Início Geral Iniciativas da Unesp ganham Certificado de Tecnologia Social

Iniciativas da Unesp ganham Certificado de Tecnologia Social

Unesp teve duas iniciativas de extensão certificadas pela Fundação Banco do Brasil (FBB), como tecnologia social. Um é o projeto “Rede de Viveiros de Mudas Nativas do Vale do Ribeira”, realizado no campus de Registro, pela professora do curso de Engenharia Agronômica, Francisca Alcivania de Melo Silva. Já o outro ocorre no campus de Araraquara, e é o projeto “Arte e Cultura Popular para a Produção Agroecológica Comunitária Periférica”, liderado pelo professor do curso de Administração Pública da Faculdade de Ciência e Letras, Sérgio Azevedo Fonseca.

“São importantes ações extensionistas indissociadas do ensino e da pesquisa, que contribuem para transformação mútua entre Unesp e a sociedade. A Proex vem dando ênfase a Projetos de Extensão Universitária na modalidade Tecnologia Social, por meio de editais e de outras formas de apoio, pois articulam em sua essência as principais diretrizes e princípios da Extensão Universitária, contribuindo para a solução de problemas sociais e para a formação integral do nosso estudante”, afirmou a professora Cleópatra da Silva Planeta, pró-reitora de Extensão Universitária e Cultura da Unesp.

As duas tecnologias sociais disputam com outros 121 trabalhos do Brasil e da América Latina uma das 24 vagas para a final do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2019 que concorrerão a R$ 700 mil em prêmios, divididos entre as categorias nacionais: Cidades Sustentáveis e/ou Inovação Digital; Educação; Geração de Renda e Meio Ambiente e as premiações especiais: Mulheres na Agroecologia, Gestão Comunitária e Algodão Agroecológico e Primeira Infância, sendo R$ 50 mil para o primeiro colocado, R$ 30 mil para o segundo e R$ 20 mil para o terceiro de cada uma das categorias.

Rede de Viveiros de Mudas Nativas do Vale do Ribeira

Para a professora Francisca Alcivania de Melo Silva, a Rede de Viveiros de Mudas Nativas é resultado de um trabalho feito por muitas mãos que envolvem comunidades, docentes, alunos, técnicos e instituições de Pesquisa e Extensão do Vale do Ribeira, em torno de um objetivo maior que é a geração de renda para pequenos produtores que conservam a Mata Atlântica.

“A certificação de Tecnologia Social pela Fundação Banco do Brasil é muito importante, pois dá credibilidade às nossas ações e visibilidade ao projeto, às comunidades atendidas, à Unesp e para o grande papel social e tecnológico desenvolvido pelas universidades públicas. A participação, como semifinalista do Prêmio FBB, nos mantém a esperança de melhorias estruturais da tecnologia, bem como a possibilidade de despertar iniciativas em outras regiões e, quiça a sua transformação em política pública”, comentou a responsável pela tecnologia em Registro.

Trabalho, realizado em parceria com Instituto Florestal (IF), Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) e Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP), objetiva integrar e fortalecer viveiros comunitários e comerciais existentes na região do Vale do Ribeira que tem dificuldades para atender à demanda crescente do mercado de plantas nativas, especialmente para compensação e recomposição florestal. Como estão em localidades afastadas e com pouco acesso a serviços de telefonia e internet possuem pouca visibilidade comercial.

Também é feito um trabalho de identificação de novas demandas de capacitações para melhorias na qualidade das mudas, montagem de planos de negócio, ações de vendas coletivas e identificação de novos mercados, além de orientação sobre a produção de mudas com qualidade e conscientização dos produtores sobre a importância do RENASEM (Registro Nacional de Sementes e Mudas), nota fiscal e outros documentos que facilitem a comercialização.

Dos 30 viveiros prospectados na primeira fase do trabalho, 23 já estão em pleno funcionamento e desses, 18 já têm nota fiscal. Periodicamente, também são feitas atualizações no site www.nativasvaledoribeira.com, com eventos e literatura especializada, além da atualização de endereços e telefones dos viveiros, bem como as listagens de mudas disponíveis em cada um.

Arte e Cultura Popular para a Produção Agroecológica Comunitária Periférica

Já em Araraquara, a tecnologia social “Arte e Cultura Popular para a Produção Agroecológica Comunitária Periférica” envolve o preparo, o plantio, o manejo da terra e a colheita em uma horta comunitária. Também são realizadas ações, simultaneamente, com apresentações de música e dança, no bairro Valle Verde, na zona norte do município, com cerca de 5.600 moradias, onde vivem mais de 30 mil pessoas.

A iniciativa da Unesp abastece a comunidade com alimentos frescos, fortalece vínculos com o espaço territorial em que vivem, desenvolve manifestações culturais de raízes comunitárias, gera oportunidades de trabalho e renda, apoiadas nos serviços ligados à horta, além de promover melhorias na qualidade da saúde da população do território por meio da implementação de uma farmácia viva.

Atualmente, o trabalho consegue envolver algo em torno de 70 famílias, número que cresce a cada dia. Mais de 150 mutirões já foram realizados, com adesão média de mais 100 pessoas em cada um, incluindo membros da comunidade e colaboradores externos. Já os eventos culturais chegam a reunir mais de 500 participantes.

“Constatamos uma progressiva desconstrução do olhar marginalizado para a comunidade, que agora se reconhece como sociedade e se orgulha de seu protagonismo na transformação do espaço. Com a implementação da tecnologia social criou-se uma ponte entre a Horta e outros espaços na cidade e fora dela, como apresentações culturais do Maracatu Mirim, que surgiu na Horta e é protagonizado por crianças e mulheres, que agora são reconhecidas como artistas da Horta Comunitária da Zona Norte”, explicou o professor Fonseca que afirmou ainda que essa certificação é uma realização acadêmica e política: “Acadêmica, por articular as dimensões ensino, pesquisa e extensão em um espaço social periférico e marginalizado, mostrando uma faceta pouco conhecida da nossa universidade. Política, por confrontar visões emergentes, em espaços governamentais, que buscam denegrir o papel e a importância da universidade pública”.

Tecnologia Social

Para a Fundação Banco do Brasil, “tecnologia social compreende produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social. É um conceito que remete para uma proposta inovadora de desenvolvimento, considerando uma abordagem construtivista na participação coletiva do processo de organização, desenvolvimento e implementação. Está baseado na disseminação de soluções para problemas voltados a demandas de alimentação, educação, energia, habitação, renda, recursos hídricos, saúde e meio ambiente, dentre outras. As Tecnologias Sociais podem aliar saber popular, organização social e conhecimento técnico-científico. Importa essencialmente que sejam efetivas e reaplicáveis, propiciando desenvolvimento social em escala”.

 

Rede de Viveiros de Mudas Nativas 

 

Rede de Viveiros de Mudas Nativas

 

Produção Agroecológica Comunitária Periférica

 

Produção Agroecológica Comunitária Periférica
Redação

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