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Sesc Araraquara recebe o espetáculo amazonias – ver a mata que te vê [um manifesto poético], que propõe reflexões sobre essa região fundamental para o planeta

Idealizado pelo Sesc São Paulo, protagonizado por jovens crescidos, em sua maioria, nas periferias de São Paulo, e com direção de Maria Thaís reunindo linguagens como teatro, dança, música e audiovisual, montagem circula por unidades no interior e litoral em abril e maio, após temporada na capital paulista

No último final de semana de maio o Sesc Araraquara apresenta o espetáculo “amazonias – ver a
mata que te vê [um manifesto poético]”, montagem que mescla linguagens artísticas como
teatro, dança, música e audiovisual, com o objetivo de propor um diálogo sobre as amazônias,
suas histórias, seus povos e suas culturas
Trata-se de uma proposta do Sesc São Paulo, conduzida pela diretora teatral e pedagoga Maria
Thaís, que nos meses de abril e maio percorreu as unidades do Sesc em Guarulhos (1 e 2/4),
Sorocaba (15 e 16/4), São José dos Campos (29 e 30/4), Santos (13 e 14/5) e agora encerra essa
temporada nos palcos do Sesc Araraquara em duas apresentações, nos dias 27 e 28/5.
A venda de ingressos terá início no Portal do Sesc na próxima terça-feira (16/5) a partir das 12h.
Presencialmente os ingressos podem ser adquiridos a partir da quarta-feira (17/5), às 17 horas. O
valor dos convites varia entre R$10 e R$30 reais.
No domingo (28/5), às 11 horas, haverá um encontro com o público, quando os jovens criadores
que participam do espetáculo, juntamente com a diretora teatral e pedagoga Maria Thaís,
refletem sobre as experiências e escolhas artísticas que nortearam a construção do projeto
“Amazonias – ver a mata que te vê [um manifesto poético]”.

E como prólogo do espetáculo, a partir das 19h30, o artista amazonense Odacy Oliveira,
apresenta “Salto no Vazio”, performance aberta ao público, que acontece em uma árvore da área
externa do Sesc, desenhando linhas de movimento que se entrecruzam com troncos, galhos e
cipós, compondo quadros que evidenciam as geometrias, contornos e torções desses corpos.
“Sob os ecos da floresta, fizemos um chamamento público aos jovens para uma residência
artística. Da semente do coletivo, raízes foram crescendo e trançando corpos pretos, indígenas e
brancos, rompendo as bordas das cidades grandes, os fios invisíveis que insistem em separar um
país”, comenta Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo. “O resultado desse processo
só poderia ser um convite à epifania coletiva, à catarse do encontro e do deslumbramento,
capazes de sensibilizar as gerações atuais e futuras para a importância da preservação, do
conhecimento e da ampliação da floresta, seus mistérios, suas gentes e saberes”, complementa.
Jovens residentes – O projeto é o resultado de uma extensa produção coletiva e residência
artística com foco nas amazônias, realizada ao longo de seis meses com 35 jovens criadores entre
16 e 20 anos, crescidos em grande parte nas periferias de São Paulo e selecionados
especialmente para o projeto. Um elenco diverso, formado em sua maioria por negros, além de
integrantes brancos e indígenas.
Para se chegar a esse grupo, foi realizado um chamamento por meio das redes do Sesc e de
organizações que atuam com a juventude. A produção recebeu cerca de 200 inscrições, via
preenchimento de um formulário e o envio de um vídeo em que eles se manifestaram
artisticamente. No total, foram selecionados 120 jovens para entrevistas, sendo que 80 partiram
para um processo de trabalho com a equipe, coordenada por Maria Thaís, para que fossem, ao
final, escolhidos 40. Destes, 35 seguiram na residência e integram o elenco.
Formado o grupo, a diretora Maria Thaís ressaltou que “estava menos interessada em descobrir
talentos, e sim em perceber a capacidade de aprendizagem, de enfrentar o material, de se colocar
na frente de uma criação coletiva”.
Trabalho coletivo – Para dar vida ao espetáculo, a dramaturgia desenvolveu-se a partir de três
eixos principais: a orientação da equipe criativa abrangendo dança, teatro, música e palavra; as
contribuições para o pensar das “amazônias reais”, vindas do encontro com especialistas
convidados ao longo do processo e, complementando, as próprias vivências dos jovens que
participam do projeto. Importante ressaltar que o grupo selecionado contribuiu diretamente para
a construção do espetáculo, seja na elaboração das cenas ou na criação das músicas e
coreografias.
Árvore invertida – o pensamento dramatúrgico baseado na estrutura de uma árvore invertida
como um elemento simbólico. “Entendemos a raiz como um lugar de existência não observada. Já
o tronco seria aquilo que se manifesta no mundo, o bem e o mal, a cidade e a mata, a cidade
matando a mata. Por fim, a copa é de alguma maneira esse lugar dos rios voadores, simbolizando
que o que está embaixo, está em cima”, analisa a diretora.
Parte desta visão surgiu após uma viagem de Maria Thaís à Amazônia, antes da existência do
projeto. “Entrei de canoa no Igapó, que é quando a floresta está inundada. E, neste passeio, você
vê o mundo como se estivesse invertido, com o céu refletido na água. Foi quando entendi esse
mundo meio ‘desentendido’, que não tem ordem entre céu e terra,

o que a gente vê não é
necessariamente o que ele é”, explica a diretora.

Essa experiência culminou também com a criação do subtítulo do espetáculo, “ver a mata que te
vê”. “Quando saí dessa experiência, tinha a sensação física de quando você entra na floresta, você
também está sendo visto. O título ficou guardado e foi retomado no projeto amazonias por
traduzir a possibilidade de uma relação”.
Cenografia – A encenação abre mão da quarta parede e o palco e plateia do Teatro Paulo Autran
estarão integrados por passarelas laterais e central. Na cenografia, criada por Márcio Medina, há
também elementos que fazem esse papel, como um céu pintado em tecido de voil, que em
determinado momento, se estende sobre o espectador.
Há ainda vasos de plantas espalhados pelas cadeiras em forma de serpente, em alusão a uma
imagem recorrente nas culturas amazônidas. Completando essa espiral, projeções exibirão cenas
do processo de trabalho, além das “amazônias identificadas” – inclusive as manifestadas nas
cidades – por meio de tecidos que envolvem o palco para receber imagens, destaca a diretora.
Música – A trilha sonora que envolve as cenas é caracterizada pelo imaginário sonoro que vem da
Amazônia e de São Paulo. As músicas, em sua maioria, são obras que já existem e que foram
recriadas, indo do carimbó ao bregafunk, num processo conduzido pelos compositores Morris e
Marcelo Nakamura
Três músicas foram criadas em grupo, todas interpretadas ao vivo. A diretora Maria Thaís destaca
que “toda a expressão desse universo dos sons se deu a partir de um processo rico de polinização
cruzada entre as muitas amazônias ouvidas e as cacofonias das múltiplas São Paulo,
experienciadas pelos jovens criadores a partir das culturas sonoras deles”.
Equipe – Por fim, é imperioso destacar que um espetáculo desta envergadura é resultado do
trabalho de diferentes núcleos criativos. O Núcleo de Dramaturgia é formado por Murilo de
Paula, Marcia Kambeba e Rita Carelli. O Núcleo de Movimento é composto por Rubens Oliveira e
Odacy Oliveira. O Núcleo de Visualidades reúne Naine Terena, Márcio Medina, Wagner Antônio,
Jennifer Ramos e Willame Leite, Patrícia Gondim, Tiça Camargo e Edlene Sousa e se articula
diretamente com o Núcleo audiovisual conduzido por Ubiratan Suruí e Yghor Boy. O Núcleo de Música e Sonoridade é dividido entre Marcelo Nakamura e Morris.

FICHA TÉCNICA
NÚCLEO DE DIREÇÃO ARTÍSTICO-PEDAGÓGICA
Direção: Maria Thaís
Assistência de Direção: Otávio Oscar
Assistência Pedagógica e Coreográfica: Silvana de Jesus
Direção de Palco: Aelson Lima
NÚCLEO DRAMATURGIA
Márcia Kambeba, Murilo de Paula e Rita Carelli
NÚCLEO DE VISUALIDADES
Consultoria: Naine Terena
Cenografia: Márcio Medina
Figurinos: Jennifer Ramos e Willame Knowles

Objetos Cênicos: Patrícia Gondim
Visagismo: Tiça Camargo e Edlene Sousa
Iluminação: Wagner Antônio
NÚCLEO DE MÚSICA E SONORIDADE
Direção Musical: Marcelo Nakamura e Morris
Canto: Marcelo Onofri
Desenho Sonoro e Coordenação Técnica de Áudio: Kako Guirado
NÚCLEO AUDIOVISUAL
Documentação do projeto e Captação de vídeos para cena: Yghor Boy e Ubiratan Suruí
Edição de Vídeos para cena: Yghor Boy
Video Mapping: Clara Caramez e Ihon Yadoya – Rizomatique
NÚCLEO DE MOVIMENTO E COREOGRÁFICO
Dançarino Convidado: Odacy Oliveira (Performance Salto no Vazio)
Coreografia: Rubens Oliveira (Mata-Cidade-Mata’ e ‘Canoa dos Povos’)
Assistente: Hallison
Alinhamento Corporal: Dória Gark
Kempô: Ale Gusmão, Ciro Godoy e Mavut Santana
Butô: Eduardo Fukushima e Emilie Sugai
NÚCLEO SOCIAL
Coordenação: Cleo Regina Miranda
Equipe: Luis Nogueira (Psicanalista) e Simone Gama (Psicóloga)
NÚCLEO DE PRODUÇÃO
Direção de Produção: Julia Gomes
Produção Executiva: Marita Prado
Produção de Figurinos: Roberson Lima
Produção Administrativa: Digo Amazonas
ATUANTES
Anna Chaves, Breno Luan, Cailane Jesus, Clara Beatriz, Estevan Vital, Eyberth Montoya, Gabriel
Vilar, Gabrielli Lopes, Gregório Musatti, Gumball Portela, Hallisson Ferreira, Igor Lira, João Victor
Pereira, Kalu, Karol Mikaelly, Kuaray Turiba, Leone Lage, Letícia Progênio, Lívia Giorgi, Marcus
Paulino, Mari Poty Silva, Maria Eduarda Ferreira, Maria Eduarda Lopes, Matheus Sena, Melissa
Leal, Murilo Bratti, Nathália Elizabeth, Nathaly Braga, Rayssa Rodrigues, Ryan Malves, Sabrina
Charlott, Sam Aleha, Stephanie Rosário e Tankian e Veneno Gu.
ATUANTES CONVIDADOS
Jana Figarella, Odacy Oliveira, Palomaris e Sandra Nanayna

Redação

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