A programação da 12ª edição da Mostra Audiovisual Wallace Leal Valentin Rodrigues, realizada pela Secretaria Municipal da Cultura e Fundart, segue até o próximo dia 22 com atividades gratuitas, sob o tema “Imaginar outros possíveis”. Nesta terça-feira (17), segundo dia da programação, as atividades acontecem na Escola Municipal de Dança Iracema Nogueira (EMD) e na UNESP, no Anfiteatro A da Faculdade de Ciências e Letras.
No período da manhã e também à tarde, 8h50 e 14h30, haverá a exibição “João no reino de Papelão”, seguido com bate-papo com os diretores desta animação, para os estudantes da Escola Municipal de Dança Iracema Nogueira.
Em “João no reino de Papelão”, João é um menino que gosta das coisas simples da vida, como Manoel de Barros e Paulo Leminski. Ele entra numa viagem a mundos imaginários em busca de sua coroa de Rei. Nessa viagem ele faz novos amigos e descobre que a felicidade está em todos os lugares e que sempre é possível um novo olhar!
A animação é colorida, tem 15 minutos e foi lançada em 2022. Os diretores Rodrigo Vulcano (roteiro) e Lucas Lima (animação), depois da exibição, batem um papo com o público e contam mais sobre a produção.
Também, no Anfiteatro A da UNESP – Faculdade de Ciências e Letras, tem a exibição de “Curtas Yanomami”, com início às 19 horas. A programação apresenta: “Mãri Hi – A árvore do Sonho”, de Morzaniel Iramari; “Thue Pihi Kuiwii – Uma mulher pensando” e direção de: Aida Harika Yanomami, Edmar Tokorino Yanomami e Roseane Yariana Yanomami; e “Yuri Xëatima Thë – “A pesca com Timbó”.
Vale destacar que a Mostra Audiovisual Wallace Leal Valentin Rodrigues, com curadoria de Lívia Cabrera e Paulo Delfini, vem se consolidando no calendário de Araraquara, dialogando e trabalhando com o audiovisual e suas intersecções com as demais linguagens. O evento conta com o apoio: Sesc Araraquara, Senac Araraquara, FCL – UNESP Araraquara, e CAC / FCLAr – Comitê de Ação Cultural, além do apoio da Escola Municipal de Dança Iracema Nogueira, Associação dos Amigos da Praça das Bandeiras, ICine – Fórum de Cinema do Interior Paulista, Bar do Zinho e Centro de Convivência da Criança e do Adolescente Nossa Senhora das Mercês.
Curtas Yanomami
Os “Curtas Yanomami” da programação são atração no Anfiteatro A da FCL-UNESP às 19 horas. Os três filmes têm passado pelos maiores festivais de cinema do mundo: “Mãri hi – A Árvore do Sonho”, “Thuë pihi kuuwi – Uma Mulher Pensando” e “Yuri u xëatima thë – A Pesca com Timbó”.
“Mãri hi – A Árvore do Sonho” é o mais recente filme de Morzaniel Iramari que conta com a participação do grande líder e xamã Yanomami Davi Kopenawa. Fez sua estreia internacional no Sheffield Doc Fest no Reino Unido e, no Brasil, o filme teve sua estreia no É Tudo Verdade, onde recebeu o prêmio de Melhor Documentário de Curta-metragem na Competição Brasileira. Este é o terceiro filme dirigido por Morzaniel, cineasta Yanomami já consagrado.
A sinopse de “Mãri hi – A Árvore do Sonho” conta que “quando as flores da árvore Mãri desabrocham, surgem os sonhos”. As palavras de um grande xamã conduzem uma experiência onírica através da sinergia entre cinema e sonho yanomami, apresentando poéticas e ensinamentos dos povos da floresta.
Já “Thuë pihi kuuwi – Uma Mulher Pensando”, dirigido por Aida Harika, Roseane Yariana e Edmar Tokorino é o primeiro filme que co-dirigiram e teve sua estreia nacional na 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes. Desde sua estreia o filme vem circulando pelos principais festivais de cinema no Brasil como Olhar de Cinema de Curitiba, Curtas Kinoforum, entre outros.
O filme apresenta uma mulher yanomami que observa um xamã durante o preparo da Yãkoana, alimento dos espíritos. A partir da narrativa de uma jovem mulher indígena, a Yãkoana que alimenta os Xapiripë e permite aos xamãs adentrarem o mundo dos espíritos também propõe um encontro de perspectivas e imaginações.
“Thuë pihi kuuwi – Uma Mulher Pensando” é um dos primeiros filmes dirigido e filmado por mulheres Yanomami, com direção de Aida Harika, Roseane Yariana e Edmar Tokorino.
O olhar de uma jovem mulher sobre o trabalho dos xamãs, a prática da pesca com timbó e o conhecimento sobre os sonhos são os temas desses três novos filmes dirigidos pelos jovens cineastas Yanomami.
Por fim, “Yuri u xëatima thë – A Pesca com Timbó” conta sobre o processo de pesca com timbó, o cipó tradicionalmente empregado para atordoar os peixes, sendo um dos primeiros filmes co-dirigido por Aida Harika, Roseane Yariana e Edmar Tokorino. O filme vem marcando presença em diversos festivais do Brasil e grandes eventos de arte contemporânea como Bienal de São Paulo, Triennale de Milano e exposição The Yanomami Struggle, de Claudia Andujar, que está em circulação internacional.
No filme, dois jovens realizadores Yanomami descrevem o processo de pesca com timbó, cipó tradicionalmente empregado para atordoar os peixes. O encontro de vozes e perspectivas sugere o reencantamento das imagens como forma de contar histórias.
Os filmes integram a mais recente produção cinematográfica dos Yanomami e os quatro diretores dos 3 filmes vivem na região do Demini, na Terra Indígena Yanomami (TIY), situada entre os Estados de Roraima e Amazonas. O registro dos filmes foi feito na grande casa coletiva de Watorikɨ, na região do Demini (TIY) junto à produtora Aruac Filmes dentro do projeto “A Queda do Céu”, que conta também com a produção de um longa-metragem livremente inspirado na obra homônima de Davi Kopenawa e Bruce Albert, dirigido por Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha.
Os filmes inauguram a nova produção audiovisual dos Yanomami, produzidos por jovens que fazem parte de um grupo composto em 2018 pela Hutukara para se tornarem comunicadores e difundirem o trabalho da associação entre os Yanomami, e para outros povos e os não-indígenas, que assim poderão conhecer mais sobre o povo Yanomami e seus conhecimentos e ampliar a luta pelos direitos indígenas sob novos pontos de vista, além de fomentar a circulação de saberes entre os jovens e os mais velhos.
Os filmes são uma produção Aruac Filmes com coprodução da Hutukara Associação Yanomami e produção associada da Gata Maior Filmes. Os filmes contam com o apoio institucional do Instituto Socioambiental e apoio de uma rede de fundações e apoiadores internacionais que trabalham diretamente com a Amazônia Brasileira.
O diretor Morzaniel Iramari conta que o filme “Mãri hi – A Árvore do Sonho” vai ajudar a fazer com que os não-indígenas conheçam o povo Yanomami. “Assim todos podem conhecer como nós vivemos na nossa casa e como nós sonhamos, como os xamãs sonham. Esse filme dos yanomami vai fazer os brancos sentirem. Assim eles vão começar a pensar em como apoiar os yanomami. Eles vão pensar junto com os yanomami, como nós estamos pensando, para melhorar a terra e melhorar a saúde do nosso povo porque hoje a saúde está ruim na terra yanomami. Muitas pessoas estão morrendo de doenças por causa dos garimpeiros que invadiram o nosso território e estão destruindo a floresta. Eles levaram doenças, violência e saúde foi abandonada pelo governo brasileiro nos últimos anos”, aponta.
“Se a floresta morrer, os yanomami vão morrer, e tudo vai morrer. O povo da cidade também vai morrer junto. Eu espero que vocês possam também defender o povo yanomami. Eu espero que vocês possam nos ajudar a viver em paz, livres de invasores, e com uma boa saúde.”