Suze Timpani
Após manobra da base do governo, na sessão da Câmara Municipal dessa terça-feira (17), para jogar “goela” abaixo da oposição a venda do Clube Estrela para o DAAE por mais de R$ 6 milhões, sem ao menos uma previsão orçamentária, uma representante da Atlética Ferroviária, que também está na lista de vendas do executivo, vai ao Ministério Público para que a área não seja alienada.
A ex-presidente da Atlética e atual diretora das categorias menores, Cidinha Pavanelli, que está a frente do movimento “Viva Atlética”, esteve novamente na redação do O Imparcial para passar novas informações, deixando claro o descaso do poder público e seus representantes para com o futebol amador da cidade.
Segundo uma entrevista do prefeito Edinho Silva à rádio Web da prefeitura, onde ele afirmou que o último campeão do futebol amador na cidade teria sido o Jardim Hortênsias, quando na realidade o vitorioso foi o time do São Rafael, Cidinha resolveu fazer um levantamento da situação atual do amador da cidade. Ainda segundo ela, essa gafe do prefeito mostra a importância dada pelo poder público com o futebol da cidade, que eles insistem em dizer que existe legalmente.
Em 30 de janeiro de 2018, Edinho Silva, o vereador Zé Luiz (PPS), o secretário de Esporte e Lazer Everson Inforsato (Dicão) e o presidente da Lefemara (Liga Esportiva de Futebol e Eventos do Município de Araraquara), Ronaldo Soares, participaram de uma reunião que tratou dos detalhes do planejamento para este ano, desde os torneios de categorias de base até o campeonato amador principal.
Acontece que o Ministério Público do Estado de São Paulo determinou que as ligas organizadoras e clubes participantes dos campeonatos precisam estar com todos os documentos em dia. A Lefemara, por ser uma instituição privada, constituída de CNPJ, mostrou essa documentação, porém ela não é registrada na Federação Paulista de Futebol.
Quem é detentora desse registro é a Liga Araraquarense de Futebol (LAF), que há muitos anos é cadastrada, mas também está irregular, por falta de pagamento. A LAF representou no seu último registro 61 times de futebol que englobavam cidades como Matão, Trabijú, Motuca, Américo Brasiliense, Descalvado e Gavião Peixoto. Acontece que todos esses times, teriam que competir em um campeonato amador oficializado pela Federação Paulista de Futebol, o campeão e o vice conquistariam o direito para disputar o campeonato amador do estado de São Paulo, só que não disputam isso desde 2015.
Cidinha afirma que dos 18 times que disputaram o campeonato em 2017 pela Liga, apenas 9 tem registros na federação na última lista representado pela LAF, portanto, um campeonato irregular, não reconhecido pela Federação Paulista, desde 2015.
As perguntas que ficam são: “onde está a maioria dos times que o prefeito diz que discute e apoia a venda da Atlética e onde foi parar o restante?
Eles sabem que não há campeonatos oficiais na cidade reconhecidos pela Federação Paulista de Futebol? Então está faltando apoio realmente, ninguém quer disputar um campeonato irregular, a estratégia está errada”, afirmou ela. Muitos atletas preferem disputar por cidades que existem Ligas de Futebol regulamentadas e reconhecidas pela Federação Paulista de Futebol.
Cidinha afirma ainda que a partir do momento que o prefeito diz estar discutindo com as ligas “ele está discutindo com quem?”, a Lefemara não tem legitimidade e nem cadastro na Federação e a Liga Araraquarense de Futebol não enviou a ata denominando seu atual responsável. Ela diz ainda que os vereadores que se dizem ligados ao esporte amador, deveriam fiscalizar e apontar isso, e cobrar do Secretário de Esportes, até porque, agora cabe ao Ministério Público cobrar essa postura do município.
Todas as informações dadas pela diretora e ex-presidente da Atlética são públicas e estão no site da Federação Paulista de Futebol, relacionadas a amadores e ligas.
Toda a documentação levantada será entregue ao Ministério Público, pois a Liga deverá informar a Federação o seu novo representante, onde alguém assumirá provisoriamente a presidência, até que seja feita uma nova eleição para escolher um novo responsável pela LAF. Essa nova diretoria terá que se comprometer em acertar os débitos para que assim, o campeonato amador da cidade volte a ser oficial e desperte o interesse dos atletas que também queiram visibilidade no futebol do Estado.
Cidinha acredita também ser de suma importância que seja instaurada uma Audiência Pública, inclusive com a presença do promotor, para que tudo seja feito com transparência. “Não sabemos para quem será vendida a Atlética, qual o valor ou se os atletas e os times terão campos com dimensões oficiais? Qual o custo orçamentário em projeto que cada campo a ser destinado custará ao município? Qual o critério de entrega para os bairros? Quem do bairro será responsável legalmente e o que acontecerá, caso não seja mantido em ordem? O imóvel é da prefeitura, portando todos temos o direito de saber o porque de sua venda e quem está interessado”, finalizou a ex-presidente.
Foto: André de Souza/Jornal O Imparcial