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Estudo da FMUSP revela: mais de metade das vítimas de mortes violentas no Brasil havia consumido ao menos uma substância psicoativa

Iniciativa visa à criação de políticas públicas que reduzam a mortalidade associada ao uso dessas drogas

A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) anuncia os resultados do Projeto Tânatos. Conduzido pelo Grupo de Estudos em Álcool, Drogas e Violência da Faculdade, o levantamento inédito foi realizado a partir da análise de mais de quatro mil amostras de sangue post-mortem coletadas entre 2022 e 2024. Os resultados revelaram que mais da metade das vítimas havia consumido ao menos uma substância, como cocaína (26,7%), álcool (26,2%), benzodiazepínicos (7,2%) e cannabis (1,9%).

O estudo foi liderado pelos professores Dra. Vilma Leyton, do Departamento de Medicina Legal, Bioética, Medicina do Trabalho e Medicina Física e Reabilitação e Dr. Heráclito Barbosa de Carvalho, do Departamento de Medicina Preventiva. Realizado nas cinco regiões do Brasil, as amostras foram coletadas em colaboração de Institutos Médicos Legais de Belém (PA), Recife (PE), Vitória (ES) e Curitiba (PR). Todas as vítimas tinham mais de 18 anos e as necropsias foram feitas em até 12 horas após o óbito.
 

DESTAQUES:
• A maioria significativa das vítimas (86%) eram homens com idade média de 33 anos;
• 72% das vítimas eram pardas;
• A maior parte dos óbitos ocorreu à noite (51,6%) e aos finais de semana (36,3%);
• O consumo de cocaína aumenta três vezes o risco de morte por homicídio;
• A ingestão de álcool dobra a probabilidade de mortes em acidentes de trânsito;
• Usuários de benzodiazepínicos apresentaram quatro vezes mais riscos de suicídio;
• Os dados sobre as vítimas que consumiram cocaína também englobam o crack;
• A Região Sul registrou a maior prevalência de consumo de substâncias psicoativas (62,9%), enquanto o Nordeste teve a menor (46,7%).

“A expectativa é que os resultados do Projeto Tânatos contribuam para a formulação de políticas públicas e iniciativas, que levem em consideração as especificidades sociais e culturais de cada região, com o objetivo de minimizar os impactos sociais, econômicos e sanitários associados à morbimortalidade decorrente do consumo de substâncias psicoativas”, destaca o Dr. Henrique Silva Bombana, pesquisador da FMUSP responsável pelo Projeto.

O estudo foi desenvolvido por meio de um convênio com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (SENAD/MJSP).

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