A possibilidade de o general Walter Braga Netto firmar um acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal no inquérito sobre a tentativa de golpe de estado no Brasil é vista como remota por aliados de Jair Bolsonaro. No entanto, sua prisão tem gerado apreensão entre militares de patentes inferiores, que podem optar por delações para buscar benefícios judiciais.
Braga Netto, ex-ministro da Defesa e vice-presidente no governo Bolsonaro, foi preso em 14 de dezembro por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Ele é acusado de obstruir investigações relacionadas ao golpe, incluindo tentativas de acessar informações sobre a colaboração de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e agora delator no caso.
Apesar da confiança de aliados de que o general suportaria um longo período de prisão, a detenção prolongada de uma figura de alta patente como Braga Netto é percebida como um sinal de alerta. Para militares de menor patente, essa situação pode funcionar como incentivo para buscar delações e, assim, reduzir possíveis penas.
O caso de Mauro Cid é emblemático nesse contexto. O tenente-coronel optou por colaborar com a Justiça para proteger sua família e garantir uma negociação mais favorável, afastando-se de sua antiga lealdade a Bolsonaro. Essa decisão tem gerado receios de que outros militares sigam o mesmo caminho.
José Luis Oliveira Lima, advogado de Braga Netto, afirmou que o general não planeja firmar qualquer acordo de colaboração premiada e negou as acusações, classificando-as como infundadas. Em sua declaração, Lima também criticou a delação de Mauro Cid, argumentando que as alegações contra seu cliente são frágeis e desproporcionais.
O desenrolar das investigações segue causando tensão no meio militar, com a prisão de Braga Netto sendo vista como um marco importante em meio à busca por responsabilização no caso do golpe de estado.