Nos últimos cinco meses, o estado de São Paulo perdeu em seus quadros 486 policiais civis. É o que revela o Defasômetro, ferramenta do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) que contabiliza, mês a mês, a defasagem nos quadros da Polícia Civil paulista, por morte, exoneração e aposentadoria. Agora, são 16.653 homens e mulheres a menos trabalhando na instituição, e sem a previsão de substituição imediata.
Sem a realização de novos concursos públicos, nem a conclusão dos que já estão em andamento desde a gestão anterior do Palácio dos Bandeirantes, se amplia o déficit da Polícia Civil, que hoje está em 38,5%. Para se ter uma ideia, dos 41.912 cargos existentes na instituição, 28.294 estão ocupados, segundo o levantamento do Sindpesp tabulado no último dia 31 e que sinaliza 16.653 posições vagas.
Em janeiro deste ano, eram 16.293 policiais a menos na ativa. Naquele mês, ocorreram 126 desligamentos. Já em fevereiro, foram 78; seguidos de 36 em março, 126 em abril, e 120 em maio.
Segundo a delegada Jacqueline Valadares, presidente do Sindpesp, as exonerações (desligamentos), as aposentadorias e os óbitos há anos não são preenchidos de imediato por novas admissões, fazendo com que o déficit se agrave, mês a mês:
“Se levarmos em conta a média, são quase 100 policiais civis a menos por mês trabalhando no estado de São Paulo, em diversas funções: de escrivão a delegado, de investigador a papiloscopista, só para citar algumas. Essa falta de recursos humanos prejudica o trabalho da Polícia Judiciária no andamento de inquéritos, em investigações de todo tipo de crime, e no atendimento à população nas Delegacias das cidades paulistas”, analisa.
No mais novo levantamento do Sindpesp, do total de cargos vagos, o maior número é de investigadores – são 4.136 a menos, quando deveriam estar na ativa 11.957. Para agentes policiais, o déficit é de 1.615. Faltam, ainda, 989 delegados:
“Assistimos, há anos, o desmonte da estrutura da Polícia Civil, com baixas remunerações e falta de recursos materiais, entre outros problemas. Por tudo isso, é fundamental e urgente a valorização dos profissionais da instituição, para que permanecem na carreira, bem como a abertura de concursos públicos, para que o Estado, ao menos, comece a reverter este cenário”, pontua Jacqueline.
Novos concursos
A expectativa do Sindpesp é de que, ainda no segundo semestre deste ano, sejam publicados editais de um novo concurso da Polícia Civil paulista, para o preenchimento inicial de 3,5 mil vagas. O certame é aguardado pela categoria desde o fim de 2022.
As vagas são para nível superior. Entre os cargos estão os de investigador, escrivão, delegado de Polícia, médico-legista e perito criminal.
O reajuste anunciado recentemente pelo governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), de 18% em média para a Polícia Civil e válido a partir de agosto próximo para os holerites, deve beneficiar os novos aprovados.
O último concurso da Policia Civil, aberto no ano passado, para 2.939 vagas, ainda está em andamento e sem previsão de conclusão e de contratação.