“Há 150 anos, em 30 de janeiro de 1868, no mesmo local de nascimento da cidade de São Paulo, o Pátio do Colégio, nascia um dos mais lembrados ícones da constelação ferroviária americana e do empreendedorismo pátrio”, lembrou Sérgio Feijão Filho, diretor da Associação de Preservação da Memória Ferroviária (APMF). “A constituição da CPEF marca o início do ferroviarismo genuinamente paulista, concebido e empreendido por paulistas e brasileiros”.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate, fez um retrospecto da importância histórica da Companhia: “Seu primeiro trecho, entre Jundiaí e Campinas, foi inaugurado em 1872 e levou apenas dois anos para ser construído. Em 1880, ao chegar a Rio Claro e Mogi Guaçu, já somava 223 quilômetros em bitola larga. Em 1892 adquiriu a bitola métrica de Rio Claro a Araraquara e Jaú. Alargou a bitola, eletrificou os principais trechos e inovou na administração e na operação. Com o rigor nos serviços, expresso pela pontualidade, segurança e conforto, foi denominada ferrovia-padrão no mundo”.
Renovação da Concessão
Atualmente, a Rumo está em avançada negociação com o governo brasileiro para renovar antecipadamente a concessão da Malha Paulista, uma das quatro malhas ferroviárias sob sua gestão. Assim, o contrato original, que termina em 2028, se estenderia por mais 30 anos, até 2058. Esse processo encontra-se em linha com o planejamento estratégico da Companhia, que prevê cerca de R$ 6 bilhões em investimentos para ampliar a capacidade da Malha Paulista em 150% – dos atuais 35 milhões de toneladas/ano para 70 milhões de toneladas anuais.
“Os trilhos da antiga CPEF, que começou fazendo o transporte regional de café, importantíssimo na época, hoje têm uma dimensão muito maior”, afirma Fernando Paes, diretor-executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários, ressaltando a importância da renovação da concessão. “A Malha Paulista transporta até Santos produtos do próprio Estado de São Paulo, mas também originários do Centro-Oeste e, futuramente, da Ferrovia Norte-Sul. Trata-se, portanto, de uma ferrovia de importância nacional”.
Guilherme Penin, diretor institucional e de regulação da Rumo, explicou que, atualmente, do volume que chega à Santos, 70% vem por meio de rodovia e apenas 30% por ferrovia. “A Rumo tem um plano estruturado para inverter essa razão, que envolve o aumento da capacidade da linha-tronco da Malha Paulista e também a reativação dos ramais de Panorama e Barretos, retomando o transporte regional”, diz Penin. “Esses investimentos são fundamentais para que São Paulo consiga ter uma ferrovia à altura de sua economia, da importância do nosso Estado e da relevância do Porto de Santos para o comércio exterior brasileiro”.