Início Araraquara Homens negros de destaque são homenageados no 1º Prêmio André Braz

Homens negros de destaque são homenageados no 1º Prêmio André Braz

A definição dos homenageados foi feita mediante a escolha pela maioria dos integrantes do Conselho Municipal de Combate à Discriminação e ao Racismo (Comcedir)

Uma solenidade na Biblioteca Municipal Mário de Andrade, na noite da última sexta-feira (27), marcou a entrega do 1º Prêmio André Braz, iniciativa da Prefeitura que homenageia dez homens negros (pretos e pardos) de destaque na defesa e na promoção da igualdade, da justiça social e da dignidade da pessoa humana e no combate ao racismo e às desigualdades raciais e sociais.
As inscrições para o prêmio ocorreram até 13 de maio e as indicações foram feitas por meio de breves currículos enviados por e-mail por representantes da sociedade araraquarense em geral, como autoridades, entidades, conselhos municipais, organizações da sociedade civil, comerciários e empresários. 
A definição dos homenageados foi feita mediante a escolha pela maioria dos integrantes do Conselho Municipal de Combate à Discriminação e ao Racismo (Comcedir) e pelo mapeamento étnico-social realizado pela Coordenadoria de Políticas Étnico-Raciais.
Os primeiros dez homenageados do prêmio foram Ricardo Leão Bonifácio, Edson Luiz de Barros (Aragão), Idemar Jordão (Jordão Chaveiro), Alberto Andreone de Souza, José Carlos Servino (Sabaúna), João Botelho Filho (Parafina), Caius Julius Cesar Domingos (Júlio César), Martinho Januário Santana, Fernando Aparecido de Souza e Daniel Amadeu Martins Filho (Costa).
O evento também homenageou o presidente de honra do prêmio, Pércio Damázio, que completou 94 anos e fará 75 anos de matrimônio com Ivone Damázio. Pércio é aposentado da Companhia Paulista de Estradas de Ferro e foi diretor e técnico do time de futebol da Atlética da Vila Xavier.
A partir da década de 1970, Pércio incorporou às tradições atleticanas uma escola de samba que passou a fazer parte das manifestações carnavalescas de Araraquara. Ele é reconhecido por todos do movimento social negro como um grande entusiasta e incentivador da cultura negra araraquarense.

Igualdade
Representando o prefeito Edinho, a secretária de Direitos Humanos e Participação Popular, Amanda Vizoná, enalteceu a iniciativa da homenagem e lembrou o histórico de exploração e escravidão do povo negro. “A riqueza do Brasil foi construída com o suor da população negra. E, infelizmente, com muito sangue negro. Essa é uma dívida que o Brasil nunca vai pagar”, disse a secretária.
“Mas hoje é um dia de festa em todos os nossos corações. A vida de cada um dos vocês é uma vitória, uma alegria para a gente. Vamos continuar combatendo o racismo e o preconceito”, ponderou Amanda.
A coordenadora de Políticas Étnico-Raciais, Alessandra Laurindo, destacou que, agora, Araraquara homenageia as mulheres negras em julho (Prêmio Rita de Cássia Ferreira, iniciado em 2016) e os homens negros em maio (Prêmio André Braz).
“Temos que valorizar esses homens e dar essa visibilidade para o nosso povo. São pessoas que têm contribuições históricas para Araraquara. Fico feliz por serem indicadas. É uma noite histórica para Araraquara”, disse Alessandra.

André Braz
O patrono do prêmio, André Luiz Braz, foi músico, mestre de bateria e compartilhou sua experiência com as escolas de samba de Araraquara por mais de 20 anos. Foi fundador e idealizador da Associação dos Amigos Afrodescendentes de Araraquara e Região (ACAAAR), sempre com o objetivo de fortalecer os laços da comunidade negra, bem como valorizar a cultura afro.
Empenhou-se para que fossem incluídas no calendário oficial de eventos do município de Araraquara as festividades que envolvem a Comunidade do Samba ao Brilho da Luz de Vela, a Quarta Nobre, o Encontro Afrodescendente, em homenagem a “Zumbi dos Palmares”, a Copa Zumbi dos Palmares e a disputa da Meia Maratona (21 km), a serem realizados na Semana da Consciência Negra, no mês de novembro de cada ano.
Não conseguiu ver todos os seus projetos realizados (vários estão em andamento), pois faleceu precocemente em 8 de março de 2015. Por meio de seus esforços dentro da comunidade e na sociedade araraquarense, desenvolvia um trabalho que foi referência para todos e deixou uma lacuna na luta pela igualdade racial.

Redação

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