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O Natal e a Constelação Familiar                                                                                                                                                        

Herdamos, emocionalmente, muitas situações de conflito, originárias do nosso sistema familiar

Célia Pires – Colaboração

O Natal é um momento especial para a reunião da família, mas nem tudo são flores, pois algumas pessoas não querem se reunir apenas por obrigação e alegam que até preferem ficar sozinhas em casa porque vão se deparar com pessoas que as desagradam. Muitos, porque nessa época tiveram brigas que geraram conflitos e causaram mágoas profundas e outros, por exemplo, por perda de entes queridos nessa época do ano ou em datas comemorativas importantes. E a culpa não é do Natal em si.

 “A Constelação Familiar é uma filosofia de vida que pode ser considerada uma técnica integrativa terapêutica, que inclusive está no SUS (Sistema Único de Saúde). “Assim como a acupuntura, florais, Reiki, entra como técnica integrativa de cura. Funciona como terapia, mas é muito mais que isso. É uma filosofia de vida que estuda os relacionamentos humanos”. A informação é de Marcelo Miura, artista plástico sistêmico, facilitador em Constelação Familiar, practitioner em Barras de Access e fundador do Instituto Consciência Plena.

Miura explica que tudo é relacionamento. E que gente se relaciona a todo instante, na rua, mercado, shopping, cinema, restaurante, ambiente de trabalho, internet, escola, etc., com outras pessoas e nem sempre essas relações são harmoniosas no nosso dia, pois há estresse, ranço, brigas, mágoas, as pessoas se machucam, cria-se expectativas, tomamos partido e com isso vem todas as confusões que a gente conhece. “Geralmente, a gente leva pra vida os relacionamentos afetivos, de forma inconsciente, as dinâmicas de relacionamento que a gente teve na nossa família de origem, ou seja, da onde a gente veio: o pai, a mãe, irmãos. Já a família constituída é a família que a pessoa compõe: esposo(a) e os filho. Então, de repente, os problemas que o indivíduo tem de relacionamento na vida, seja com esposa, marido, namorado(a), ambiente de trabalho, patrão, colega do serviço, amigo da escola, da faculdade, enfim qualquer problema, geralmente é um repeteco do que aconteceu de relacionamento com a sua família. “A gente só vai reproduzir na vida quando começa a ir para o mundo, as mesmas dinâmicas. Então, por exemplo, se a gente vem de uma família onde tem muita violência e agressividade, vai atrair pessoas, -porque a gente carrega esse padrão conosco energeticamente falando-, com esse padrão de violência, de guerra, de agressividade, de conflito, confronto que a pessoa traz da sua família, pois fica vibrando isso em seu campo de energia”.

Confrontando

O constelador ressalta que quando começamos um relacionamento não estamos nos relacionando só com uma pessoa.” Você tá se relacionando com o sistema da pessoa inteiro, com a família inteira, com o sistema familiar ele inteiro e vice-versa. “Todos os sistemas vão estar juntos, pois somos a somatória de todos os nossos ancestrais. Só que as famílias vivem de forma igual? Aprendem coisas iguais? Têm o mesmo perfil? Estão no mesmo grau evolutivo? Estão na mesma frequência? Não. Então, o que que acontece é que, por exemplo, a pessoa tem uma família mais quieta e se junta, se apaixona, se casa com alguém cuja família fala alto, grita e a pessoa, muitas vezes, fica chocada, porque gosta de fazer as coisas sozinha, sem pessoas se metendo na sua vida. Certas intromissões da sogra, de cunhadas ou outros familiares querendo saber da vida da pessoa. Muitas vezes, a pessoa começa a criar um ranço, pois entende aquilo como algo invasivo, e, de repente, até é, mas para a família é normal porque eles aprenderem, cresceram e são assim, mas para a pessoa não, como de repente tem coisas, traços do seu comportamento da sua família que eles também podem desaprovar. A briga está aí, porque a gente não aceita as pessoas como são a gente não tolera as pessoas como são”.

Tudo muda com a consciência sistêmica

Marcelo ressalta que o Natal é a celebração do nascimento do menino Jesus e, geralmente, as pessoas pensam em Natal como festa, comida, roupa que vai vestir, deixando, muitas vezes, em segundo plano Jesus e todo o trabalho e missão dele. “E é principalmente, no Natal que as famílias se juntam e aí é que começa o negócio: como é a harmonização? Vai passar na casa da minha mãe? Vai passar na casa da sua mãe? Como é que vai fazer, hein? Aí começa todo o conflito: eu não vou na casa da sua mãe porque não suporto o marido da sua irmã e aí começa tudo aqueles negócios do ‘tem que ir’ e a pessoa não quer ir, porque tem desarmonia. É um sistema estranhando o outro sistema, um grupo estranhando o outro, um clã estranhando outro clã. Tem famílias, por exemplo, que não esperam meia-noite para comer e outras que só comem religiosamente a partir deste horário. Então, podem surgir brigas, juntam as ‘panelinhas’. Ai, as pessoas esquecem de Jesus, protagonista da celebração e exaltam o ego, a rivalidade e se vem assunto de política, acabou o Natal. Tudo isso acontece porque a gente tem a tendência de tomar partido, e não vê a vida com equanimidade, de forma neutra. Quando a pessoa tenta viver na neutralidade as pessoas que gostam de tomar partido chamam a gente de omisso, que fica em cima do muro. Não. Estou escolhendo. Escolho não ir pro conflito. Eu posso ajudar o planeta de outra forma, mas eu não preciso brigar, na política estar na esquerda ou direita, do lado de um do lado do outro, brigar por um time ou outro. Com essa consciência sistêmica, futebol, por exemplo, para mim é só um jogo. Não vou levar para o lado pessoal, não vou levar isso para o coração, pois enquanto, as torcidas ficam brigando uma com a outra, mais milionários os jogadores vão ficando, enquanto as pessoas brigam por causa de política e ideologia, muitos políticos se ajudam entre si para criar leis para se defenderem, para continuarem na corrupção. Então é besteira a gente ficar tomando partido pelos outros. E é o que mais acontece nessas reuniões, principalmente, nessa época de Natal porque formam as panelinhas, onde estão falando de roupa, de música, mal dos outros, do governo, de algum político, da vizinha, enfim, sempre falando mal de alguém, julgando ou criticando ou está com dó. Isso porque nossa mente não sai do julgamento ou da crítica. A gente fica preso nessa dinâmica: ah, não estou falando mal, só estou comentando! Então, o outro é seu assunto. As pessoas fazem isso porque têm dificuldade de olhar pra dentro, de fazer um autoconhecimento, se desenvolver como ser humano, expandir a consciência, ler e estudar mais, fazer meditação, fazer mais oração, cuidar da alma, do espírito, cuidar da essência. As pessoas não foram treinadas, principalmente, aqui no ocidente, desde criança a fazer yoga, meditação, fazer algo que transcende. Já entra no ensino médio e já começa a falar da faculdade. Vê o outro como inimigo, como concorrente, não como irmão fraterno. Então, a gente é treinado para ficar nessa Matrix aqui na competitividade, no egoísmo, na ganância, na ira, na vingança, na vaidade e tudo isso afasta a gente como centelha Divina perante Deus, pois somos e estamos todos conectados e esse mundo que é do ego faz com que a gente fique se distraindo com essas briguinhas, essas picuinhas da vida e pouco se vai para dentro. Por isso que tem esse monte de conflito onde as pessoas têm dificuldade de olhar para dentro.

Então, quando a pessoa não tem consciência nenhuma, vive dessa forma como todo mundo faz. E até eu fazia assim no passado. Agora tudo muda com a consciência sistêmica que a Constelação Familiar nos traz. Tudo está conectado energeticamente, vibracionalmente. Com isso, não tem como prejudicar alguém sem me prejudicar, sem prejudicar a minha família e quando a pessoa começa a participar das constelações quando a pessoa começa a ter essa vivência maior quando a pessoa começa a ter uma convivência maior que nós somos todos conectados a pessoa expande a consciência a pessoa se desenvolve como um ser humano e a pessoa ela faz uma reforma íntima fantástica”.

Respeito

Para Miura a grande mensagem da consciência sistêmica através da Constelação Familiar, reside na importância de valorizar a família de origem do(a) parceiro(a) porque é de lá que eles vieram. “Quando a gente entende isso, fica tudo mais fácil, quando a gente faz esse movimento de respeitar e ver essas dinâmicas de ambas as famílias de forma respeitosa, tudo fica mais tranquilo. Quando a gente entende que o outro é como é, passa a ter uma postura respeitosa, de não julgamento e permite que as pessoas sejam como elas quiserem ser. Quando a pessoa fica em paz consigo mesma, com seu sistema familiar, começa a vibrar com essa consciência sistêmica. Vai levar a paz, levar a amizade, prosperidade, alegria, porque ela já vem de um estado assim. Sendo luminosa, aonde for vai iluminar pessoas, mas se fizer algo para prejudicar os outros vai ter preço, a pessoa cria um karma e vai ter que responder por isso”.

E quanto ao Natal, ele diz que é preciso entender que Jesus foi a pessoa que mais olhou para os diferentes, para os excluídos e muitas pessoas se dizem cristãs, mas não se comportam como Cristo, são a favor de pena de morte. “Está escrito ‘não matarás’ e aí como é que faz? Ama teu próximo como a ti mesmo. Então que a gente possa olhar para o Natal e ver o mesmo com mais profundidade, pois tem muito significado nessa história, tem muita mensagem em todos esses símbolos do Natal e que a gente possa ter sabedoria para olhar para isso e olhar nosso semelhante não importando a raça, etnia, a orientação sexual, a religião. O que importa é a pessoa ser humana e estar aqui na Terra. É irmão fraterno e que a gente tenha esse olhar. Não precisa levar pra dentro da sua casa, mas que a gente possa ver todos com os olhos do nosso mestre Jesus que tanto se sacrificou por nós. Quando a gente adquire a consciência sistêmica através da constelação familiar, a gente começa a ficar bem com tudo e com todos, não fica mais criando ranço, pois a constelação nos tira da condição de vítimas. Ela vibra a paz, faz a gente ficar bem com a gente mesmo, mais equilibrados. E tudo isso é reflexo da cura. É a cura acontecendo na vida da pessoa. Quando a gente faz a constelação, a gente fica tão mais calmo, porque a gente sai da guerra, do confronto e do conflito. Quando temos consciência sistêmica temos um movimento respeitoso com as pessoas, reverenciamos o pai e a mãe das pessoas nelas mesmas, pois somos 50% mãe e 50% pai. Isso é maravilhoso. Quando a gente tem esse movimento maravilhoso com as pessoas muda tudo, como é encantador ver essa mudança, pois a pessoa se sente vista, se sente respeitada e honrada, pois estamos vendo a mãe e o pai nela. Quando fazemos a Constelação nos sentimos mais calmos, pois saímos da guerra, do confronto, do conflito e ficamos em paz com pai e mãe dentro dos nossos corações”.

Informações:16 98246- 0934

Redação

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