento que nós vamos dar para ele? Nós, como poder público, precisamos pensar em tudo isso”, afirmou o secretário.

Demais autoridades

Também estiveram presentes na audiência o presidente da Câmara, Rafael de Angeli (Republicanos), a vereadora Fabi Virgílio (PT) e o vereador Marcelinho (Progressistas); o secretário municipal de Fazenda e Planejamento, Roberto Pereira; o chefe do Gabinete do Prefeito, Pedro Monteiro; o presidente da Associação Comercial e Industrial de Araraquara (Acia), José Janone Júnior; o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Araraquara (Sincomércio), Antônio Deliza Neto; e o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (SinHoRes) – Regional de Araraquara, José Carlos Pascoal Cardozo.

O Plano Diretor

Segundo a Constituição Federal de 1988, os municípios com população superior a 20 mil habitantes são obrigados a elaborar e aprovar um Plano Diretor. A responsabilidade pela definição da política de desenvolvimento urbano é das próprias cidades, que devem ter como objetivo orientar o seu crescimento físico, econômico e social.

Plano Diretor vigente em Araraquara, instituído em 2005, foi alterado pela última vez em 2014 (Leis Complementares nº 850 e 851). O documento deve passar por revisões periódicas, pelo menos a cada 10 anos, conforme determinado pelo Estatuto da Cidade.

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