Início Araraquara PEQUENAS PEDRAS POLIDAS – AZULEJARIA NO ACERVO SESC E EM OUTRAS COLEÇÕES

PEQUENAS PEDRAS POLIDAS – AZULEJARIA NO ACERVO SESC E EM OUTRAS COLEÇÕES

Exposição investiga a utilização do azulejo na produção artística brasileira, evocando a diversidade de linguagens entre autores modernos como Athos Bulcão e Flavio de Carvalho, e contemporâneos como Regina Silveira, Sandra Cinto e Rosana Paulino

Uma extensa pesquisa sobre a produção da azulejaria, material visto tanto na arte quanto na arquitetura, como um “saber fazer” tradicional do Brasil, resultou em Pequenas Pedras Polidas, que o Sesc Araraquara inaugura dia 14 de setembro. A exposição, a partir do Acervo Sesc de Arte, estabelece diálogos com trabalhos de artistas presentes em outras coleções.

“Ao nos aprofundarmos no Acervo Sesc de Arte, observamos sua existência diversa relacionada a estilos, técnicas e sua constante expansão. Propondo uma experiência de troca, um encontro entre espectador e obra, despertando sensações, curiosidade e envolvimento. Distinguindo-se por sua vocação educativa, o Acervo dialoga com o público, oferecendo interações obra-espaço, incorporando a arquitetura e os recortes curatoriais das atividades programáticas do Sesc”, ressalta Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo.

Com cerca de 80 obras, a exposição, com curadoria de Yuri Quevedo, apresenta artistas identificados com o modernismo e nomes contemporâneos, que refletem principalmente o acervo da casa. Na mostra, os grandes painéis em azulejaria são representados em fotos, enquanto serigrafias, desenhos e estudos indicam modelos para aplicação em grandes superfícies. Há ainda trabalhos em que os artistas utilizam o azulejo como tela; e outros, nas composições de suas pinturas, fotografias e técnicas de impressão. 

Os dez painéis instalados nas unidades do Sesc, ilustrados na mostra com fotografias de Everton Ballardin, tem autoria dos artistas: Vicente de Mello (24 de Maio), Coletivo Muda (Birigui), Sandra Cinto (Santo André), Hudinilson Jr. (Pompeia), Sergio Niculitcheff (Pinheiros), Regina Silveira (Santo André), Takashi Fukushima (Santo André) e Antonio Paim Vieira (Bertioga).   

Segundo o curador, trata-se de uma coleção que investiga a técnica, e as possibilidades que ela traz para uma relação com outras linguagens – em especial, as questões que ela coloca para o desenho. “O grid modular oferecido pelos azulejos, organiza, amplia e distorce desenhos – constituindo-se num ambiente virtual onde as ideias se expandem ganhando paredes, atestando fenômenos, construindo paisagens, questionando usos e distorcendo convenções”, afirma.

Em uma exposição que observa a arte da azulejaria não poderia faltar Athos Bulcão, adverte o curador. Do artista, o acervo Sesc de Arte guarda as serigrafias que criaram os icônicos painéis: Igrejinha de Nossa Senhora de Fátima em Brasília (1957), realizado a pedido da primeira dama Sara Kubistchek; Congresso Nacional (1971); Instituto Rio Branco (1998); e Instituto de Artes da Universidade de Brasília (2000). Além das serigrafias, a exposição traz fotos dos painéis instalados.   

Em Pequenas Pedras Polidas encontram-se outras preciosidades, como as serigrafias, desenhos e estudos feitos por Rubens Gerchman para os azulejos da piscina, vestiários e comedoria do Sesc Pompeia (1977-1984), durante a obra de Lina Bo Bardi, autora do projeto arquitetônico da unidade.

Já entre os artistas que trabalham sobre o azulejo diretamente, destacam-se as obras de Alfredo Volpi, Flavio de Carvalho, Lothar Charoux, Sidney Amaral e Cristina Pape, enquanto Rosana Paulino, Ding Musa, Alex Valauri, Eduardo Coimbra e Flavio Damm integram a imagem do objeto em suas produções. Por sua vez, Tiago Gualberto apresenta a única obra comissionada especialmente para a mostra, a intervenção Céu Espelhado (tinta sobre adesivo plástico).

“O azulejo muitas vezes foi usado como fundamento e recurso de projetos modernos com objetivos diversos. Mais recentemente, a técnica também tem sido pensada como marca e forma da colonização, maneira que indica um passado de imposição e violência e que pode ser evocado com o objetivo de denunciá-lo ou subvertê-lo”, conclui Danilo Santos de Miranda.

SOBRE O ACERVO SESC DE ARTE

O Acervo Sesc de Arte representa um patrimônio cultural da instituição e se constitui como suporte para o trabalho de ação cultural e educativa da linguagem de artes visuais. Suas mais de duas mil e seiscentas obras encontram-se distribuídas nas unidades da capital, litoral e interior do Estado de São Paulo. Preservar e difundir essa coleção corresponde a um de seus múltiplos compromissos com a democratização do acesso à cultura. Esse processo se concretiza pelo estímulo à sensibilidade e à aprendizagem do olhar por meio do contato direto entre público e obra de arte.

As obras ficam expostas de forma permanente nas unidades do regional, por vezes em espaços não convencionais como piscinas, comedorias e ginásios. Podem integrar recortes de exposições temporárias, estabelecendo relações com outras obras e fazendo parte de discussões específicas em cada projeto.

Serviço

Exposição

Pequenas Pedras Polidas

Abertura: dia 14/9, quinta-feira, 19h.

Visitação:

De terça a sexta-feira, das 13h às 21h30

Sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 18h.

Grátis

Livre

Redação

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