É com sonhos pintados, colagens impossíveis, cadáveres deliciosos e poemas que parecem escapar do sono para o papel que Araraquara recebe, a partir desta sexta-feira (3 de outubro), a exposição “O Assalto do Maravilhoso – o movimento surrealista no Brasil 1960-2025”. Com abertura às 19h na Biblioteca Municipal Mário de Andrade, a exposição gratuita tem curadoria do grupo surrealista DeCollage, patrocínio da editora 100/cabeças e apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Fundart.
“O Assalto do Maravilhoso” apresenta obras de surrealistas brasileiros a partir da década de 1960 até os dias atuais, reunindo obras visuais (pinturas, collages, “cadáveres deliciosos”), poemas e iconografia de nomes do primeiro núcleo surrealista formado no Brasil na década de 1960, do Grupo Surrealista de São Paulo e do grupo DeCollage. Os nomes surrealistas de ontem e de hoje afirmam que o surrealismo é um chamado revolucionário do espírito que ainda ecoa fortemente, dando testemunho de sua vitalidade.
O surrealismo foi um movimento artístico e literário surgido na França nos anos 1920, comandado por André Breton, que queria libertar a imaginação do domínio da razão. Era um convite a misturar sonho e realidade, criando obras onde o impossível parecia perfeitamente plausível. E no Brasil, esse convite ecoou forte.
A exposição tem seu marco inicial na década de 1960, quando o poeta e artista visual Sergio Lima (1939- 2024) vai à França e estabelece contato com André Breton e o grupo surrealista de Paris. De volta ao Brasil, Lima forma um primeiro núcleo surrealista com Roberto Piva, Claudio Willer, Raul Fiker, Decio Bar, Maninha Cavalcante, entre outros, que logo daria lugar ao Grupo Surrealista de São Paulo, composto por Sergio, Leila Ferraz e Paulo A. Paranaguá, Fiker e o poeta e artista visual Zuca Sardan.
Vale destacar que Sergio Lima, Leila Ferraz e Paulo A. Paranaguá foram organizadores, com Vincent Bounoure, da 13ª Exposição Internacional do Surrealismo, realizada em São Paulo em 1967, e também da revista-catálogo “A Phala 1” (que teria, futuramente, mais dois números, em 2013 e 2015).
Os organizadores da exposição em Araraquara apontam que o encerramento das atividades do Grupo Surrealista de São Paulo, em 1969, se deu em virtude do contexto político brasileiro, mas não significou a ausência de ações e publicações individuais e coletivas que percorreram as décadas seguintes (até os anos 1990, marcados pelas ações do grupo surrealista DeCollage, formado a partir do encontro entre Alex Januário e Marcus R. Salgado).
Em 2019, com o surgimento das edições “100/cabeças”, um novo ciclo de atuação no cerne do movimento surrealista se abre por meio de publicações e discussões a respeito do surrealismo e seu movimento, como a publicação dos Manifestos do Surrealismo (2024), de Breton, e a série de 17 encontros “Por uma nova convocação dos cúmplices – Leituras do surrealismo 1924-2024”, organizada também pelo grupo DeCollage.
A exposição em Araraquara reafirma o surrealismo como um gesto revolucionário do espírito – um assalto pacífico, cheio de imagens insólitas, que continua vivo e inquieto até hoje. Assim, entre pinturas, poemas, colagens e registros históricos, o visitante poderá percorrer mais de seis décadas de rebeldia poética e imaginação sem rédeas.
A abertura da exposição nesta sexta-feira contará com a presença de artistas de S. Paulo, entre eles: Elvio Fernandes (colagista, poeta e organizador), Leonardo Chagas (poeta) e Guilherme Ziggy (poeta). Para visitas monitoradas deverá ser realizado agendamento pelo fone (16) 99750-0557 ou e-mail lizunderart@gmail.com .
“O Assalto do Maravilhoso – o movimento surrealista no Brasil 1960-2025” segue até 03 de novembro, com visitação gratuita, no horário 8h15 às 18h55. A Biblioteca Municipal Mário de Andrade está localizada na Rua Carlos Gomes, 1729, na região central de Araraquara.
SERVIÇO:
Exposição “O Assalto do Maravilhoso – o movimento surrealista no Brasil 1960-2025”
Local: Biblioteca Municipal Mário de Andrade (Rua Carlos Gomes, 1729)
Período: de 03 de outubro a 03 de novembro
Visitação: de segunda à sexta-feira, das 8h15 às 18h55
• Abertura: sexta-feira (3 novembro, às 19h)
• Para visitas monitoradas: agendamento pelo fone (16) 99750-0557 ou e-mail lizunderart@gmail.com
Programação gratuita