O mundo começa lentamente a implantar as redes 5G, mas já existe quem está pensando na próxima geração de transmissão de dados, e ela será moldada pela inteligência artificial. A conclusão é dos pesquisadores Razvan-Andrei Stoica e Giuseppe Abreu, da Universidade Jacobs em Bremen, na Alemanha.
Eles mapearam as limitações do 5G e, ao mesmo tempo, identificaram quais os fatores que ambos consideravam os propulsores para o desenvolvimento do 6G. As respostas convergiram para um só elemento: a inteligência artificial. Segundo a dupla de pesquisadores, a IA será a propulsão para a tecnologia móvel e toda uma nova geração de aplicativos voltada para a inteligência de máquinas.
Conexões ultrarrápidas e maciças
Nosso futuro foi pensado e tem-se delineado com a clara presença da IA. “Para aproveitar o verdadeiro poder de tais agentes artificialmente inteligentes, a IA colaborativa é a chave. E pela natureza da sociedade móvel do século 21, fica evidente que isso só poderá ser alcançado por meio de comunicações sem fio”, dizem Stoica e Abreu. Se eles estiverem certos, a inteligência artificial será a força motriz que moldará as redes de comunicações do futuro.
Se a tecnologia que permitiu os celulares moldou a sociedade e o modo de vida do nosso século, foi graças às gerações de padrões móveis. As estações-base 5G, por exemplo, lidam com até um milhão de conexões, enquanto as do 4G suportam quatro mil, e essa diferença pode ser sentida quando multidões como as que se reúnem em eventos esportivos, shows etc acessam a banda larga via celulares.
Outro fator a ser considerado é a latência, isso é, o tempo que os sinais levam para atravessar a rede. Enquanto o 5G tem latência de um milissegundo, o 4G registra o tempo de 50 milissegundos. Se isso é significativo para quem é gamer, basta pensar quanta diferença 49 milissegundos podem fazer em uma cirurgia executada à distância, usando conexão móvel. Se o 5G oferece velocidades de download de até 600 megabits por segundo (e esse valor pode ser ainda maior), amplie esse valor para 1 terabit e chegamos ao 6G.
Esse avanço, segundo Stoica e Abreu, permitirá a interconexão veloz entre agentes com IA. Isso se traduz, por exemplo, na coordenação de carros autônomos em uma grande cidade como Nova York, cujas vias têm um tráfego diário de 2,7 milhões de veículos.
Será preciso que eles saibam onde estão e para onde vão; estarem cientes de usuários dividindo o mesmo ambiente, como ciclistas, pedestres e outros veículos autônomos; e, ainda, precisarão tomar decisões como quando atravessar um cruzamento, fazer uma ultrapassagem ou ceder a vez. Para fazer isso tudo, os veículos terão que criar e abandonar numa fração de tempo redes dinâmicas ao mesmo tempo em que se integram a redes mais amplas ao longo da viagem.
“Essas interações serão primordiais para resolver problemas cujas soluções vão demandar conectividade maciça, grandes volumes de dados e latência ultra baixa – e isso é muito mais do que as redes 5G hoje oferecem”, diz o estudo.
Além da otimização de rede, outras aplicações geradas pelo 6G incluem monitoramento e planejamento do mercado financeiro, otimização de serviços de saúde e a capacidade de prever e reagir instantaneamente a eventos à medida que ocorrem – tudo isso, em uma escala jamais imaginada.