Nesta quarta-feira, dia 29 de setembro, é celebrado o Dia Mundial do Coração. O professor do curso de Medicina da Uniara, João Clima, fala sobre a vitalidade desse órgão e dá orientações de como mantê-lo saudável.
“O dia 29 de setembro foi escolhido pela Federação Mundial do Coração, com apoio das Nações Unidas, desde o ano de 2000, para comemorar o Dia Mundial do Coração. A principal importância da escolha de um dia no calendário é para que as pessoas se conscientizem sobre medidas preventivas no combate às doenças cardíacas, como avaliações médicas periódicas e adoção de estilos de vida saudáveis. No Brasil, desde 2014, esse conceito foi estendido a todo o mês de setembro e passou a ser conhecido como Setembro Vermelho”, relata Clima.
Ele conta que o coração é o primeiro órgão a se formar, logo nos primeiros dias de vida do ser humano, ainda na fase de embrião. “O coração e demais vasos sanguíneos garantem que o sangue, rico em nutrientes e oxigênio, chegue a todos os demais sistemas, nutrindo as células e permitindo que executem suas funções. Tem a função de transporte e bombeamento do sangue. Todos os outros órgãos dependem dele para o desenvolvimento e funcionamento adequados”, salienta.
Nesse contexto, perturbações ligadas a essa rede de abastecimento determinarão as mais diversas complicações, segundo o docente. “De acordo com a Organização Mundial da Saúde – OMS, as doenças cardiovasculares são a principal causa de mortalidade em todo o mundo, seguidas pelas doenças cancerígenas, doenças materno-infantis, traumas etc. Acometem, igualmente, homens e mulheres, e estão presentes em todas as faixas etárias”, aponta.
A razão mais comum para as doenças cardíacas, dentre outras, “é o acúmulo de depósitos de gordura nas paredes internas dos vasos sanguíneos”. “Apenas para exemplificar, o acidente vascular cerebral é consequência de um dano em vaso sanguíneo – oclusão ou rompimento -; a trombose venosa de uma perna consiste na oclusão de uma veia; o infarto agudo do miocárdio decorre do fechamento de um vaso – artéria coronária – que irriga o próprio coração, levando como consequência à morte de parte do músculo cardíaco, que depende desse suprimento para exercer sua função primordial de bombeamento sanguíneo”, explica Clima.
A doença cardíaca mais comum na população com risco elevado de morte é o infarto agudo do miocárdio, de acordo com o professor, “decorrente da oclusão das coronárias – artérias que nutrem o coração – a partir da formação insidiosa de uma placa de gordura”. “Sua maior prevalência é a partir da quarta década de vida, como consequência de diversos fatores que interagem entre si, como aqueles não modificáveis, entre eles, hereditariedade, menopausa e a própria idade, e a presença dos fatores modificáveis, como a hipertensão arterial, obesidade, sedentarismo, tabagismo, colesterol elevado, diabetes e alimentação não natural, desbalanceada, com predomínio de gordura saturada e excesso de sal”, afirma.
O docente alerta que as doenças cardiovasculares podem acometer todas as idades, “por meio de doenças cardíacas congênitas nos recém-nascidos; doenças genéticas com apresentação de morte súbita entre jovens e atletas, como a cardiomiopatia hipertrófica e a síndrome de Brugada; doenças infecciosas diversas, como a Covid-19, mais recentemente; doença de Chagas e periodontais, entre outras; doenças resultantes da aterosclerose – deposição crônica de gordura na parede dos vasos -, como a dissecção da aorta; acidente vascular cerebral; isquemia mesentérica etc.”.
A pandemia, aliás, influenciou direta e indiretamente na morbimortalidade das doenças cardíacas, de acordo com Clima, à medida em que muitos pacientes deixaram de procurar assistência médica no tempo adequado, “devido ao receio de contraírem infecção pelo novo coronavírus nos ambientes de assistência médica”. “Da mesma forma, a mudança do estilo de vida provocado pela pandemia, como o isolamento social, o aumento dos transtornos de ansiedade e depressão e, consequentemente, maior sedentarismo e obesidade, ajudaram a elevar o patamar de risco das diversas doenças cardíacas”, aponta o docente.
Como orientações para se manter o coração e todo o sistema circulatório saudável, Clima coloca que é importante a adoção de medidas preventivas, como visitas médicas periódicas e mudanças no estilo de vida, com combate à obesidade e ao sedentarismo, por meio de práticas de atividade física regulares, estímulo à alimentação saudável com ingestão de legumes, verduras e frutas, e redução do consumo de sal, controle dos níveis lipídicos – colesterol e triglicérides – e do estresse, além do enfrentamento do diabetes e da cessação do tabagismo.
“Foi por meio dos avanços dos estudos de Framingham, na década de sessenta, que se começou a entender que reduzir os tradicionais fatores de risco para doença cardiovascular, como os já citados, reduziria a mortalidade cardíaca. Aprendeu-se, nesses anos todos, que os fatores de riscos não são aditivos, muito pior, são multiplicativos, e que vale a pena combatê-los para a redução do risco de morte global”, destaca o professor.
Clima esclarece que, assim, “observa-se o quanto é motivador o controle individual de qualquer fator de risco, aliado à informação de que o benefício de seu controle não será pontual para a circulação sanguínea, desse ou aquele órgão, mas sim extensivo para todo o organismo”. “Destaca-se que a prevenção é, economicamente, mais em conta do que o tratamento, pois o controle da maioria dos fatores está ao alcance de todos”, finaliza.