Início Araraquara Especialista fala sobre transporte de animais domésticos em voos  

Especialista fala sobre transporte de animais domésticos em voos  

“É preciso um mártir para uma atitude concreta? Ou nem isso muda a triste realidade dos animais?”, questiona o especialista

Entrevista da Dica Animal com o presidente do Instituto Transporte Pet e CEO da @transportepetinternacional, Daniel Oliveira, mostra como é a melhor forma para fazer o transporte de ‘pets’ em viagens aéreas. Daniel

encaminhou algumas propostas para a ANAC, visando a melhoria das condições de viagens aéreas para pets.

Veja a entrevista na íntegra:

Quando você começou seu trabalho?

Daniel: “Desde 1995, quando despachei de BH para Crato, no Ceará, um filhote de Basset Hound. Em 2000, comecei a fazer transporte para o exterior”.

O que é necessário para um pet viajar de avião?

Daniel: “As regras são feitas pelas cias. aéreas para o transporte nacional. No caso do Internacional, o país de destino é que dita as regras”.

Já enfrentou dificuldades que hoje foram ultrapassadas com a melhora dos serviços?

Daniel: “ Recentemente, a Latam liberou o peso do pet que viaja na cabine. Esse procedimento foi uma evolução e sim, já transportei um gato de 11kg na cabine, o que não seria possível anteriormente.

Quais as dificuldades que enfrenta atualmente?

Daniel: “Inúmeras, o limite de peso para o transporte acompanhado no porão da aeronave, a dificuldade de conseguir a reserva do pet na Latam (Gol e Azul reservam na hora, pelo telefone ou site). A falta de área pet nos aeroportos.  O descaso no desembarque dos pets, fazendo com que eles cheguem muito depois das malas (já teve caso de demorar mais de 1 hora)”.

Estamos longe de ter cabines pressurizadas exclusivas para pets ou setores de carga climatizados?

Daniel: “Acho que não, é uma evolução necessária, os pets são família e esse processo não exige um investimento vultuoso.

Afinal, as companhias aéreas irão vender poltrona(s) e os aeroportos poderão cobrar taxa de embarque dos pets.

Eu encaminhei essas propostas para a ANAC:

● Confirmação da presença do pet, embarcado no porão das aeronaves, pelos comissários de bordo, para o tutor que estiver embarcado (informação disponível nos documentos de bordo).

● Priorizar o embarque e desembarque dos pets (carga viva e AVIH acompanhados no porão) no embarque e desembarque das bagagens. Esse transporte deve ser separado de outras cargas, em vans climatizadas.

● Permitir no transporte acompanhado, AVIH, o mesmo peso de transporte permitido na carga viva, evitando erro humano devido ao tempo de manuseio e distância dos terminais de carga até o aeroporto.

●Treinamento básico dos trabalhadores que manuseiam pets nos aeroportos e lojas de cargas, para o correto procedimento de manejo e identificação de possível necessidade de socorro veterinário.

● Colocação de etiquetas nas caixas de transporte e proibição da exposição das caixas ao sol.

● Os aeroportos e lojas de carga devem ter um plano de contingência para atendimento veterinário de urgência, disponível para os usuários na central de informações e devidamente informado a todos os trabalhadores dos aeroportos e lojas de carga (contatos e/ou parcerias com hospitais veterinários).

● Criação de um espaço para animais vivos no aeroporto para uso de todas as Cias aéreas nos aeroportos de conexão. Essa área seria climatizada, à prova de ruídos e com um veterinário. Nessa área, os pets em início de voo, conexão ou escala ficariam aguardando o embarque, com checagem do veterinário e fornecimento de água.

● Liberar venda de assentos (1 ou 2 dependendo do porte), para os cães e gatos em viagem acompanhada. Tais assentos ficariam na parte traseira da aeronave, com os pets viajando em “caixas especiais “, sob regras de comportamento e circulação nos aeroportos e durante o voo.

● Empresas aéreas que operam no Brasil devem ser obrigadas a transportar pets (família), sob pena de taxas elevadas em caso de recusa. Não podemos aceitar que companhias aéreas se recusem a fazer o transporte de pets no Brasil, mas o fazem no seu país de origem.

● Obrigação dos aeroportos terem área pet no desembarque e nas áreas de embarque”.

Alguma companhia aérea oferece funcionários treinados para lidarem com animais de estimação?

Daniel: “Algumas companhias têm local para check in de pets, mas nunca me deparei com um especialista em pets nos atendimentos de carga ou nos aeroportos. Acho que não, é uma evolução necessária, os pets são família e esse processo não exige um investimento vultuoso. Lembrando que estamos falando das companhias aéreas venderem poltrona(s) e no caso dos aeroportos poderem cobrar taxa de embarque dos pets e utilizarem esta verba para melhorar as instalações”.

Após essa tragédia do Caso Joca, autoridades falam em regulamentações mais rigorosas que garantam que o animal não seja tratado como uma bagagem. O senhor vê isso acontecer realmente ou é “fogo de palha”?

Daniel: “Acho que o momento da mudança chegou. Mas é necessário a participação e cobrança por parte dos interessados. Pela primeira vez houve um interesse da ANAC em regulamentar este serviço e das companhias aéreas reverem seus regulamentos.

Algum país é mais avançado na área de transporte pet?

Daniel: “Com relação à regulamentação não vejo muita diferença, mas com relação aos cuidados, na Europa e na América do Norte os funcionários dos aeroportos e companhias aéreas têm mais cuidado no manejo dos pets.

É utopia pensar em voos especiais e exclusivos para tutores e seus animais?

Daniel: “Não vejo a necessidade, acho possível a convivência entre pets e passageiros, desde que sejam criadas regras. Por exemplo, os pets com comportamento adequado (certificado de bom comportamento) e uma caixa específica para transporte na cabine (impermeável, com cinto de segurança e que não permita ao pet incomodar outros passageiros) deveriam ter o direito de viajar na cabine, em locais pré-determinados, e quem não quisesse ficar perto dos animais escolheria assentos em outra área do avião.

A dificuldade é sempre maior quando o animal é grande. Qual seria a solução, em sua opinião?

Daniel: “No caso de animais maiores, as regras seriam as mesmas, mas a caixa ocuparia dois assentos, ou seja, o passageiro teria que comprar dois assentos para o pet”.

Redação

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