Início Araraquara Que se dê valor as sementes…

Que se dê valor as sementes…

Artigo

Maria Aurélia Minervino

Falar sobre Araraquara em seu aniversário de 207 anos é lembrar um pouco de seu passado e de sua gente. Gente essa, que com muita luta, construiu suas histórias, caminhando passo a passo, com a cidade que florescia.

Assim lembrando foi através do sonho de uma mulher determinada e inteligente, que com sua mente brilhante, um dia resolveu homenagear a cidade que a acolhera e em um caderno, foi juntando frases em rimas. Era na realidade, um pouco da história de Araraquara.  Mas, faltava alguma coisa, ritmo… Sentada ao piano, foi procurando notas e notas que dessem musicalidade para aquelas palavras. Foi nesse dia que Aparecida Jesus de Godoy Aguiar, a nossa doce D. Cida criou o maravilhoso Hino de Araraquara. Hino, este tocado em todas as festividades da cidade.

Mas ela não parou aí!

Com sua habilidade para a escrita, resolveu dar de presente para Araraquara, um local onde pudessem se reunir pessoas interessadas em falar de literatura, escrever poesias, contos e quiçá livros. Um lugar onde as flores, borboletas, céu e mar criassem vida e fossem transformadas em versos… Onde as crianças não perdessem sua inocência e os sentimentos brotassem singelamente, com o calor do coração.  Foi então que nasceu a Associação de Escritores de Araraquara – AEAR.

Com sua mente prodigiosa, e com o afã da criação procurou membros para participar, fazendo reuniões na Biblioteca Municipal, após seu pedido por um pequeno espaço nunca ter sido atendido, pela Prefeitura Municipal. Cultura e Educação no Brasil são deixadas de lado por próprio oportunismo, para o bem da ignorância.

Entretanto, ainda que com tantos desafios, nunca se deu por vencida. Se não havia dinheiro ia atrás de patrocínio. Buscava Editoras mais baratas e colocava todos os associados para escrever. Versos diferentes de pessoas diferentes pousavam como pássaros nas páginas brancas do livro, cada um com sua mensagem, como os de pessoas especiais como do Senhor Dario Gonçalves da Silva e de Seu Mauro Rodrigues dos Santos (em memória). Dela mesma nasceram muitos versos, histórias, filhos da alma sensível, que ela possuía.

 A todos que participavam da Associação sempre havia uma palavra de estímulo, um carinho…

Com o tempo, já um tanto debilitada queria muito criar uma Academia de Escritores em Araraquara, oriunda das sementes da antiga Associação e seus primeiros membros, como homenagem as primeiras lutas… E assim foi feito com a presença de pessoas influentes na cidade, que foram empossados.

Unir a Associação e seus membros à Academia é um mérito que ela merece, e espera, para que não haja divisões e que todos sintam prazer em participar.

Infelizmente, no último evento, dia 10 de agosto, para se empossar novos membros, D. Cida não pode ir, e o que deveria ser um dia muito feliz para ela, se tornou um dia comum. Ela sempre foi de uma simplicidade única e não se importa como muitos, a lugares de destaque. porém pelo seu merecido valor será que houve flores para ela? Aplausos?  Durante o hino que ela compôs foi homenageada? O que foi dito no evento sobre essa mulher fabulosa?

Aplausos tardios para ela…

Que se dê os “louros” para quem merece.

E que a semente, plantada por ela se torne uma bela árvore de conhecimento e que seu nome: Aparecida Jesus de Godoy Aguiar, nunca seja esquecido.

 

Redação

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