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Painel Político de quarta-feira, 13 de novembro

José Augusto Chrispim/Hamilton Mendes

 

Bolsonaristas em campo

O novo partido de Jair Bolsonaro já tem nome, e vai se chamar Aliança pelo Brasil. E de acordo com Rodrigo Ribeiro, homem dos Bolsonaros na região de Araraquara, a nova sigla tem como primeiro objetivo já estar apto a disputar o pleito municipal de 2020. Nesse sentido, o jovem, que já estava de sobreaviso desde a última semana deve desencadear imediatamente os trabalhos para recolher o máximo de assinaturas nas regiões sob sua responsabilidade, visando a regularização da nova legenda.

 

Movimento conservador de Araraquara permanece fiel a Bolsonaro e vai cuidar na região da organização do clã, Aliança pelo Brasil

Dúvida

O único entrave à criação da nova legenda é o reconhecimento de assinaturas digitais. Se o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reconhecer as assinaturas, os bolsonaristas acreditam ter condições de recolher as assinaturas necessárias para criar Aliança para o Brasil até março de 2020. A data é limite para que a nova agremiação possa disputar as Eleições municipais do ano que vem.

Quem fica e quem sai

De acordo com o apurado pela coluna, a saída de Jair Bolsonaro do PSL deve desencadear uma verdadeira debandada de militantes leais ao presidente do partido, todos já engajados na organização da nova legenda que vai abrigar o grupo. A mesma situação não se aplicaria aos bolsonaristas com mandato: estes ficariam no PSL até a situação da nova agremiação estar legalizada. Só depois disso é que o pessoal cuidaria deixar a nau.

Como fica o PSL?

A saída de Bolsonaro do PSL encerra duas situações distintas: na primeira, termina a curta passagem do presidente no partido, que até a data de sua filiação era nanico, contava com apenas um deputado, e era tido como sendo de aluguel. Principal responsável por fazer do PSL um grande partido – com 53 deputados federais eleitos em 2018 – Bolsonaro não conseguiu assumir o controle da agremiação, desencadeou uma verdadeira “guerra” contra o presidente nacional da legenda, o deputado Luciano Bivar, e agora tenta viabilizar o Aliança pelo Brasil. Para os aliados do presidente da República, o PSL encolhe muito, vai se tornar uma legenda morta, e ficará conhecido por ter traído o presidente. Entre os apoiadores de Bivar, há quem veja ganho com a saída de Bolsonaro, pois o discurso radical perde espaço.

Custódio

Para o deputado estadual Júnior Bozella, o PSL fica um partido menos radical, mas continuará sendo um partido de direita. “Vamos continuar de direita, mas não somos extremistas. Defendemos o diálogo, somos diferentes do Bolsonaro”, disse. Bozella acredita que a ala que fica é mais ponderada, madura e quer se tornar uma opção de direita inteligente. Para o deputado, não vai haver problemas de relacionamento com os bolsonaristas que vão permanecer, mesmo que o líder na Câmara seja Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). “Temos regras, estatutos e uma executiva nacional para punir quem não seguir o que está escrito”. Bozella deve nomear seu assessor Marcos Custódio para dirigir os destinos do PSL em Araraquara.

Esquerda sem frente

De acordo com o afirmado pelo atual presidente nacional do PDT, o ex-ministro do trabalho de Lula e Dilma, Carlos Lupi em entrevista ao O Imparcial, o partido não integrará uma eventual Frente de Esquerda em Araraquara. E, mais: fará o mesmo em boa parte do País. Lupi afirmou que eventuais acordos com outros partidos de esquerda – leia-se PT – representaria o mesmo que abdicar ao direito de ser um partido efetivo, ou protagonista, no cenário nacional. Se na região de Araraquara o nome de Pedro Baptistini é visto com a credibilidade necessária para alavancar o projeto de Ciro Gomes, em outras frentes parece que PDT e PT não vão só ficar apartados. A fala agressiva de Ciro ao criticar Lula nas últimas goras deixou pistas de que eles vão é para o pau.

Os Bolsonaro se matam entre eles

O ex-ministro Carlos Lupo disse ainda ao O Imparcial que o governo Bolsonaro é um retrato do comportamento de sua família – leia-se, filhos – e dos conflitos que eles se envolvem. “O governo Bolsonaro se dá na sua família, no partido e na rua. Eles não precisam de oposição. Basta que a imprensa entreviste um deles por dia e eles mesmos se derrubam”, afirmou.

Paulo Guedes não dará conta

Falando sobre a equipe econômica do governo Bolsonaro, Lupi afirmou à coluna Painel que mesmo tendo no governo um homem vindo do sistema financeiro e bastante respeitado no meio, o ministro Paulo Guedes, “… homem de confiança dos banqueiros….”, o que ele quiser fazer ao sistema que representa, terá muitas dificuldades para executar, porque tem pela frente o presidente Bolsonaro e seu comportamento imprevisível. “Não tem controle, não tem como tirar o presidente do jogo. E ele não garante estabilidade”, cravou.

 

O ministro Paulo Guedes não tem controle da situação

Autoritarismo

Comentando sobre como a classe política, especialmente a esquerda brasileira vê o governo atual, Lupi afirmou que é todos o veem, antes de tudo, com muita tristeza. Para ele, o governo Bolsonaro coloca em risco as instituições, é uma ameaça concreta ao sistema democrático, e seu comportamento, que seria pautado pelo “ódio, radicalismo e homofobia”, faz dele um governo fortemente autoritário. “Isso desmoraliza o Brasil”, disse Lupi, afirmando que basta andar por qualquer país do mundo civilizado para checar que o Brasil está sendo ridicularizado lá fora. “E isso é grave”.

Brasil em erupção

Para Lupi, o Brasil está anestesiado e é um vulcão adormecido, mas pode entrar em erupção a qualquer momento. E como exemplo, o ex-ministro se disse impressionado com o que ocorre no Chile, na Bolívia e na Venezuela. “Especialmente no Chile, porque trata-se de uma democracia consolidada”, disse, destacando sua surpresa com o momento brasileiro. “Parece que a população está adormecida, anestesiada. Mas ela pode explodir”, falou.

2013 esquecido

Durante a entrevista a reportagem do O imparcial lembrou que o brasileiro não parece tão adormecido assim, e citamos como exemplo os acontecimentos de 2013, quando brasileiros de norte a sul do País saíram às ruas protestando contra a política e contra os políticos brasileiros. E tudo isso sem qualquer bandeira ou liderança. O Brasil saiu as ruas deixando clara sua insatisfação, enquanto a classe política permanecia encastelada em Brasília e nos Palácios de governo estaduais aguardando a tempestade passar. E ela passou nas ruas, mas não nos corações das pessoas…

 

Em 2013 o brasileiro saiu às ruas de norte a sul do Brasil sem líderes e sem uma bandeira específica: o povo protestava contra a política praticada do país e os políticos

Enterro democrático

O resultado de toda a movimentação de 2013 foi a eleição de Bolsonaro em 2018, com o consequente fim de muitas carreiras políticas ainda tidas como representativas. E o brasileiro mostrou não ter preconceito algum, tratando de enterrar personagens de todas as cores, partidos e preferências. Foram para o vinagre políticos de todo lado: PSDB, PMDB (que logo tratou de mudar de nome), PT, PTB e outros…

Envolvimento com milicianos

E dentre tantas afirmações fortes, Lupi não economizou palavras ao falar do futuro político do presidente Bolsonaro. Segundo ele, que está radicado no Rio de Janeiro há muitos anos, logo, logo devem acontecer muitas revelações de milicianos sobre a vida política do clã. “São alianças eleitorais entre os Bolsonaro e os milicianos…..ele só entrava em algumas áreas do Rio de Janeiro porque tem envolvimento…e quem são eles? São policiais que atuam em hora de folga, alguns na ativa, outros aposentados……. Administram o “gato net”, “a venda de gás”, “o Uber”…” os mototaxistas”…”os bailes funk”……tudo o que você possa imaginar eles controlam….e eles fazem isso em troca de proteção….isso vai estourar”, afirmou Lupi. Que concluiu: “Quando puxar o fio disso aí não fica pedra sobre pedra. Ele tem uma caneta carregada, é o presidente, mas não vejo como ele possa completar os 4 anos. Não estou otimista, não”, afirmou.

 

Presidente nacional do PDT visitou a redação do O Imparcial e foi bastante ácido ao falar do presidente Bolsonaro

Não acabaram os privilégios

Falando sobre a Reforma da Previdência, apresentada na grande imprensa como primeira grande vitória do governo Bolsonaro, o ex-ministro do trabalho chamou a atenção para o fato de que ela não tirou qualquer privilégio daquelas classes mais favorecidas, leia-se, judiciário e parlamentares, dentre outros. “O governo não mexeu com os marajás do poder judiciário, onde tem juiz ganhando mais de R$ 200 mil. Não mexeu com as assembleias Legislativas, com os Tribunais de Contas. É gente poderosa”, falou. Afirmando que mais 80% dos penalizados com a Reforma, foram os cidadãos comuns que ganham até R$ 3 mil e as pensionistas, que perderam 40% de sua pensão. “Esse é o cerne da questão”, concluiu.

Redação

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