Nesta sexta-feira (29), a Prefeitura de Araraquara realizará uma solenidade que marcará a inauguração da Casa das Margaridas “Yasmin da Silva Nery”, unidade de acolhimento que oferecerá proteção especial de alta complexidade para mulheres em situação de desabrigo por abandono, migração, ausência de residência e sem condições de autossustento. A cerimônia está marcada para as 10h no próprio local, situado na Av. José Bonifácio, 2351, Jardim Morumbi.
A casa abrigo é uma demanda eleita por unanimidade na Plenária Temática das Mulheres do Orçamento Participativo. Funcionará 24 horas por dia e contará com a presença de uma equipe multiprofissional, composta por psicóloga, assistente social e cuidadoras socioeducativas. O espaço oferecerá acolhimento provisório com estrutura para acolher com privacidade mulheres com e sem filhos, incluindo gestantes, que terão de 3 a 6 meses para se reorganizarem.
A coordenadora de Políticas para Mulheres da Prefeitura, Grasiela Lima, destacou a importância da Casa das Margaridas. “Trata-se de uma política pública de fundamental importância para a nossa cidade, tendo em vista a necessidade de promover os direitos humanos fundamentais das mulheres que se encontram em situação de extrema vulnerabilidade social, especialmente nesse contexto atual de grave crise econômica e agravamento das desigualdades, uma realidade que atingiu de forma mais contundente as mulheres”, avaliou.
Ela complementa que a casa abrigará mulheres que não correm risco de morte, já que aquelas ameaçadas já contam com a Casa Abrigo para Mulheres Vítimas de Violência “Alaíde Aparecida Kuranaga”, que é um espaço de acolhimento, segurança e proteção. “A Casa das Margaridas vem preencher uma importante lacuna nos serviços socio-assistenciais existentes no município, especialmente no que se refere às mulheres, pois vai oferecer um serviço temporário, de proteção integral de alta complexidade, com o objetivo de proporcionar às abrigadas um atendimento que é qualificado para fortalecê-las e prepará-las para que alcancem condições favoráveis de se estabelecerem, obterem uma autonomia e promoverem sua cidadania em condições dignas de vida”, completou Grasiela.
O serviço de acolhimento será oferecido pela Prefeitura em regime de parceria com a OSC Samaritano São Francisco de Assis, de São Paulo, vencedora do chamamento público. O edital foi aberto com o valor total de R$ 494.616,24, para um período de 12 meses, com o objetivo de ofertar 12 vagas de acolhimento institucional. Os encaminhamentos serão feitos pelo Centro de Referência da Mulher e também pelos equipamentos da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social.
Os objetivos da Casa das Margaridas “Yasmin da Silva Nery” são: proteger a mulher e combater a continuidade de situações de violência; propiciar condições de segurança física e emocional e o fortalecimento da autoestima; possibilitar a construção de projetos pessoais visando à superação da situação de violência e do desenvolvimento de capacidades e oportunidades para o desenvolvimento de autonomia pessoal e social; garantir o acesso dos usuários ao Sistema de Garantia de Direitos e rede socioassistencial; envolvimento nas ações territoriais de prevenção e mobilização à temática de violência contra a mulher, em articulação e planejamento com o técnico da unidade de referenciamento – Creas, bem como junto à Coordenadoria Executiva de Mulheres; desenvolver condições para a independência e o autocuidado; e promover o acesso à rede de qualificação e requalificação profissional com vistas à inclusão produtiva.
A unidade de acolhimento se junta a outros dois investimentos em políticas para mulheres por meio do Orçamento Participativo, que somam um total de R$ 974,4 mil. As outras demandas atendidas pela Prefeitura foram a criação do Programa Parto Humanizado e a implantação do Projeto Quilombo Rosa (investimento de R$ 479,8 mil).
A homenageada
A casa leva o nome da jovem Yasmin da Silva Nery, indicação que foi feita pela vereadora Thainara Faria (PT). Yasmin nasceu em 14 de fevereiro de 2003, era uma estudante promissora e dedicada, bolsista em um renomado colégio particular de Araraquara e sonhava em cursar astronomia.
Fazia parte da comunidade católica da Paróquia São Francisco de Assis, no Selmi Dei, e participava do grupo de oração da Obra Shalom. Em 9 de junho de 2019, aos 16 anos, Yasmin desapareceu, fato que causou grande preocupação em toda a cidade. Foi encontrada sem vida no dia seguinte ao seu desaparecimento, vítima de um cruel feminicídio.