Início Araraquara Mães atípicas: “E quando eu não estiver mais aqui?”

Mães atípicas: “E quando eu não estiver mais aqui?”

Enquete do mandato da vereadora Fabi Virgílio mostra uma realidade difícil e um apoio institucional inconsistente

Uma enquete realizada pelo mandato da vereadora Fabi Virgílio revelou a rotina de mulheres com filhos neurodivergentes, com deficiências, síndromes ou doenças raras e mostrou um perfil preocupante: 60% não têm rede de apoio e, em sua maioria, vivem com renda entre 1 e 2 salários mínimos. As chamadas “mães atípicas” residentes em Araraquara convivem com incertezas sobre o futuro dos próprios filhos: “E quando eu não estiver mais aqui?”.
“O que vimos foi que as mães atípicas se dedicam integralmente a cuidar dos filhos e estão praticamente sozinhas nessa jornada. Esta é uma preocupação do meu trabalho como vereadora, porque essas mulheres não são vistas ou reconhecidas pela sociedade. E se isso não acontece, o poder público repete esse comportamento”, afirma Fabi.
Outro dado relevante mostra que as mulheres “mães atípicas” não têm lazer e tempo para cuidados pessoais. Pelo menos metade das 145 mulheres ouvidas tomam antidepressivos e 44% não exercem atividade remunerada. “A questão da renda é bem complicada, porque o mercado de trabalho não as acolhe, então a gente vê a importância de programas como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e Bolsa Família, que não podem ser negligenciados pelo governo federal”, diz a vereadora.
Semana Municipal
Um projeto de lei da vereadora Fabi Virgílio resultou na lei 10.801/23, que criou a Semana Municipal de Mães Atípicas. O objetivo é chamar atenção da sociedade para o tema, com atividades e palestras de profissionais. Outro PL também virou a lei 10.816/23, que prevê sessões de cinema inclusivo para pessoas com deficiência, como síndrome de Down e Transtornos do Espectro Autista.
“O que a gente busca é apoiar essas mulheres e seus filhos, cuidar de temas pouco discutidos como o neurourbanismo e o direito à cidade para quem enfrenta mais dificuldades motoras e cognitivas e essas mulheres que dedicam suas vidas a seus filhos”, finaliza Fabi Virgílio.
Dados da enquete
• 85% das mães tem entre 30 e 50 anos (44% entre 30 e 40 anos e 41% entre 41 e 50 anos);
• 67% são mulheres brancas, 33% são pretas e pardas;
• 74% vivem atualmente em imóvel próprio;
• 70% mulheres tem carro próprio.
• 68% delas são casadas ou em união estável;
• 72% das famílias tem plano de saúde;
• 44% tem curso superior completo, 35% completaram o ensino médio;
• 53% tem renda mensal de 1 a 2 salários;
• 44% das entrevistadas não exercem atividade remunerada;
• 23% recebem benefício assistencial, na sua maioria o BPC (Benefício de Prestação Continuada);
• Mais de 90% dos filhos tem algum Transtorno do Espectro Autismo;
• 79% das mães dizem que os filhos precisam de apoio nas escolas, e 60% delas dizem que a escola possui profissional de apoio;
• 40% das mães não tem rede de apoio;
• 81% delas não fazem terapia;
• 44% delas dizem fazer uso de remédio controlado, na grande maioria antidepressivos;
• Somente metade delas diz fazer exames de rotina;
• 81% não consegue ter tempo para se cuidar;
• Quase metade das entrevistadas diz não ter NENHUM momento de lazer;
• A maior preocupação das mães com o futuro dos filhos é sobre a autonomia deles (as), como fariam para se cuidar sozinhos, e ainda, como fariam caso elas não estivessem ali.

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