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Filipa Brunelli: Mandato com foco nas minorias políticas e no conceito de equidade

José Augusto Chrispim

Dando continuidade às entrevistas com os atuais vereadores de Araraquara, o Jornal O Imparcial conversa nesta edição com a vereadora Filipa Brunelli (PT). Filipa é a primeira mulher trans eleita para ocupar uma cadeira no Legislativo Araraquarense com 1.119 votos.

A vereadora ganhou destaque por defender o movimento LGBTQIA+ de Araraquara e por ser a primeira mulher trans a assumir um cargo na Prefeitura Municipal, em 2017, como assessora especial de Políticas LGBT.

Filipa propôs recentemente um Projeto de Lei para reduzir em 30% os subsídios dos vereadores e assessores para destinar ao combate à pandemia da Covid-19, mas ele não foi aprovado. A petista falou sobre suas experiências e expectativas para seu primeiro mandato.

Veja a entrevista na íntegra:

O Imparcial: Fale um pouco sobre sua formação e experiência na política.

Filipa: “Sou graduanda em sociologia e trago comigo a experiência e o conhecimento político não somente institucional, quanto o social. Atuei em movimentos sociais de juventude, secundaristas, estudantis, fui presidenta do grêmio estudantil do EEBA em 2010, fundei os coletivos PapodasBee e MaisPlural, sou organizadora da parada do orgulho LGBT em Araraquara, e atuei como gestora de políticas LGBT no poder executivo de 2017 a 2020. De forma breve, essa é um pouco da minha trajetória política e de atuação social!”.

O Imparcial: Quais são suas expectativas para este primeiro mandato como vereadora?

Filipa: “Mesmo com todos os desafios propostos, minhas expectativas são positivas. Estou tendo a oportunidade de ocupar um espaço que pode colaborar para transformar a vida social de nossos munícipes”.

O Imparcial: Quais projetos você pretende implantar como vereadora?

Filipa: “Alguns projetos, ações e ideias já apresentei como é o caso da redução do salário dos vereadores por tempo determinado para socorrer as políticas públicas de assistência social, fora isso agir intensamente neste período de pandemia e pós-pandemia. Sem dúvida alguma, meus projetos serão para todos os setores sociais, mas meu foco são as minorias políticas e trabalhar sempre no conceito de equidade!”.

O Imparcial Além de fiscalizar o Executivo, em que áreas você pretende atuar? Quais bandeiras você defende?

Filipa: “Não digo que nosso mandato terá bandeiras. Até porque se fosse dividir por bandeiras seriam muitas. Mas somente pela minha identidade social e o que represento, ser travesti, periférica e os debates que levanto, posso afirmar que a principal ação, ou bandeira do nosso mandato, será a defesa das minorias políticas, a valorização da transformação social, a defesa de uma sociedade mais humana e igualitária, acima de tudo o respeito e a valorização da política de nossa cidade. Acho que basicamente essa será a nossa principal afirmação, nossa maior defesa dentro do Legislativo de Araraquara”.

O Imparcial: Você propôs um Projeto de Lei para reduzir em 30% os subsídios dos vereadores e assessores para destinar ao combate à pandemia da Covid-19. Como você vê a atuação do Legislativo com relação ao combate à pandemia?

Filipa: “Eu vejo que é possível os legisladores atuarem de forma mais precisa e enérgica, podemos ficar na Câmara aprovando legislação que é muito importante como também podemos correr atrás de verdadeiras mudanças e reparação social neste momento. Vejo alguns vereadores muito empenhados nisso, o que me deixa muito feliz!”.

O Imparcial: Como primeira vereadora trans de Araraquara, você vê o público LGBT mais representado hoje na Câmara Municipal?

Filipa: “Com certeza, nunca tivemos uma representação que fosse oriunda de nosso movimento, hoje temos um mandato legítimo e inovado, onde representado por uma travesti, traz um recorte social fundamental para a transformação política institucional!”.

O Imparcial: Qual é a linha política que você deve seguir?

Filipa: “Sempre a da verdade, transparência e, acima de tudo, de não compactuar com as opressões do sistema! Meu mandato será parecido como minha atuação anteriormente enquanto assessora LGBT, garantindo a participação popular, construção coletiva e fundamentalmente a responsabilidade com o público!”, finalizou.

Redação

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