Odebrecht e corrompidos
A Polícia Federal cumpriu nessa quinta-feira (8) nove mandados de busca e apreensão no estado de São Paulo. A operação, batizada de Armistício, faz parte de inquérito que investiga o senador Romero Jucá (MDB-RR) por recebimento de propinas da Odebrecht.
Os subornos teriam sido pagos em 2012, para que Jucá ajudasse a aprovar uma resolução do Senado que buscava restringir a guerra fiscal nos portos brasileiros. O texto unificava alíquotas de ICMS praticadas pelos estados, o que beneficiaria a Odebrecht.
Segundo a PF, os pagamentos indevidos, de R$ 4 milhões, teriam sido pagos pela empreiteira, “que tinha interesse na edição do ato”.
O caso foi delatado por três executivos do grupo. Os valores teriam sido entregues em espécie ao congressista.
Já começou errado
Escolhida para assumir o Ministério da Agricultura de Jair Bolsonaro, a deputada Tereza Cristina (DEM-MS) admitiu, ontem (8), ter negócios com o grupo JBS, mas negou haver conflito de interesses. “Eu tenho uma propriedade, um condomínio com meus irmãos, sou inventariante e minha família arrenda um confinamento para a JBS, que é do lado da nossa propriedade. Isso há muitos anos”, disse. Cristina afirmou que tem participação de um quinto na propriedade arrendada ao grupo. Ela, porém, negou conflito de interesses e disse não haver desconforto em assumir o ministério. “Só se eu fizesse alguma coisa escondida. Está tudo dentro da lei, com contrato assinado, não vejo nenhum problema. Se o presidente me perguntar, estão lá os documentos.” A deputada também admitiu ter recebido, indiretamente, recursos do frigorífico.
Fala reprovada
“Lamentável a fala do novo secretário estadual da Agricultura, ruralista Gustavo Junqueira, sobre a reforma agrária e o MST, ao classificar a primeira de obsoleta e o segundo de movimento terrorista. Certamente ele não tem conhecimento aprofundado do trabalho nos assentamentos, que produzem 70% dos alimentos que chegam à mesa dos paulistas e das dificuldades para produzir. Também, não conhece a importância do MST para a efetivação da reforma agrária e para que terras ociosas – e cujos donos devem fortunas ao estado – cumpram sua função social. E para a afirmação da própria democracia.
Não há mais espaços na sociedade para análises excludentes e superficiais. A questão da terra e sua destinação merecem atenção para que os temas em questão não sejam tratados de forma preconceituosa e, sim, com a devida importância que têm.
Nosso mandato seguirá na defesa e na valorização dos assentamentos, da reforma agrária e dos movimentos sociais pela terra buscando o diálogo e o entendimento com o governo e com a sociedade”, ressaltou a deputada estadual Marcia Lia (PT).