O tradicional Baile do Carmo, uma das manifestações de cultura negra mais antigas e importantes do Brasil, realiza sua 137ª edição entre os dias 8 e 13 de julho. A festa é considerada a mais sólida manifestação da cultura negra do interior paulista e ainda mantém a tradição, pois carrega uma história marcada pela opressão racial, mas também pela superação e pelo glamour ao longo do tempo.
Há 37 anos, o evento está sob a coordenação de Daniel Amadeu Martins Filho, o Costa, presidente da Associação para Preservação, Resistência e Resgate da Cultura Afro-brasileira de Araraquara (APPRECABA).
Costa conta que, em meados do século passado, quando os negros não podiam ocupar os mesmos espaços que os brancos (inclusive os destinados ao lazer), havia um quilombo no bairro do Carmo, onde hoje está localizado o SESC. “Lá vivia o negro Damião, que passava por um período de banzu e sonhou que Nossa Senhora do Carmo dizia para ele parar de sofrer e festejar. Desde então, foi criada uma festa para que os negros dançassem e cantassem. Porém, quando o capitão do mato soube, mandou cortar as pernas de Damião, para que ele não dançasse mais. Ainda assim, mesmo com a punição imposta a Damião, a tradição se manteve sempre nas proximidades da data da santa, em meados de julho. Hoje, são 137 anos ininterruptos de resistência”, relata.
Mesmo durante a pandemia, a tradição foi mantida com uma live e um Baile Virtual, para que a celebração não se perdesse.
Alessandra Laurindo, convidada para coordenar a parte cultural desta edição do evento, ressalta a importância de relembrar que a Festa Baile do Carmo foi reconhecida como patrimônio cultural da cidade. “Acredito que é um bom momento para que os frequentadores de Araraquara voltem a ter o devido carinho por essa tradição histórica tão simbólica da nossa cidade”, comenta.
A edição deste ano é realizada de 8 a 13 de julho, com uma programação que inclui feijoada, futebol, música e algumas novidades, como um café da manhã para os participantes do Baile de Gala e a possibilidade de levar um jovem menor de 18 anos para conhecer o evento.
Haverá também uma homenagem, durante a feijoada, a uma família araraquarense, entre outras surpresas.