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Escola do Legislativo da Câmara promove curso sobre TDAH

Durante mais de quatro horas, palestrantes realizaram uma abordagem ampla sobre o assunto e tiraram dúvidas dos participantes

Com 350 inscrições online e presencial, aconteceu, na manhã de quarta-feira (24), no Plenário da Câmara, o curso “TDAH – Introdução ao Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade”, com os palestrantes Lucas Perches e July Casper. A iniciativa é da Escola do Legislativo da Câmara e contou com a presença de educadores, psicólogos e profissionais de outras áreas que posteriormente receberão certificado de participação do curso.

Mestre em Psicologia, neuropsicólogo e especialista em Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico, Lucas Perches falou sobre os primeiros registros históricos do TDAH, no primeiro módulo do curso, denominado “Compreendendo o TDAH”. “Na década de 70, o termo TDA surge. Não havia o “H” que simboliza a hiperatividade e existia uma descrição vaga dos transtornos mentais. Somente a partir da década de 80, o que se chamava Disfunção Cerebral Mínima III significava uma tentativa de buscar mais características sobre o transtorno e fazer uma categorização dos sintomas. O boom da conscientização aconteceu a partir dos anos 2000, quando os critérios passaram a ser mais organizados e discutidos.  Antes disso, crianças não eram diagnosticadas com TDAH”, resume Perches.

Considerado um transtorno neurobiológico, o TDAH é caracterizado por sintomas como falta de atenção, inquietação e impulsividade. Segundo a pedagoga, psicopedagoga clínica e doutoranda em Psicologia Escolar, July Casper, o TDAH é reconhecido como um problema médico-social importante, sendo caracterizado por alterações dos sistemas motores perceptivos, cognitivos e do comportamento, comprometendo a aprendizagem de crianças com potencial intelectual adequado.

“Todas as pessoas, indivíduos possuem desvios de atenção, mas não é porque temos desvios que vamos ter déficit atencional. O TDAH tem uma prevalência na infância e, principalmente, durante a entrada para o ensino formal quando são percebidos relatos de professores e dos pais sobre a demanda de recrutamento atencional e de maior controle do comportamento da criança”, ressalta July.

A palestrante alerta sobre o uso excessivo de telas e a exaustão provocada pela Síndrome de Burnout, que são confundidos com os sintomas de TDAH, uma vez que esses sinais são bem parecidos com o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade.

“Prestar atenção ao contexto. Se algumas circunstâncias são mais divertidas, estão sendo oferecidos recompensa ou controle do ambiente, os sintomas do TDAH podem ser diminuídos”, pontua a palestrante.

Outro dado importante apresentado durante o curso diz respeito à estimativa de que mais da metade dos indivíduos diagnosticados com esse transtorno continuem apresentando sintomas na vida adulta, impactando negativamente áreas como a vida acadêmica, afetiva, profissional e social.

“O TDAH não tem cura, mas tem boas respostas a remédios, à psicoterapia (abordagem cognitivo comportamental) e à reabilitação cognitiva. Como existem níveis de TDAH, leve, moderado e grave, tem que existir a necessidade de apoio que o indivíduo precisa na escola ou na faculdade”, afirma July.

O curso abordou também módulos sobre métodos de avaliação – entrevistas, questionários, testes neuropsicológicos, papel dos profissionais na avaliação – psicólogos, psiquiatras, neurologistas e desafios no diagnóstico diferencial; abordagens farmacológicas, terapias comportamentais e psicossociais, estratégias educacionais, adaptações na sala de aula e intervenções complementares, além de apresentar estudos de caso, discussão em grupo sobre estratégias de intervenção e compartilhamento de experiências dos participantes.

Para finalizar a apresentação a dupla de palestrantes deixou a seguinte mensagem: “ter TDAH significa que você enxerga o mundo de uma maneira única. Use essa perspectiva para criar, inovar e inspirar. Suas diferenças podem trazer dificuldade, mas também são a chave para o seu sucesso”.

Redação

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