A volta gradual e responsável das aulas presenciais é de extrema importância para a saúde de crianças e adolescentes. O retorno, que está previsto para 8 de fevereiro na rede municipal, tem aprovação das autoridades médicas, conforme ressalta o pediatra Jairo Luis de Mattos, em entrevista ao programa ‘Canal Direto – Especial Coronavírus’, que foi ao ar nesta quinta-feira (7), no Facebook da Prefeitura.
De acordo com o médico, a Sociedade Brasileira de Pediatria entende que o retorno gradual às aulas presenciais em um ambiente seguro traz ganhos emocionais e físicos aos alunos. Após cerca de um ano longe das escolas, muitas crianças e adolescentes vêm apresentando ansiedade, depressão, atraso de fala e até obesidade, segundo Dr. Jairo.
“Tivemos muitos casos de obesidade, principalmente a partir dos 6 e 7 anos de idade. Criança até os 6 anos consegue correr e brincar dentro de casa, gastar energia, mas os mais velhos não, eles ficam parados em casa, deitados, no celular. Temos visto muitas crianças que ganharam um quilo a mais a cada mês de quarentena. Lá na frente esse ganho de peso levará a diabetes, hipertensão e doença cardiovascular”, alerta.
O pediatra ressalta, especialmente, os prejuízos emocionais e cognitivos ocasionados pelo longo período de isolamento social. “Vai aumentando o fosso de desenvolvimento cognitivo e de interação social. A interação é importante para o desenvolvimento do cérebro, para a maturação das crianças. O homem nasceu para ser socializado. Sem interação com outras pessoas o cérebro não se desenvolve”, explica.
Segundo ele, é preciso que alunos e profissionais da educação se conscientizem da importância das medidas de prevenção para um retorno seguro e tenham disciplina neste momento. “Professores terão que ter um cuidado a mais com crianças menores de 3 anos, porém, aparentemente, a transmissibilidade do vírus é muito baixa nas crianças”, diz.
Dr. Jairo pontua, ainda, que crianças e adolescentes apresentam quadros, em sua maioria, leves e ou assintomáticos de Covid-19, conforme aponta a comunidade médica.
Para ele, o prolongamento do fechamento das escolas impactaria, principalmente, nas crianças dos grupos sociais mais vulneráveis, gerando ainda mais prejuízos cognitivos e educacionais.
O pediatra defende que o retorno de crianças e adolescentes às salas de aula presenciais seja feito de maneira gradual e segura, a exemplo do que ocorrerá na rede municipal. A volta será de forma parcial e não obrigatória, limitada à presença máxima de 35% do número de alunos matriculados em cada unidade.
Serão priorizados os alunos que apresentam comprometimento ou prejuízos cognitivos, aqueles que não conseguiram ter acesso às atividades on-line ou impressas disponibilizadas ao longo de 2020, bem como aqueles que estão em situação de vulnerabilidade, objetivando minimizar os impactos no processo educacional e da aprendizagem decorrentes de um longo tempo sem escola, evitando também o abandono e a evasão escolar.
Todas as instituições de ensino adotarão medidas de segurança previstas nos decretos estaduais e municipais que tratam da pandemia de Covid-19, e seguirão as diretrizes estabelecidas no Protocolo Sanitário de Retorno das Atividades Presenciais dos Estabelecimentos da Rede de Educação Básica do Município, instituído pelo decreto municipal nº 12.398, de 28 de outubro de 2020.
Alunos e profissionais que pertençam ao grupo de risco, por possuírem comorbidades, não devem retornar às atividades presenciais.
Como o retorno não é obrigatório, o médico dá dicas aos pais dos alunos que continuarão estudando em casa. Manter uma rotina como se o aluno estivesse indo à escola – incluindo acordar cedo para realizar as atividades escolares –, cuidar do sono e da alimentação estão entre as principais orientações.
Para aqueles que voltarão às atividades presenciais, as recomendações básicas são usar máscara, lavar as mãos com frequência, ter álcool em gel à disposição, levar a própria garrafinha de água para abastecer no bebedouro e manter o distanciamento.
Dr. Jairo Luis de Mattos é formado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, trabalhou na rede de postos de saúde de Araraquara por 31 anos, atualmente trabalha em consultório próprio e é professor da especialidade de Pediatria do internato de Medicina da Uniara.