Por José Augusto Chrispim
Com a proximidade das eleições municipais que acontecem no próximo dia 6 de outubro, o cenário político de Araraquara está se movimentando e os principais pré-candidatos ao 6º da Prefeitura já se apresentam e buscam apoio para o pleito.
Prazos
Entre os dias 20/07 e 05/08, ocorrem as convenções partidárias e a escolha de candidatos (as) à prefeitos (as) e vereadores. O dia 15 de agosto é o prazo final para registrar os nomes dos candidatos às prefeituras e cargos de vereadores na Justiça Eleitoral.
Pré-candidatos à Prefeitura
Até o momento, pelo menos cinco nomes já surgem como pré-candidatos, à Prefeitura de Araraquara, são eles: Eliana Honain (PT), Luis Claudio Lapena Barreto (PL), Marcos Garrido (PSD), Pedro Tedde (Novo) e Edna Martins (PSDB).
Entre esses nomes, Edna Martins foi a última confirmada, pois, foi ventilada nos bastidores uma possível negociação entre ela e a equipe da pré-candidata do Partido dos Trabalhadores, Eliana Honain, para um eventual apoio à candidata do prefeito Edinho Silva. Porém, a tucana confirmou a sua pré-candidatura à prefeita de Araraquara, em entrevista exclusiva ao O Imparcial.
Edna Martins tem 55 anos, é socióloga, professora universitária e foi vereadora por três mandatos. A tucana, que é presidente do PSDB de Araraquara e do PSDB Mulher do Estado de São Paulo, concorreu à Prefeitura de Araraquara em 2016 e obteve 28.595 votos, o que correspondeu a 28,93% do total.
Veja a entrevista na íntegra:
O Imparcial – Você pretende concorrer à Prefeitura de Araraquara em outubro?
Edna Martins – No momento sou pré-candidata à prefeita de Araraquara. De acordo com a legislação eleitoral, partidos e federações realizarão as convenções partidárias entre 20 de julho e 5 de agosto para deliberar sobre coligações e escolher candidatas e candidatos aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador.
O Imparcial – Como presidente do Diretório local do PSDB, como você vê a força política do partido na cidade?
Edna Martins – O PSDB é um partido do campo democrático e tem um histórico de realizações importantes em Araraquara, como o Poupatempo, a FATEC, o Banco do Povo Paulista, o Bom Prato, o apoio à Santa Casa e mais recentemente a implantação da Casa da Mulher Paulista e da Casa SP Afro Brasil, para citar apenas algumas conquistas do PSDB para a cidade.
Líder histórico do partido, Roberto Massafera foi prefeito de Araraquara, desenvolveu um projeto progressista na cidade e foi deputado estadual por três mandatos. Na Câmara Municipal, o PSDB sempre defendeu e aprovou projetos importantes para a cidade. Fui a primeira mulher presidente da Câmara na história da cidade e desenvolvemos projetos estruturantes como protocolo de atendimento às vítimas de violência, coordenamos a revisão do plano diretor da cidade, criamos a Escola do Legislativo, Sessão Cidadã criamos o projeto Parada Segura, entre outros.
No mês passado, o PSDB realizou um encontro de lideranças em defesa na democracia que lotou o plenário da Câmara Municipal. Articulamos uma federação com o Cidadania, estamos revigorando nosso partido com renovação de lideranças comunitárias e apresentaremos para a cidade uma excelente chapa de pré-candidatos a vereador.
O Imparcial – Você acredita em uma eleição polarizada entre PT e PL, ou vê espaço para uma terceira via com chances de vitória?
Edna Martins – A polarização empobrece a democracia e o debate sobre os reais problemas da cidade. Ouvir o pulsar das ruas está no DNA do PSDB. Realizamos muitas reuniões nas mais diversas regiões da cidade e sabemos que a sociedade quer propostas concretas, alternativas inteligentes e modernas para os problemas da cidade, não um debate ideológico estéril. O PSDB sabe qual sociedade queremos e defendemos um projeto sustentável para o futuro de Araraquara.
O Imparcial – Sendo a única candidata mulher em 2016, você disputou a Prefeitura e obteve quase 30 mil votos, ficando em segundo lugar. Hoje, você disputa com outra mulher. Para você, isso mostra que as mulheres ganharam mais espaço na política nos últimos anos?
Edna Martins – A votação expressiva que tive como candidata à prefeita mostra o crescimento da aceitação da liderança feminina na cidade. Nós do movimento de mulheres, que damos sequência a essa reivindicação histórica por mais participação política das mulheres estamos felizes por ver essa grande aceitação do eleitor para candidaturas femininas.
Certamente isso é resultado dessa luta incessante das mulheres. Houve avanços, mas as mulheres continuam enfrentando muitas barreiras e sendo vítimas de ataques de ódio, de violência, de campanhas de desinformação e de notícias falsas. Isso tem afetado negativamente, inclusive, candidaturas de mulheres nestas eleições municipais. É preciso estar vigilante o tempo todo. O próprio Tribunal Superior Eleitoral tem realizado campanhas para incentivar a participação da mulher na política. Em Araraquara, estamos trabalhando também para renovar e ampliar a representação feminina na Câmara Municipal.
O Imparcial – Nos bastidores, correu a informação que você não disputaria as eleições e apoiaria a chapa da candidata do PT, Eliana Honain. Houve alguma conversa entre os partidos nesse sentido?
Edna Martins – O PSDB defende a democracia e valoriza o diálogo. Conversamos com as diversas correntes políticas. As especulações são comuns nesse período que antecede as eleições. Neste momento, sou pré-candidata à prefeita de Araraquara.
O Imparcial – Como você vê o avanço da extrema-direita no Congresso e na Câmara Federal que vota pautas de costume e ideológicas, como a PEC do aborto, deixando de lado discussões importantes como a Reforma Tributária, entre outras?
Edna Martins – Trabalhei durante muitos anos no atendimento de mulheres vítimas de violência no Cedro Mulher – Centro de Defesa dos Direitos da Mulher, e sempre foi muito chocante ver o sofrimento das meninas e mulheres estupradas e da família dessas pessoas. É um sofrimento inimaginável.
Fazendo coro com uma política de retrocessos em várias áreas, os deputados da Câmara Federal resolveram regredir na legislação para punir as meninas e mulheres que recorrerem ao aborto legal após o estupro. Fico pensando porque esses deputados sem nenhum conhecimento sobre esta questão resolveram atuar exatamente para punir as mulheres? Por que não punir com mais efetividade os agressores? Já quando se trata de punir as mulheres, os deputados resolveram que há urgência na votação do projeto. Foram necessários 27 segundos para a votação.
Diante da dura realidade e todos os problemas que temos em nosso país, os deputados resolveram legislar contra as mulheres. As mulheres são mortas, as mulheres são violentadas, são agredidas e ninguém está preocupado com isso? Se defendessem a vida, defenderiam a vida de todas as pessoas, inclusive das mulheres. Precisamos dizer um sonoro não à esta Câmara dos Deputados.
O Imparcial – Caso você seja eleita prefeita de Araraquara, como você acredita que será seu relacionamento com o governo do presidente Lula?
Edna Martins – Numa democracia a relação entre os entes federados deve ser sempre de diálogo, uma relação republicana na qual prevalece o interesse público.
O Imparcial – O que te motiva a disputar o cargo do 6º andar do Executivo araraquarense outra vez?
Edna Martins – O que mais me motiva é implementar um projeto para o futuro de Araraquara, com democracia, políticas públicas inclusivas, desenvolvimento sustentável, geração de emprego e renda, eficiência e modernização da gestão pública.
O Imparcial – O que o araraquarense pode esperar de Edna Martins, caso você vença a eleição?
Edna Martins – As pessoas conhecem minha história e sabem qual sociedade queremos. Temos um projeto progressista e vamos trabalhar muito, sempre ouvindo as pessoas, valorizando o diálogo e a democracia. Colocar Araraquara nos trilhos rumo à sua recuperação como cidade protagonista do interior de São Paulo.
O Imparcial – Você já escolheu o candidato ou candidata para concorrer a vice-prefeito? Pode surgir uma chapa 100% feminina?
Edna Martins – Existe um grupo significativo de membros do PSDB que fala numa chapa Edna prefeita e Massafera vice. Mas, temos conversado com outras forças políticas e podemos fazer novas composições, inclusive em uma chapa 100% feminina.